BRUNA BEBER
(Rio de Janeiro, 1984) Estudió comunicación social y publicidad. Su primer libro es a fila sem fim dos demônios descontentes (7 Letras, 2006). Há publicado crônica, reseñas y poemas em sitios electrónicos y revistas brasileñas como Portal Literal, Entrelivros, Paralelos, Escitoras Suicidas, A Máquina do Mundo, Capricho y em Latin Log.
Bruna Beber é carioca, sim, de São João de Meriti, e agora reside em São Paulo, onde segue escrevendo, escrevendo, escrevendo...
http://www.portalliteral.com.br/links/didimocolizemos-bruna-beber
TEXTOS EM PORTUGUÊS - TEXTOS EN ESPAÑOL
IODO (GALCTINHA BULEVERSADA)
se algemo os pés à lua
confundo pisos com tetos
raízes com galhos
vermes com astros
e não vejo mais
a minha sombra
cabelos giram hélices
centrifugam pássaros e aviões
as mãos malabarizam
o vento no espaço
não vejo mais
a minha sombra
cuspo na terra o sangue
que desceu à cabeça
até que caia do céu
minha última gota.
NEIGHBORHOODS
se o mundo não fosse
esse aterro de
máquinas
barbas
pilhas
débitos
prazos
e canetas
marca-texto
medos
dúvidas
e embalagens
tetrapak
se o mundo não fosse
um aterro de babacas
ou se o mundo não fosse
um abrangente
e resumido
aterro de sinônimos
e se essa rua
se essa rua
fosse tua
eu ia me mudar pra lá.
De
Bruna Beber
balés
Rio de Janeiro: Língua Geral, 2009
ISBN 978-85-60160-47-1
dotes
coleciono mas não leio
cartas antigas, anúncios de almanaque
em latas de goiabada nolasco
sei que estou em permanente mudança
porque todos os dias abro e fecho
gavetas e caixas
no entanto aprendi pouco sobre apostas
e temporais, só sei que levam
muito mais do que trazem.
ludíbrio
vou enterrar cada parte
junto ao rasto impreciso
dos mínimos sinais
e sobre cada indício
construir um cemitério
de notícias
qualquer dia apareça
de surpresa
como um soluço.
ARTIGOS PARA PRESENTE
aos corações namorados
desejo uma forração de pneu
para tratores, é desnivelada
a estrada do amor
e o raro dom de transformar
as máquinas pesadas de convivência
em miniaturas de máquinas pesadas
da convivência
uma jaqueta corta-frio para distâncias
convenientes e forçadas, brigas de quarta
série primária e joguinhos de salão
ao relento, já aos corações devotados
aos seus corações namorados desejo,
sobretudo, o enrosco, aquele laço fatal
do nenhenhem do carinho e o tempo
medido por um relógio de pulso quebrado.
BEBER, Bruna. Rapapés & apupos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012. 54 p. 13x18 cm. Ilustrações Francine Jallageas. ISBN 978-85-7577-905-7 Col. A.M. ]
paulo do almoxarifado
meu coração marinheiro
e sertanejo quer rimar
amor com barco, cheiro
de mar e cheiro de mato
com moda de viola
e garrafão de vinho
ser pirata no farol
e na roça
pra dentro
pra fora
duma moça prendada.
verbo irregular
pra sempre é passado
é mais uma promessa
apostando corrida
com todas as outras
na escadaria da Penha
voltaria atrás
de joelhos
pra chegar primeiro
no futuro
porque se o tempo cura tudo
e o futuro a deus pertence
não vou duvidar
que milagres acontecem
mas pra sempre vou achar
não quero me especializar
em ter certezas, em fabricar
situações definitivas
BEBER, Bruna. Rua da padaria. Rio de Janeiro: Record, 2013. 68 p. 13,5x20 cm. ISBN 978-85-01-40275-2 Projeto gráfico: Patricia Chmielewski. Col. A.M.
4. a farmácia
um sentimento
zinho sem nome
e por isso
tremendo
chamaremos
de aquilo
que sobra
aquilo que falta
uma purificação
a vontade
irresistível
de nomeá-lo.
10. o pecúlio
estou sempre indo ao seu encontro
chego de costas pra você achar que estou indo embora
saio de frente pra você achar que estou chegando
estou sempre perdido indo ao seu encontro
é assim a minha vida e o meu calendário
eu estou sempre indo ao seu encontro
não preciso ir mais longe pra saber
que estou sempre indo ao seu encontro.
TEXTOS EN ESPAÑOL
Traducción de Cecilia Pavón
YODO (GALAXITA BULEVERSADA)
si ato mis pies a la luna
confundo pisos con techos
raíces con ramas
gusanos con astros
y no veo más
mi sombra
cabello gira hélice
centrifugando pájaros y aviones
las manos hacen malabares
con el viento del espacio
no veo más
mi sombra
escupo en la tierra la sangre
que me bajó a la cabeza
hasta que caiga del cielo
mi última gota.
NEIGHBORHOODS
si el mundo no fuera
ese terreno de
máquinas
barbas
pilas
débitoS
plazos
y lapiceras
rotuladoras
miedos
dudas
y envoltórios
tetrabrik
si el mundo no fuera
un terreno de estúpidos
o si el mundo no fuera
un abarcador
y resumido
terreno de sinônimos
y si esa calle
si esa calle
fuera tuya
yo me mudaria para alllá.
Extraído de: CAOS PORTATIL – POESÍA CONTEMPORÁNEA DEL BRASIL
– EDICIÓN BILINGUE. Selección de Camila do Valle y Cecília Pavón. Traducción de Cecilia Pavón. México: Edicones El Billar de Lucrecia, 2007. ISBN 978-970-95317-2-5
Apoyo del Fonde Nacional para la Cultura y las Artes
TEXTOS EN ESPAÑOL
Traducción de Cecilia Pavón
TEXTO EN ESPAÑOL
VARGAS & MIRANDA Compiladores. Selección y revisión de textos por Salomão Sousa. TRANS BRASILIANA ANTOLOGÍA 36 MUJERES POETAS DO BRASIL. MARIBELINA – Casa del Poeta Peruano. 2012 134 p. Ex. biblioteca de Antonio Miranda
YODO (GALAXITA BULEVERSADA)
si ato mis pies a la luna
confundo pisos con techos
raíces con ramas
gusanos con astros
y no veo más
mi sombra
cabello gira hélice
centrifugando pájaros y aviones
las manos hacen malabares
con el viento del espacio
no veo más
mi sombra
escupo en la tierra la sangre
que me bajó a la cabeza
hasta que caiga del cielo
mi última gota.
NEIGHBORHOODS
si el mundo no fuera
ese terreno de
máquinas
barbas
pilas
débitos
plazos
y lapiceras
rotuladoras
miedos
dudas
y envoltorios
tetrabrik
si el mundo no fuera
un terreno de estúpidos
o si el mundo no fuera
un abarcador
y resumido
terreno de sinónimos
y si esa calle
si esa calle
fuera tuya
yo me mudaría para allá.
*
Texto publicado en julio de 2024
Página publicada em maio de 2009
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