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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Foto: http://varejosortido.blogspot.com/2009/07/beth-brait-alvim-tataritaritata.html

 

BETH BRAIT ALVIM

São Paulo, 1952.  Obra poética: Mitos e Rios (São Paulo: João Scortecci, 1987).

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   -  TEXTOS EN ESPAÑOL

Extraídos de
ANTOLOGÍA DE POESÍA BRASILEÑA
Org. de Floriano Martins y José Geraldo Neres
Selección de Jaime B. Rosa
Valencia, España: Huerga & Fierro Editores, 2006

 

Traducción de Antonio Alfeca

 

 

ORAÇÃO DAS MANHÃS

 

genuflexões

sobre a gastrite

ferro quente

água-benta

de fel

saliva

 

jarro de bílis

um nada

e clareia

dia fere.

um dia será ferido.

 

 

ORACIÓN DE LAS MANANAS

 

genuflexiones

sobre la gastritis

hierro caliente

agua bendita

de hiel

saliva

jarro de bílis

una nada

y clarea

el dia hiere.

un dia será herido.

 

===============================================

 

POLLOCK

 

Pollock estático e

a enorme tela

ofusca a outra do vídeo

cegueira

equilíbrio

na lasca de unha

rente ao fio transparente.

vermelho suor

rasga geometrias

arquitetadas de amarelo-sangue.

Sangria

Loucura

quase estertor

Pollock emporcalhado

noite e dia

em êxtase.

Prisma humano

sem limite

branco.

 

 

 

POLLOCK

 

Pollock estático

y Ia enorme tela

escurece la otra dei vídeo

ceguera

equilíbrio

en el trozo de una

junto ai hilo transparente

rojo sudor

rasga geometrias

en arquitectura de amarillo sangre

sangría

locura

casi estertor

Pollock embrutecido

noche y dia

en éxtasis.

Prisma humano

sin limite

blanco.

 

===============================================

 

IRMÃO

 

arrancar a boca

em nome do homem

que nunca

em seus lábios

um beijo houve.

 

 

HERMANO

 

arrancar la boca

en nombre dei hombre

que nunca

en sus lábios

un beso tuvo

 

 

===============================================

 

LUA

 

tese:

black-out

no espaço.

antítese:

qual loba

no cio

qual bicho

vadio

farejo

nos becos

um beijo.

sou meia

no escuro

inteira

aos bruxos

cadente

desejo.

a baba

vem crua

crateras

no ventre

nos dentes...

síntese:

em noite

de lua

sou fêmea

da rua

sou parto

crescente

 

 

 

LUNA

 

tesis:

black-out

en el espacio antítesis:

 

cual loba

en ceio

cual bicho

vagabundo

busco

por los callejones

un beso.

soy media

en lo oscuro

entera

para los brujos

candente

deseo.

la baba

sale cruda

cráteres

en el vientre

en los dientes...

síntesis:

en noche

de luna

soy hembrà

de calle

soy parto

 

 

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OUTONO

 

quando era jovem

a dor doía

horizontal

 

bastava o pôr-do-sol

e os dias não eram iguais

hoje o outono escorre nos vitrais

e no outono a dor é

vertical

 

trajo vestes escuras

e baixo os olhos quando vejo o

horizonte

 

assim a dor

afunda meus pés no chão

amarra o nariz ao queixo

e a boca cerrada rumina terra

 

 

OTOÑO

 

cuando era joven

el dolor dolía

horizontal

 

bastaba la puesta de sol

y los dias no eran iguales

hoy el otono se escurre por los ventanales

y en otono el dolor es

vertical

 

llevo ropas escuras

y bajo los ojos cuando veo el

horizonte

 

así el dolor

ahonda mis pies en el suelo

amarra la nariz ai mentón

y la boca cerrada rumia tierra

 


LABORATÓRIO DE POÉTICAS ( Antenas & Raízes ) Editor: Rubens Zárate. Diadema, SP: Inverno de 2007. 82  p.  
                                                                Ex. bibl. Antonio Mranda

 

        INFERNO

       
um ultimo estertor derrama larvas
      no meu ser inteiro
      e tremo

      o menino esgana a fome
      com seus tóxicos e gemidos
      sob os esgares do homem  deusa

      nada brilha mais que a insônia
        que escorre até
      meus calcanhares

      Dante
      por certo
 
      escarnece do meu
      inferno enquanto regurgito
      o fog ancestral das câmaras de gás

                                   o tempo
                                   é vazio

        e

      arreganha os dentes
      no meu coração.

 

     IN PAX

    
só agora envelhecida e dura pego você nos braços e aspiro a
      canela e a pimenta exaladas pelo teu coração e dedos

      tão pequena e entregue que temo quebrar teus osso no ínfimo
      mover de tuas flores e consternar teus tímpanos encarcerados

      paira no nada tua voz de purpurina e sobre teu seio vazio insetos
      navegam febris

      acetinei meus dedos de lâmina livre e austera
      eu seiva

                                          você casca

      e forcei tuas sobrancelhas de ouro e beijei a porcelana almejada
      embalsamando tuas rugas e os lábios pétreos que não consegui
      pintar 
                                        tua beleza e o cheiro pútrido no meu colo
                                        teu encolhimento
                                        tua imobilidade
                                        teus olhos de vidro
       tua loucura que embebedou velhos costumes
                                        sorry

       mas não fui capaz de extirpar com pedras e facas o peixe sorra-
                    teiro que necrosou teu sangue
                                        sangue de meu sangue

                                        só agora
                                        meu ventre
                                        invertido
                                        de verte
                                        no parto
                                        que te aprendi

 

 

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Página publicada en setembro de 2010.

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