(Cerquilho - São Paulo - BRASIL, 1974): poeta, fotógrafa, traductora, profesora e investigadora. Laureada UNESCO-Aschberg de Literatura 2002. Gestora del espacio cultural Jardim das Artes, Ciências e Educação (Cerquilho). Autora de Caminantes: poesía en francés, portugués y traducida al español por Leo Lobos (Santiago de Chile, 2003), de Fluxus, poesía en portugués, traducida al español e ilustrada por Leo Lobos, traducida al francés por Espérance Aniesa y al inglés por Levana Saxon (Cerquilho, 2005) y de Fluxus y otros poemas / e outros poemas - traducción de Espérance Aniesa y Melania Yens.
Defendió maestría y doctorado en la Universidade de São Paulo (USP): estudios de la obra y los manuscritos de Hilda Hilst. En la Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), desarrolló post-doctorado sobre crítica genética y traducción de Hilda Hilst al francés. En la actualidad es profesora de Lengua Portuguesa y Cultura Brasileña en la Universidad Autónoma de Santo Domingo (UASD). Realiza un trabajo de difusión de la obra de Hilda Hilst en Brasil, República Dominicana, Francia, Chile, Perú, Argentina, España, Honduras, México, Canadá y Venezuela. (crisgrando@yahoo.com.br)
Vejam também a página da autora: http://www.letras.s5.com/archivogrando.htm
GRANDO, Cristiane. Azules. Espérance Aniesa y Cristiane Grando traducción. São Paulo: Editora Benfazeja, 2015. 96 p. 14x21 cm. Edição bilíngue Português – Español. Apresentação de Geruza Zelnys de Almeida. ISBN 978-85-69577-00-3 “ Cristiane Grando “ Ex. bibl. Antonio Miranda
a horta
na horta e pomar de Zébio:
batatas, ervilha, tomate, abobrinha
cenoura, aspargos, alcachofra, alho e cebola
quadrados de um verde que balanceia
lavanda, maçã, cereja, framboesa e ameixeira
antigamente Dedê plantava batatas
cada quadrado tinha
o nome de um filho:
Ângelo, Luciano, Sônia, Esperança
quando eu era criança
minha mãe preparava
linha na terra
para que eu colocasse sementes
e na colheita
beterrabas e cenouras
brilhavam na ponta dos dedos
porque eu conhecia a luz da vida
cor de vinho e laranja
como o céu no fim da tarde
la huerta
en el huerto y vergel de Zébio:
papas, guisantes, tomate, calabacín
zanahoria, espárragos, alcachofra, ajo y cebolla
cuadrados de un verde que balancea
manzana, cereza, frambuesa, ciruelos y lavanda
antiguamente Dédé plantaba patatas
cada cuadrado tenía
el nombre de um hijo:
Ángel, Lucien, Sonia, Esperanza
cuando yo era niña
mi madre preparaba
surcos en la tierra
para que yo pusiera semillas
y cuando la cosecha
remolachas y zanahorias
brillaban en la punta de mis dedos
porque yo conocía la luz de la vida
color vino y naranja
como el cielo al final de la tarde
o último poema
impossível não ver o bando de pássaros
voando todos na mesma direção
os pássaros
organizam-se para que todos possam ver
o que vem pela frente
e nós nem sabemos
o que nos espera
el último poema
imposible no ver la bandada de pájaros
volando todos en la misma dirección
los pájaros
se organizan para que todos puedan ver
lo que viene enfrente
y nosotros ni sabemos
lo que nos espera
VIEIRA, Maurício; GRANDO, Cristiane. ARVOREssências. São Paulo: Editora de Cultura, 2014. 64 p. 14x20,5 cm. Inclui ilustrações científica de José Joaquim Freire e Joaquim Codima. ISBN 978-85-293-0183-9 “ Cristiane Grando “ ex. bibl. Antonio Miranda.
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árvores nas calçadas
sozinha, a pé, indo para a escola.
os diversos tons
do verde das folhas das árvores
traduziam
os meus sentimentos de mundo
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as árvores e a lua
as arvores a noite
se confundem:
silhuetas na escuridão
seu espírito de mulher
seduz o olhar dos homens na estrada
em alta velocidade
os meus olhos percorrem
uma viagem sem mapas
guiados pela lua:
redonda, grávida
ilumina as copas noturnas das árvores
e revela os mistérios escuros do amor
MELLO, Regina. Antologia de Ouro. Organizaçăo de Regina Mello. Museu Nacional da Poesia Ano V. Belo Horizonte: Anome Livros, 2010. 136 p. ISBN 978-85-983-78-59-6 Ex. bibl. Antonio Miranda
in memoriam
vejo-te no céu, meu pai
anjo de asas frágeis
vejo-te no rio, meu pai
água-vento que me banha num sonho
mágico
vejo-te em meu caminho, querido pai
condor que voa sobre o mundo
que olha tua criança sobre a neve
fulgurante
iniciaçăo
meu amor, minha irmă
no ritmo de teus primeiros passos
de teu sorriso de beleza luminosa e pura
o som do silęncio de amar conheceu o mundo
anjinho de asas invisíveis
de olhos-diamantes
minha boneca em meus braços de criança
fluxus
y otros poemas
e outros poemas
Espérance Aniesa
Melania Yens
tradução / traducción
pensas
que sou feita
de carne, ossos, sangue?
não
sou vento, chuva, fogo, nada
¿piensas
que estoy hecha
de carne, huesos, sangre?
no
soy viento, lluvia, fuego, nada
às vezes
é bom sentir fome
para só depois morrer
de saudade
algunas veces
es bueno sentir hambre
para morir sólo después
de nostalgia
meu último poema:
insuportável a perfeição
do gozo
mi último poema:
insoportable la perfección del gozo
sangue
vejo somente sangue
e chuva
sangre
sólo veo sangre
y lluvia
para que a introspecção?
para que ver o obscuro?
¿para qué la introspección?
¿para qué ver lo oscuro?
me ama mas não me olha
com a profundidade
dos olhos que não vêem
me ama mas no me mira
con la profundidad
de los ojos que no ven
sinto a falta de suas mãos
é como se no mundo
já não existissem
nem um pai
nem um deus
siento la ausencia de sus manos
como si en el mundo
ya no existiese
ni un padre
ni un dios
escrever pode ser um ato
de amor
mas também o suicídio
das palavras
escribir puede ser un acto de amor
y también el suicidio
de las palabras
alguém canta ao longe
alguém canta em meus
ouvidos surdos
alguien canta a lo lejos
alguien canta en mis oídos sordos
náuseas
eu que estou quase morta
da vida e do silêncio
náuseas
yo que estoy casi muerta
de la vida y del silencio
tenho medo dos terremotos;
sou filha destes movimentos
que moram desde sempre
em minha paisagem
tengo miedo a los terremotos;
soy la hija de esos movimientos
que viven desde siempre
en mi paisaje
jamais escrevi tanto a um só tempo
talvez esteja pronta para
a mensagem cifrada;
amanhã compreenderei
as frustrações do hoje
como tu, Carlos,
compreendes
somente no agora
tuas palavras e filhos do passado
jamás escribí tanto de un solo golpe
tal vez esté lista para el mensaje cifrado;
mañana comprenderé las frustraciones
de hoy
como tú, Carlos,
comprendes
solamente en el ahora
tus palabras e hijos del pasado
De
Cristiane Grando
CAMINANTES
Santo Domingo: Punto Mágico, 2008.
Laureada – Luaréate . Laureate
UNESCO – Aschbergo de Literatura 2002
Edición especial para la XI Feria Internacional del Libro de Santo Domingo
em homenaje a la Asociación de Estados del Caribe – ACS, Repúbliica Dominicana.
os amores de Edgar Allan Poe
Valéry amava Mallarmé que amava Baudelaire
que amava Allan Poe que amava Virginia
dos cabelos negros como o corvo
Valéry morreu depois de ter projetado o Anjo
sua última inspiração poética
Mallarmé ainda procura O Livro essencial
quando encontrou a Morte
Baudelaire sofre uma longa agonia
antes de morrer e ser enterrado
no cemitério de Montparnasse em Paris
e Allan Poe casou-se com Virginia
que morreu aos 25 anos
los amores de Edgar Allan Poe
a Valéry amaba a Mallarmé que amaba a Baudelaire
que amaba a Allen Poe quién amaba a la Virginia
de cabellos negros como el cuervo
Valéry murió después de proyectar el Angel
su última inspiración poética
Mallarmé buscaba aún El Libro esencial
cuando encontro la Muerte
Baudelaire sufrió uma larga agonía
antes de morir y ser enterrado
em el cementerio de Montparnasse en Paris
y Allen Poe se caso con Virginia
que murió a los 25 años
caminhante em Paris
o caminhante do Luxemburgo
e o anjo do rosto grave
voam entre os amarelos
das folhas de outono
que habitam as árvores
e a terra
luz e sombra dançam nas profundezas
e no azul-mistério do vento
uma asa vê o mundo
e a outra a si mesma
A Ariane Felapierrea. Catherine e Didler Noel
caminante en Paris
o caminante del Luxemburgo
y el Angel de rostro grave
vuelan entre los amarillos
de las hojas del otoño
que habitan los árboles
y la tierra
luz y sombra danzan em las simas
y en el azul-misterio del viento
una ala mira el mundo
y la otra a sí misma
A Ariane Felapierrea. Catherine e Didler Noel
GRANDO, Cristiane. Numeralia. Puerto Iguazu, Argentina: Clan Destino, 2015. 96 p. 20x14 cm. Traducción – Traduction Cristiane Grando e Espérance Aniesa. Traducción al guarani: Derlis Daniel Sandoval. Tiragem: 200 exs. ISBN 978-987-33-7364-0 “ Cristiane Grando “ Ex. bibl. Antonio Miranda
TEXTO EM PORTUGUÊS
cinco
amo a liberdade e seus movimentos, a quinta-essência
sou o vento ao sol: pluralia, plurifacética, policromática
o fulgor das águas em desordem, sua beleza e fragor
como o fogo, tenho pressa para partir, pressa para chegar
e tudo se converte em deserto e solidão: potlatch
TEXTO EN ESPAÑOL
cinco
amo la libertad y sus movimentos, la quinta esencia
soy el viento ao sol: pluralia, plurifacética, policromática
el fulgor de las aguas em desorden, su beleza y fragor
como el fuego, tengo prisa por partir, prisa por llegar
y todo se convierte em desierto y soledad: potlatch
TEXT EN FRANÇAIS
cinq
j´aime la liberte et ses mouvements, la quintessence
je suis le venta au soleil: pluralia, aux multiplex facettes, polychrome
la splendeur des eaux em désordre, leur beauté et clameur
comme le feu, je suis pressée de partir, pressée d´arriver
et tout devient désert et solitude : potlatch
TEXTO EM GUARANI
po
ahayhussãso ha mba´éichaomyi, pokaruku
cheyvytukuarahý—pe: pluralia, plurifacética, policromática
ykuéraojajáiisarambipa—pe, iporã ha hyapupuku
tatáicha, pya´eahase, pya´eaguahese ha opa mba´eoñemooambnueoikochuguiyvyrei ha tekora´eno: potlatch
Encontro de Cristiane Grando e Antonio Miranda
na VIII Bienal Internacional de Poesia do Ceará,
em Fortaleza, em novembro de 2008.
II BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASÍLIA – Poemário. Org. Menezes y Morais. Brasília: Biblioteca Nacional de Brasília, 2011. s.p. Ex. único.
Cabe ressaltar: a II BIP – Bienal Internacional de Poesia era para ter sido celebrada para comemorar o cinquentenário de Brasília, mas Governo do Distrito Federal impediu a sua realização. Mas decidimos divulgar os textos pela internet.
Pensas
pensas
que sou feita
de carne, ossos, sangue?
não
sou vento, chuva, fogo, nada
In: Fluxus?
A Taylor van Horne
e em homenagem
aos poetas do desassossego
há uma parte da vida que me apavora
este desassossego entre árvores e águas
segredos, sinos, mistério
um não sei o quê
calmaria e turbulência
sair e ao voltar querer sair querendo voltar
para os braços ou para o ventre?
é noite, noite
o vento no rosto em alta velocidade
vento, nuvens:
o júbilo, o Nada, o sem nome, o Nunca Mais
in: Caminantes
Autorretrato à moda de Clarice Lispector
tímida ousada
mínima de olhos
nas fotos
In: Gardens
jardim de janeiro
às vezes sou galo
acordo às cinco
e canto
outras vezes sol
às sete desperto
escrevo e choro
In: Gardens
in memoriam
vejo-te no céu, meu pai
anjo de asas frágeis
vejo-te no rio, meu pai
água-vento que me banha num sonho mágico
vejo-te em meu caminho, querido pai
condor que voa sobre o mundo
que olha tua criança sobre a neve
fulgurante
In: Caminantes
balada do menino do sabonete Phebo
a Roberto Rímoli
a Manuel Bandeira, in memoriam
da perfumaria nacional
a mais famosa especialidade:
sabonete de glicerina
com odor de rosas por várias horas
depois de usá-lo...
preto-translúcido ou verde-escuro? – pensa o menino
imagino um banho refrescante nas praias antilhanas
com a inocência branca de um sorriso
e o menino caribenho gritando:
o meu castelo de areia e o meu reino
por um banho com o sabonete phebo
In: Gardens
viagem imóvel
a partir do poema “Passageiro do ar”,
de Mateo Morrison
que loucura seria esta loucura esta de ser estátua
e viver só e ao mesmo tempo acompanhada?
In: Gardens
Uberto Stabili, Cristiane Grando e Antonio Miranda durante a 1ª Feira do Livro de Cerquilho, SP, em maio de 2013. Página ampliada em novembro de 2020
VARGAS & MIRANDA Compiladores. Selección y revisión de textos por Salomão Sousa. TRANS BRASILIANA ANTOLOGÍA 36 MUJERES POETAS DO BRASIL. MARIBELINA – Casa del Poeta Peruano. 2012 134 p. Ex. biblioteca de Antonio Miranda
¿Piensas
que estoy hecha
de carne, huesos, sangre?
no
soy viento, lluvia, fuego, nada
Algunas veces
es bueno sentir hambre
para morir sólo después
de nostalgia
mi último poema:
insoportable la perfección del gozo
Sangre
sólo veo sangre
y lluvia
¿Para qué la introspección?
¿para qué ver lo oscuro?
Caminante en Paris
o caminante del Luxemburgo
y el Ángel de rostro grave
vuelan entre los amarillos
de las hojas del otoño
de las hojas del otoño
que habitan los árboles
y la tierra
luz y sombra danzan en las simas
y en el azul-misterio del viento
una ala mira el mundo
y la otra a sí misma
A Ariane Felapierrea. Catherine y Didler Noel
Los amores de Edgar Allan Poe
A Valéry amaba a Mallarmé que amaba Baudelaire
que amaba a Allan Poe quién amaba a la Virginia
de cabellos negros como el cuervo
Valéry murió después de proyectar el Ángel
su última inspiración poética
Mallarmé buscaba El Libro esencial
cuando encontró la muerte
Baudelaire sufrió una larga agonía
antes de morir y ser enterrado
en el cementerio de Montparnasse en Paris
y Allan Poe se casó con Virginia
que murió a los 25 años.
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Página ampliada em julho de 2024.
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