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Fonte: http://frida496.typepad.com/

 

NICOMEDES SUAREZ ARAUZ

 

 

Nicomedes Suárez-Araúz nació en la amazónica ciudad boliviana de Santa Ana en 1946. Es un poeta, escritor de ficción, ensayista y artista visual. Bajo su nombre ha publicado once libros, entre ellos seis de la poesía; utilizando heterónimos ha publicado más de cinco docenas de volúmenes

         Suárez-Araúz, quien tiene un doctorado en Literatura Comparada, ha sido miembro del Departamento de español y portugués de Smith College, Massachusetts, EE.UU., desde 1987. Es director del Centro de Literatura y Cultura de la Amazonía en Smith y  conocido internacionalmente por su liderazgo de una visión Pan - Amazónica.

 

          ORQUIDEAS AMAZÓNICAS

 

Se agarra un pedazo de luz del alba 
y se dobla la punta 
dándole forma de bastoncito. 
Se le agrega goma 
para que prenda la bolita de masa 
preparada de antemano. 
Con ésta se hará el pistilo.

Se agarra un poquito más de masa 
y se le pone tinta verde bajita. 
De este pedazo se forma el receptáculo 
que se coloca en la parte inferior 
de la orquídea.

Una vez cortados los pétalos 
se adelgazan los extremos de la masa 
con los dedos y se pegan alrededor 
del pistilo. Se pintan con colores bajitos, 
blanco, rosa, celeste, violeta, agregándole 
como gracia unos lunarcitos y bordes oscuros.

Las flores y los moradores del río 
siempre se ponen a secar parados 
ya sea contra un pedazo de cielo o de masa verde.

Se pueden hacer del tamaño 
que se desee con sólo variar 
el molde cortador de masa.

La forma normal de estas flores 
es de tres sépalos y tres pétalos 
sin contar el primero 
que cayó en 1542 
cuando Francisco de Orellana y sus huestes 
irrumpieron en mi río. 

 

 

Poemas extraídos de:
A POESIA SE ENCONTRA NA FLORESTA. I Encontro Amazônico de Poetas da América Latina.  Trad. Thiago de Mello.  Manaus: Editora Valer e Governo do Estado do Amazonas, 2001.   384 p.  

 

Orquídeas Amazônicas 

Toma-se um pedaço de luz da aurora
dobra-se a ponta
dando-lhe forma de bastãozinho.
Deita-se um pouco de goma
para que grude a bolinha de massa
preparada de antemão.
Com esta se fará o pistilo. 

Toma-se um pouquinho mais de massa
e acrescenta-se tinta verde tênue.
Deste pedaço se forma o receptáculo
que se coloca na parte inferior
da orquídea.
 

Uma vez cortadas as pétalas,
se afinam os extremos da massa
com os dedos e se adere ao redor
do pistilo. Pinta-se com cores leves
branco, rosa, celeste, violeta, juntando-lhe
como graça uns lunarezinhos e bordas escuras. 

As flores e os moradores do rio

sempre se põem a secar em pé
seja contra um pedaço de céu ou de massa verde.
 

Podem ser feitas do tamanho
que se deseje, bastando variar
o molde cortador da massa.

 

 

Da nova aurora amazônica

         Para Thiago de Mello e outros irmãos amazônicos

 

Quando te desnudas, luz na selva
tomba a tua sombra no rio
e teu primeiro filho brota
como se fora seu pequenino cervo.

Amazonas, de cabeleira aquática,
ainda que de pele lacerada,
todos os teus recantos vivem
na carne invertebrada
de nossos sonhos.

A chuva de Manaus, Brasil,
é a chuva de Riberalta, Bolívia,
é a chuva de Santa Cruz, minha terra,
é a chuva de Iquitos, Peru,
é a chuva de Letícia, Colômbia.

Fios de água, filhos da água,
que caem no pó,
vívida argila somos
para não separar-nos jamais,
ainda que não exista distância
entre nós e as árvores
que morrem de noite.

A forma norma destas flores
é de três pétalas
sem contar a primeira
que caiu em 1542
quando Francisco de Orellana com suas hostes
irrompeu pelo meu rio.

 

Verde

 

A meu avô Rodolfo,

que morreu navegando o Amazonas

 

De todas as lembranças
o verde nunca mente
porque é verde.
O azul, o vermelho, o amarelo
se transfiguram
sabem dissimular.

Mas o verde é milhares de verdes|
sem poder fingir
sem deixar de ser verde.

E nele, estás em mim,
como um pensamento verde
debaixo de uma sombra verde.

 

Página publicada em fevereiro de 2016

 

 

 

 
 
 
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