FÁBIO CAMPANA
Jornalista e escritor. Diretor da editora Travessa dos Editores. Editor das revistas Et Cetera e Idéias. Colunista político dos jornais Estado do Paraná, Tribuna do Paraná , Gazeta do Paraná e Tribuna do Norte. Comentarista da rádio BandNews Curitiba e do telejornal da RIC TV.
Foi Secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Curitiba, Secretário de Estado da Comunicação Social em 3 governos. Editor da extinta revista Atenção. Editor do extinto Correio de Notícias. Foi colunista político do jornal Gazeta do Povo por 11 anos.
Fábio Campana nasceu em 1947 no município paranaense de Foz do Iguaçu. Publicou Restos Mortais, contos (1978), No Campo do Inimigo, contos (1981), Paraíso em Chamas, poesia (1994), O Guardador de Fantasmas, romance (1996), Todo o Sangue (2004) e O último dia de Cabeza de Vaca (2005). Vive em Curitiba desde 1961.
Romances: Ai (Travessa dos Editores, 2007); O último dia de Cabeza de Vaca (Travessa dos Editores, 2005); Todo o Sangue (Travessa dos Editores, 2004); O Guardador de fantasmas;
Contos: No Campo do Inimigo; Restos Mortais (Travessa dos Editores, 1996) Romance
Poesia: O Paraíso em Chamas (Travessa dos Editores, 1994)
Site Pessoal: http://www.fabiocampana.com.br
TEXTOS EM PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL
De
O PARAISO EM CHAMAS
Cantos e Profanações
Curitiba: Travessa dos Editores, 1994.
ISBN 85-85715-014
www.travessadoseditores.com.br/
BRASIL
(fragmento)
País adiado,
postergado,
permanece em discussão
solene, cordial,
em alguma comissão.
POESIA
Sigo em frente.
Monocórdico,
obsessivo,
recorrente.
Cautelosamente desesperado,
procuro o símbolo
de oculto significado.
No multiforme,
acidentado,
inesgotável,
território do inexpressado.
Eis a semente.
REVELAÇÃO
Não furtarás à própria boca
o doce fruto colhido na aurora.
Não permitirás que o ventre,
sem o sêmen sagrado, espere
o milagre da semente.
Não flagelarás a alma,
pois não há culpa ou tentação.
Serão sempre em fogosa calma
as trocas do amor, da paixão.
Não conhecerás pecado jamais
e terás limpo e doce o coração
lavado nos prazeres naturais.
Em perdidos códices latinos
profanados pela inquisição
goliardos da primeira renascença
ensinaram em versos divinos
o caminho único da consagração.
Amar, amar sempre e sem temor,
amar, amar o vinho e os prazeres,
procurar, convicto, a todo instante,
no amor, na carne, a constância
dos Deuses que saúdam o virtuoso
diálogo de corpos em pleno gozo.
ESPÓLIO
Me descubro a decifrar
as confidências do tempo.
É tarde, bem sei,
para mudar agora
o destino que tracei.
Eu que não soube amar,
amei demais.
E foram tantos os amores,
descuidados, evanescidos,
naufragados, esquecidos,
que me ponho a procurar
no espólio das lembranças
entre fotos, cartas, bilhetes,
aquela promessa ardente
que eu me fiz, ela me fez
de felicidade iminente.
SEM ASAS
Na tarde fluvial de Curitiba
um homem sem asas escorre,
manchado de sombras,
carregado de leis,
solene sob o sol sem brilho
em sua gravata.
Aguarda, desafiando a chuva,
o fim do dia,
o fim do mês,
o fim dos tempos.
CABEZA DE VACA
Dom Alvar Nuñes
Cabeza de Vaca
não achou ouro,
não acho prata,
muito menos diamante,
achou as Cataratas.
E como fazem os turistas
deslumbrou-se por um dia
e seguiu adiante,
deixando detrás de si
os estragos típicos
do visitante.
TEXTOS EN ESPAÑOL
PARAGUAY
Corren al sur en sus venas
dos ríos que quieren el mar
llevan el olor de azucenas
canciones y um nuevo cantar.
Paraná, para amar,
Paraguay.
Misterio y guarania
tejidos de ñandutí,
fina tela de araña.
Para mí, para tí,
cerrado em su entraña,
Paraguay,
saña y guadaña.
Forjados em hermosa frágua
los metales de la guerra
com la sangre que enjuaga
los que defienden su tierra.
Cubierta de tanta lucha,
suena fuerte la memóoria
y hay días en que se escucha
temporales de la historia.
Paraguay
muerte y Victoria.
Una Lanza, un caballero,
caballo color de aurora,
avanza fuerte, ligero,
anunciando que es la hora,
se rompieron los grillones,
hay libertad, compañero,
Paraguay
coraje y acero.
DOS LUNAS
Luna nueva
de America,
cuando va a
caminar,
em outra luna,
de Iberia,
pone su mirar.
Y cuando
la miramos,
pronto nos
recordamos
de tanto
que separó
el mar.
Los cuentos
de reinados
tan lejanos.
Reyes locos,
caballeros,
gitanos.
Las reinas
Enfurecidas
y princesas,
ardientes,
fragantes,
ojos grandes,
palomas de
piel sedosa,
sedientas
de amar.
Cuentos lindos
olvidados,
lucha del bien
contra el mal,
de Iberia,
su luna blanca,
España
y Portugal.
FRONTERAS
Las fronteras usuales
las conocen los diplomáticos
de muy buenos modales.
Las conocen los hombres armados
señores de antiguos males.
Fronteras hechas de ríos
y de convenciones,
de montañas y contratos,
de líneas imaginárias,
tratados
estos son los actos.
Las fronteras que propongo
no tienen limites o herederos,
son espacios que dispongo
lleno de varaderos
para cambiar la experiencia
que lleva a otro pais
que se llama libertad.
CANCIONES
Alta luna
tan blanca
largos ríos
tan solos
Mis canciones
son heridas
son borrones
de la vida.
Alta luna
tan sola
largos ríos
tan verdes
Mis canciones
son intentos
de emociones
que invento
Alta luna
en el cielo
largos ríos
de celos.
Página publicada em junho de 2008
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