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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

HUGO MUND JÚNIOR

 

Nació  en 1933 en Mafra, en el Estado de Santa Catarina. Hijo de emigrantes gernano-polacos que se establecieron en el sur del Brasil a finales del siglo XIX. Su interes por la litertura y la artes plásticas le llevaron  a cursar estúdios em Rio de Janeiro en la Escuela Nacional de Artes Plásticas. Más tarde, se trasladó a Brasília donde realizo fecundos trabajos artísticos.  Autor de varios libros poesía  además de participación en exposiciones y revistas literarias con poemas visuales. 

Vean poemas visuales del autor: HUGO MUND JR

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   /   TEXTOS EN ESPAÑOL

 

  

 

De

VÉSPERA DO CORAÇÃO

São Paulo: Massao Ohno Editora;

Fundação Catinense de Cultura, 1986

 

 

            CELEBRAÇÃO

 

         Pássaros de altos vôos desabam

na incontida celebração da argila

fazendo-se ânfora, a estrênua

ânfora do corpo que guarda

o hálito, a semente e o gosto.

A mão se afeiçoa à ferramenta,

a pele, ao sol, o coração, à lua,

o sangue à paixão de algo

que transcende o mero afeto

Os pássaros, no entanto, assistem.

De seus olhos descem cismas,

cinzas que abafam suas vozes.

 

 

UM ÚNICO VERSO

 

Um único verso sustenta

o equilíbrio do pássaro,

celebra a queda da folha

ao chão, brilha no coração

ilícito. Um único verso

sangra o papel em branco.

 

 

REGAÇO DAS ÁGUAS

 

VIII

 

Desnuda extensão, o corpo, confinado

entre vales e montes, sedimenta]

o desejo, velho mistério a crescer

mostrando o vazio do seu percurso.

 

VÉSPERA DAS ÁGUAS

 

Apenas a rosa transgride o delírio

deste céu inóspito.

As chuvas foram suspensas,

a vez, agora, é das nuvens secas.

Opaco, o coração exsuda

o ocre no lugar do verde, fumos

acinzentados vales.

A sombra tem sabor de mormaço,

névoas esterilizam o azul,

um sufoco oscila entre trapos:

outubro, véspera de ti nas águas.

 

 

         Véspera do Coração (1986)

 

 

 

 

MUND JUNIOR, HugoAs Vozes do Juramento.  Ilustrações de Rodrigo de Haro.Florianópolis: Editora Noa Noa,   1987.  43 p. 16,5x24,5 cm  Edição artesanal, Tiragem: 500 exs. Capa de Cleber Teixeira, “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

                   VI

Mediador entre o santo e o maligno,
confinado no reino intermediário,
funde o poeta os opostos, fechando
os olhos ao infinitamente molesto.
Desfaz-se a severa imagem
do conhecimento, importa apenas
esta aragem que refresca
o pleno domínio do remoto.
Ao som da harpa o duradouro acorda,
Lembrando agora o que não foi dito:
Um ramalhete de flores
colhido por mão de criança.
Certamente nenhuma palavra registra
O que de ignoto na voa ressoa.

 

 

VIII

 

No vestíbulo do arquétipo,

a cristalina redoma do arcano

encerra a verdade completa.

A insuficiência terrena

                   torna maior o homem,

                   o necessário se sobrepondo

                   à toda ciência enferma.

                   Sem cessar persiste o sono,

                   mas a direção que progride

interroga o flutuante enigma.

Na mais remota divisa

surge o espanto, este esquivo

saber criado pelo encanto.

 

 

MUND JÚNIOR, Hugo.  Cósmica província.  Poesia  1986-1991.  Florianópolis: Editora da UFSC, 1992.  144 p. 12,5x21 cm.   “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

                        TEMPO

 

Voa o tempo que nos faz.

Quando feitos, acabamos

para o brilho. É a luz

que, por dentro, nos refaz.

 

 

AS CONSEQUÈNCIAS DO TEMPO

 

Duas asas guardam o velho retrato,

um detalhe banal na moldura

que disfarça as conseqüências do tempo.

Morrer em abundância lírica

e depois há uma figura produzida

em cada modelo de indolência.

Essa duração de azar te celebra,

duplicando a perda dos teus gastos,

um alerta que chega por dentro

mostrando os custos de tão poucos ganhos.

 

 

VÊNUS TARDIA

 

Pérfido, aquece o verão esta chama,

extrema euforia sustentada por Vênus,

fábula que aflige a carne madura.

 

Derrota o sol a excessiva indulgência

do coração afogado na embriaguez

que não quer saber do seu outono.

 

Na duração da incógnita, o enjôo do fruto.

Este é o lugar da víbora e da pomba,

risco de insulto no irrevogável impulso.

 

                   Cósmica Província  (1992)

 

 

MUND JÚNIOR, HugoGrifos & Emblemas.           Florianópolis: Editora da UFSC, 1987.   83 p.  12,5x21 cm  “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bib. Antonio Miranda

 

 

TRAJETO DO ENIGMA

 

A esfinge hierática

contempla o espaço

da dança, o trajeto

circular do enigma.

 

O absoluto é a única

razão que proclama

a regência do mel

e da fartura agora.

 

Triunfa a fonte

aurífera do sol,

a fléxil natureza

firma-se no verde.

 

Nenhuma rosa quer

o perfume intacto,

cândido esplendor

anima a violeta.

 

Emblemático, o ser

embosca o grifo,

desnudando a glória

do memorável mito.

 

 

                            Grigos & Emblemas (1987)                      

 

 

 

 

APOGEU

 

Há um itinerário que te afasta do sonho,

a deslumbrante certeza do próprio instante.

 

Sobra-te a dignidade, algo muito próximo

do grito que configura o desespero.

 

Os dons da vida não se ajustam à permanência,

nenhuma destreza impede que o regozijo acabe.

 

 

                   Aromas e Loares (1997)

 

 

 

MUND JUNIOR, HugoExercício em branco.  Estudo introdutório de José Santiago Naud.  Brasília: Thesaurus, 1986.  79 p.   10,5x21 cm.   “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

                        assinaturas

                    (fragmentos)

 

os admiráveis órficos

provam a alegria

dos primeiros deuses

 

o imperecível

faz nascer asas

em nossos pés

 

no ilimitado não há

princípio e isso é

o divino — a alegoria

 

aquilo que emerge

e cresce a partir

de cada um de nós

 

*

 

de todas as raças nascido

astros como lares numinosos

e toda mudança repentina

de rapaz para menina

pedralplanta peixe e ave

o excelso produz o pólen

que sublima ardor e lume

por vezes escuro regredir

de lixo amanhã perfume

 

MUND JÚNIOR, HugoFlauta de Espuma.  Apresentação de Silveira de Souza.  Brasília: Lavras Editora, 1986.  76 p.  10,5x21 cm.  “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bib. Antonio Miranda

(fragmentos)


          a trama da noite escande
          o corpo na sombra espessa
          assomam escamas e dardos
          enchendo a taça ilícita
          liquens consomem o dia
          um fruto madura no escuro

*

          o olho acolhe a imagem
          que a luz no ar modula
          seja nuvem ou espuma
          esteira de areia branca
          franja de onde mansa
          beirando o oval da concha

 

 

MUND JUNIOR, HugoÍcones da Terra.  Prólogo de Anderson Braga Horta.  Brasília: Thesaurus, 1985.  72 p.  (Série Altiplano, 2)  10,5x21 cm.  “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bib. Antonio Miranda

(fragmentos)

verde vale
vereda da relva
velada leitura
ver a ternura
na tela do verde

*

abismos solúveis
na cisma da mata
traços audíveis
de aves em cantos

insetos pulsando
na funda ramagem
conluio abafado
das várzeas mofadas

mormaço nas folhas
dos galhos partidos
o faro dos bichos
sumiço das tardes

 

MUND JUNIOR, HugoEspelho ardente. Divina metamporphosis.  Apresentação Walmir Ayala.   Brasília: Thesaurus, 1985.  70 p.   10,5x21 cm “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bib. Antonio Miranda


emudecidos e fluentes
dedos percorrem
sítios eflorescente
          ao menor toque
          sulcos e saliências
          acodem pressurosos
recantos velados
mostram franquias
receptivas e dóceis
          vertentes sombrias
          indicam apoios
          ignotas acolhidas


MUND JR., HugoMedusas.  Florianópolis: Edições Sanfona, 1985.  8 p. sanfonadas 14x21,5 cm.  “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bib. Antonio Miranda

 

1

fêmeo efêmero
perfuma o luar do brejo
beira de praia inconclusa
na vinda da maré tardia
lívida onda transluzindo
azul no cristal da medusa


4
garço cristal
crespo e alerta
esconde o mar
fléxil espada
peixe sereno
mudo a nadar

 

MUND JÚNIOR, Hugo.  Poesia reunida.  Introduçao e posfácio por Lauro Junkes. Florianópolis: Academia Catarinense de Letras, 1997.  368 p.  (Coleção ACL, 13)  .  “ Hugo Mund Júnior “ Ex. bib. Antonio Miranda

ARTE POÉTICA

 

Nossa antiga arte

proclama o gênio,

o fluxo sem rumo

do éter, o giro

elementar da dança,

o afago no lugar

da ordem, a pluma

ferindo o granito.

O inefável solicita

apenas o convívio,

o fogo cerca tudo

no amoroso jogo

do espírito, assim,

o verso desnuda

o óbvio, mostrando

o desafio do abismo.

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

Extraídos de la
ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA
Org. Trad. de Xosé Lois García
Santiago de Compostela: Edicións Laiovento, 2001.

 

 

 

TRAYECTO DEL ENIGMA

 

La esfinge hierática

contempla el espacio

de la danza, el trayecto

circular del enigma.

 

Lo absoluto es la única

razón que proclama

la regência de la miel

y de la abundancia ahora.

 

Triunfa la fuente

aurífera de sol,

la flexible naturaleza

se reafirma en lo verde.

 

Ninguna rosa quiere

el perfume intacto,

cándido esplendor

anima la violeta.

 

Emblemático, el ser

esconde el enigma,

desnudando la gloria

del memorable mito.

 

 

         Grigos & Emblemas (1987)

 

 

VÍSPERA DE LAS AGUAS

 

Apenas la rosa transgrede el delirio

de este cielo inhóspito.

Las lluvias se suspendieron

el turno, ahora, es de las nubes secas.

Opaco, el corazón exhuda

ocre en lugar de verde, humos

grises valles.

La sombra sabe a bochorno,

nieblas esterilizan el azul,

um sofoco oscila entre trapos:

octubre, víspera de ti en las aguas.

 

 

         Véspera do Coração (1986)

 

 

VENUS TARDÍA

 

Pérfido, calienta el verano esta llama,

extrema euforia sustentada por Venus,

fábula que aflige la carne madura.

 

Derrota el sol la excesiva indulgencia

del corazón ahogado en la embriaguez

que no quiere saber de su otoño.

 

Mientras dura la incógnita, la náusea del fruto.

Este es el lugar de la víbora y de la paloma,

riesgo de insulto en el irrevocable impulso.

 

 

                   Cósmica Província  (1992)

 

 

APOGEO

 

Hay un itinerário que te aparta del sueño,

la deslumbrante certeza del propio instante.

 

Te sobra dignidad, algo muy próximo

al grito que configura el desespero.~

 

Los dones de la vida no se adaptan a la permanencia,

ninguna destreza impide que el regocijo termine.

 

 

                   Aromas e Loares (1997)

 

 

Página publicada em janeiro de 2008. Ampliada e republicada em março de 2008

 


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