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BETH BRAIT ALVIM
São Paulo, 1952. Obra poética: Mitos e Rios (São Paulo: João Scortecci, 1987).
TEXTOS EM PORTUGUÊS - TEXTOS EN ESPAÑOL
Extraídos de
ANTOLOGÍA DE POESÍA BRASILEÑA
Org. de Floriano Martins y José Geraldo Neres
Selección de Jaime B. Rosa
Valencia, España: Huerga & Fierro Editores, 2006
Traducción de Antonio Alfeca
ORAÇÃO DAS MANHÃS
genuflexões
sobre a gastrite
ferro quente
água-benta
de fel
saliva
jarro de bílis
um nada
e clareia
dia fere.
um dia será ferido.
ORACIÓN DE LAS MANANAS
genuflexiones
sobre la gastritis
hierro caliente
agua bendita
de hiel
saliva
jarro de bílis
una nada
y clarea
el dia hiere.
un dia será herido.
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POLLOCK
Pollock estático e
a enorme tela
ofusca a outra do vídeo
cegueira
equilíbrio
na lasca de unha
rente ao fio transparente.
vermelho suor
rasga geometrias
arquitetadas de amarelo-sangue.
Sangria
Loucura
quase estertor
Pollock emporcalhado
noite e dia
em êxtase.
Prisma humano
sem limite
branco.
POLLOCK
Pollock estático
y Ia enorme tela
escurece la otra dei vídeo
ceguera
equilíbrio
en el trozo de una
junto ai hilo transparente
rojo sudor
rasga geometrias
en arquitectura de amarillo sangre
sangría
locura
casi estertor
Pollock embrutecido
noche y dia
en éxtasis.
Prisma humano
sin limite
blanco.
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IRMÃO
arrancar a boca
em nome do homem
que nunca
em seus lábios
um beijo houve.
HERMANO
arrancar la boca
en nombre dei hombre
que nunca
en sus lábios
un beso tuvo
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LUA
tese:
black-out
no espaço.
antítese:
qual loba
no cio
qual bicho
vadio
farejo
nos becos
um beijo.
sou meia
no escuro
inteira
aos bruxos
cadente
desejo.
a baba
vem crua
crateras
no ventre
nos dentes...
síntese:
em noite
de lua
sou fêmea
da rua
sou parto
crescente
LUNA
tesis:
black-out
en el espacio antítesis:
cual loba
en ceio
cual bicho
vagabundo
busco
por los callejones
un beso.
soy media
en lo oscuro
entera
para los brujos
candente
deseo.
la baba
sale cruda
cráteres
en el vientre
en los dientes...
síntesis:
en noche
de luna
soy hembrà
de calle
soy parto
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OUTONO
quando era jovem
a dor doía
horizontal
bastava o pôr-do-sol
e os dias não eram iguais
hoje o outono escorre nos vitrais
e no outono a dor é
vertical
trajo vestes escuras
e baixo os olhos quando vejo o
horizonte
assim a dor
afunda meus pés no chão
amarra o nariz ao queixo
e a boca cerrada rumina terra
OTOÑO
cuando era joven
el dolor dolía
horizontal
bastaba la puesta de sol
y los dias no eran iguales
hoy el otono se escurre por los ventanales
y en otono el dolor es
vertical
llevo ropas escuras
y bajo los ojos cuando veo el
horizonte
así el dolor
ahonda mis pies en el suelo
amarra la nariz ai mentón
y la boca cerrada rumia tierra
LABORATÓRIO DE POÉTICAS ( Antenas & Raízes ) Editor: Rubens Zárate. Diadema, SP: Inverno de 2007. 82 p.
Ex. bibl. Antonio Mranda
INFERNO
um ultimo estertor derrama larvas
no meu ser inteiro
e tremo
o menino esgana a fome
com seus tóxicos e gemidos
sob os esgares do homem deusa
nada brilha mais que a insônia
que escorre até
meus calcanhares
Dante
por certo
escarnece do meu
inferno enquanto regurgito
o fog ancestral das câmaras de gás
o tempo
é vazio
e
arreganha os dentes
no meu coração.
IN PAX
só agora envelhecida e dura pego você nos braços e aspiro a
canela e a pimenta exaladas pelo teu coração e dedos
tão pequena e entregue que temo quebrar teus osso no ínfimo
mover de tuas flores e consternar teus tímpanos encarcerados
paira no nada tua voz de purpurina e sobre teu seio vazio insetos
navegam febris
acetinei meus dedos de lâmina livre e austera
eu seiva
você casca
e forcei tuas sobrancelhas de ouro e beijei a porcelana almejada
embalsamando tuas rugas e os lábios pétreos que não consegui
pintar
tua beleza e o cheiro pútrido no meu colo
teu encolhimento
tua imobilidade
teus olhos de vidro
tua loucura que embebedou velhos costumes
sorry
mas não fui capaz de extirpar com pedras e facas o peixe sorra-
teiro que necrosou teu sangue
sangue de meu sangue
só agora
meu ventre
invertido
de verte
no parto
que te aprendi
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Página publicada en setembro de 2010. |