SILSH
Nasceu em Buenos Aires, em 1958. Vários de seus textos saìram em Libertad bajo Palabra, antologia de Vigilia (Argentina), IV Antología Sensibilidades (Espanha) e em numerosas revistas eletronicas da América Latina, Espanha, Itália e Suécia. Descalza y con sombrero (Buenos Aires Letramundi, 2004) é o livro de estréia desta poeta de voz encrespada, em tom crítico mas também lírico de seu tempo e realidade.
TEXTO EN ESPAÑOL e TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda
SPINAZZOLA, Silvia (Silsh). Descalza y com sombrero. Buenos Aires: Letramundi, 2004. 136 p. 14X29 cm. ISBN 987-21657-0-X
Perdida
no abismo de teus olhos
que perguntam
descarados
pelo pão pelo vestido
por essa mãe ausente
cujo nome não sabe
desabo pela cavidade
tobogã de tuas tripas
que cantam
sua orquestra visceral
onde a fome se serve
em toalhas de luto. |
Perdida
no abismo de teus olhos
que perguntam
descarados
pelo pão pelo vestido
por essa mãe ausente
cujo nome não sabe
desabo pela cavidade
tobogã de tuas tripas
que cantam
sua orquestra visceral
onde a fome se serve
em toalhas de luto. |
Hierve la olla
su escuálida miseria
al tocar fondo
en áspero silbido
descalzo el porvenir
apura su codicia
que desde un vaho cómplice
desnuca el paladar.
Hoy habrá cena
bajo el techo de lata
catorce ojos susurran
por guardarse el sabor
para los sueños
un guiso de mondongo
pondrá luz a la noche
avergonzado
se esconderá el poema
al pie del tenedor. |
Ferve a panela
sua esquálida miséria
ao tocar fundo
am áspero silvo
descalço o porvir
apressa sua cobiça
que desde o bafo cúmplice
desnuca o paladar
Hoje haverá jantar
debaixo do teto de zinco
catorze olhos sussurram
por resguardar o sabor
para seus sonhos
um guisado de mondongo
acenderá luz à noite
envergonhado
vai se esconder o poema
junto ao garfo |
*mondongo é um prato barato parecido com a buchada portuguesa.
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Frida
esa mujer que mira
por los agujeros de su vientre
enroscando sus venas / cicatrices
donde aquietar su furia sobre lienzos
la esclava de pasiones / de puñales
que retratada-atada-está
entre girasoles
que escupe y carajea
ante injusticias
desde su cuna-cama-dura-quieta
recortada en pedazos
su columna.
Frida
la de los clavos / clama
retorcida cadera inmóvil
entre pájaros-pinceles
revoluciona tiempos
agitada de amor
por su Rivera. |
Frida
essa mulher que olha
pelos orifícios de seu ventre
enroscando suas veias / cicatrizes
onde aquietar sua fúria sobre telas
escrava de paixões / de punhais
que retratada-atada-está
entre girassóis
que cospe e reclama
perante injustiças
desde seu berço-cama-dura-quieta
recortada em pedaços
sua coluna.
Frida
a dos pregos / apregoa
retorcida cadeira imóvil
entre pássaros-pincéis
revoluciona tempos
agitada de amor
por seu Rivera. |
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