| 
 Foto  sem identificação de autoria. FÉLIX PACHECO(1879- 1935)
 
 José Félix Alves Pacheco (Teresina, 2 de agosto de 1879  — Rio de Janeiro, 6 de dezembro de 1935) foi um jornalista, político, poeta e  tradutor brasileiro. Estudou no ensino fundamental ainda em Teresina, indo em  1890 para ao Rio de Janeiro, onde o tio Teodoro Alves Pacheco era senador. Aí  efetua a complementação de seus estudos, bacharelando-se em Direito. Ingressa no jornalismo, chegando a tornar-se um dos  co-proprietários do importante Jornal do Commercio (ainda existente, sendo um  dos mais antigos jornais brasileiros ainda em circulação). Félix Pacheco ingressou na política elegendo-se, pelo  Piauí, deputado federal em 1909, reelegendo-se sucessivamente, até 1921, quando  elege-se para o Senado. Foi, no governo Artur Bernardes, Ministro das Relações  Exteriores, retornando para o Senado em 1927. Em 1909, elegeu-se deputado  federal por seu estado natal, obtendo, nos anos seguintes, sucessivas  reeleições. Paralelamente à carreira política, dedicou-se à vida literária.  Poeta de estilo intermediário entre o parnasianismo e o simbolismo, foi eleito  para a Academia Brasileira de Letras, em 1912. Permaneceu na Câmara dos  Deputados até 1921, ano em que assumiu uma cadeira no Senado Federal. Durante o  governo de Artur Bernardes (1922-1926), ocupou a pasta das Relações Exteriores.  Em 1927, reassumiu sua cadeira no Senado. Pioneiro defensor da introdução no Brasil do método de  identificação pelas impressões digitais - para a qual ainda havia descrentes e  alguma oposição no país, foi Félix Pacheco o fundador e primeiro diretor do  Gabinete de Identificação e Estatística da Polícia do Distrito Federal, hoje  Instituto Félix Pacheco - o primeiro no país a adotar o banco de dados  datiloscópicos. Paralelo à sua atuação política, dedicou-se às letras,  fazendo poesias que, em 1912, levaram-no à eleição para a cadeira 16 da Academia  Brasileira de Letras, cujo patrono é Gregório de Matos, sendo seu segundo  ocupante. Dono de estilo entre o parnasiano e o simbolista, viveu a transição  desses momentos literários, mas sua obra não é muito conhecida.  Fonte (resumida): Wikipédia   TEXTOS EM PORTUGUÊS     /     TEXTO EN ESPAÑOL   Do cimo da montanha    Musa, pára um momento aqui, musa severa!  Olha deste alto cimo a Pátria, o Sonho, a  Vida...  Mede toda a extensão imensa percorrida,  E o presente, e o porvir esmiúça, e  considera!    Interpreta, na estrofe, a saudade sincera,  E realça, firme, o traço à página  esquecida!  Canta a luz que te doura, e estende-a,  refletida,  Sobre os rincões natais, que tua alma  venera!    Mas grava tudo lenta, unindo, com orgulho,  O esto dos palmerais, e a harmonia dos  trenos,  Como na relação do efeito para as causas...    Junta o carme à epopéia, enlaça o grito e o  arrulho,  E os quarenta anos teus se fixarão,  serenos,  Num longo beijo quente, ampliado em sóis e  em pausas...     Símbolo d’arte   Se o meu verso não fora o agonizar de um  lírio, E o suave funeral de um crisântemo roxo, Diluindo-se, murchando, à vaga luz de um  círio, Entre o planger de um sino e o gargalhar de  um mocho;   Se, essas flores do mal, em pleno  desabrocho, Eu não sentira em mim, num êxtase e em  delírio, Meu orgulho de rei julgara vesgo e frouxo, Pois a glória de um sol não vale esse martírio.   Se, na terra que piso, algum prêmio  ambiciono, É o deserto, a cabala, o claustro, a  esfinge, o outono, O calmo encanto da noite e a augusta paz da  morte...   E o meu símbolo d'arte, o ideal que me  fascina,  É a tristeza a florir a graça feminina,  Como um farol pressago a iluminar o norte!      PACHECO, Félix. Poesias.   Poesia definitiva.  I - Variações  sobre a Belleza.
 II  -     Armorial  do Sonho.
 Rio de Janeiro: Typ. Jornal do Commercio,  1932.  268 p.
 capa   dura sobrecapa
       ZEPHIRO   Dorme  quieta e feliz, e, no seu somno, Tudo que  flue é delicado e leve. A  devassar-lhe o plácido abandono Nem  mesmo a luz, que é sua irman, se atreve.   Ouço de  longe arfar-lhe, cor de neve,  O seio  virginal, camélia e throno.  Perpassa-lhe  fugindo um sonho breve,  E eu de  vel-a sorrir mais me apaixono.   Mas o  quadrinho esfuma-se impreciso,  E  esvae-se a sombra da divina face.  Aperto o  olhar, e nada mais diviso.   Foi como  se algum zéphiro passasse,  Na calma  angelical do paraíso,  Brando,  e gentil, e rápido, e fugace...       PLENILUNIO   Todo  este luar de amor, que ha nos meus cantos,  Nasceu  de outros anhelos e outras penas.  Se,  por graça do céo, me não condemnas,  Deixa-o  brilhar aqui, desfeito em prantos.   Libertei-me  dos pérfidos quebrantos,  E  a multidão volúvel das phalenas  Já  me não turva as illusões serenas,  Nem  te escondo aventuras nestes mantos.   Nada  mais, hoje, do passado existe. Sinto  que me entrou n'alma o luar superno, Como  a benção de Deus baixando ao triste.   Nunca  mais tive dor, nem tive inferno,  Desde  que sobre mim, cantando, abriste  O  plenilúnio do carinho eterno!         TEXTO EN ESPAÑOL
 ORFEO CAUTIVO          Trad. de Francisco Soto y Calvo   Dicen que fui voluble: no consientas  Que volubilidad, pueda haber mía;  No huí por las Nereidas: no podría  De ellas, de ti escapar, al fin de cuentas.    No las mentí jamás. Sincero cuentas  Corazón, cada reina que en ti había;  Cuántas ondinas, cuántas yo quería  Y náyades que fueron tan contentas.    Mas desde que llegaste, el pobre nauta  Que un día a bellas playas arribara  Mísera sombra cual rival de Orfeo,    Sonó en el glauco abismo dulce flauta,  Y sin pensar en pérfidas que amara  Con la luz se engrilló del Himeneo !      
                        
                          
                            
                              
                                Extraído  de    ANTOLOGÍA  DE LA POESÍA BRASILEÑA. Selección,  inroducción y traducción de ÁNGEL CRESPO.    Barcelona: Editorial Seix Barral, 1973.Serie Mayor 15.  440 p.  ISBN  84-322-3815-5   Ex. bibl. Antonio Miranda
 Traducciones de ÁNGEL  CRESPO:                   Anima rerum          ¡Oh  almas inmortales, momentáneas esposasDel  Cuerpo —arcilla frágil que imperfección destila —
 Almas,   ¿a donde vais después que se aniquila
 La  Carne y cae en el Misterio de las Losas?
         Alma que siento en mí, Alma que en mí  reposas,Alma  que eres mi yo, respóndeme, Sibila.
 ¿Ascenderás  un día a región más tranquila
 O  estarás en la Tierra, palpitando en las Cosas?¡
 
 ¡Búscalo  en la Flor, Madre cuyo hijo murió un día!
 ¡Oh  Novio que La crees sin brillo, muerta y fría!
 ¡Ella  vive en el Cielo, estrellado y profundo!
         El Alma, cada piedra, guarda de un  Insensible.Hombres,  temed al Mar: él es el reino horrible
 De  Almas que sin Amor vivieron en el Mundo.
           La Belleza         Astros, lucid. Que vuele en el infinitoY  vague vuestrta luminosa coma.
 Flores,  andad: abríos como el grito
 De  una virgen violada, al cielo aroma.
         Auras, cantad un himno. Que ella assomaA  la puerta del templo de granito.
 Diosa,  visión, mujer, demônio o mito,
 Mirad  la aparición que a todo doma.
         Un coro gigantesco canta ahora,Aplaude  la hermosura resplendente,
 Fuente  eterna de amor, perpetua aurora.
         La aclamación aumenta, crece, crece...La  suprema belleza, indiferente,
 Ríe  de ese fervor, desaparece.
 
                       ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por]   Félix Aires.  [Teresina:  1972.]   218 p.            Impresso  no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília.Ex. bibl. Antonio Miranda
           ESTRANHAS LÁGRIMAS
 Lágrimas...  Noutras épocas, verti-as,
 Não  tinha o olhar enxuto, como agora.
 —  Alma, dizia então comigo, chora,
 que  assim minorarás as agonias! —
 
 Ah!  Quantas vezes, pelas faces frias,
 umas,  outras após, a toda hora,
 gota  a gota rolando, elas, outrora,
 marcaram  noites e marcaram dias!
 
 Vinham  do oceano dalma imenso e fundo,
 de  espuma as ondas salpicando o flanco,
 numa  fremência amargurada e louca.
 
 Nos  olhos hoje as lágrimas estanco...
 Rolam,  porém, sem que as descubra o mundo,
 sob  a forma de risos, pela boca!
 
 *
 
 Página ampliada e republicada em março de 2023
   
              Página publicada em  dezembro de 2008; ampliada em agosto de 2018 
 |