|
RODOLFO ALONSO
De: Antologia Pessoal
|
ALONSO, Rodolfo. Poemas pendentes. Edição bilíngue Español – Português. Tradução de Anderson Braga Horta. Guaratinguetá, SP: Editora Penalux, 2016. 196 P. 14X21 cm ISBN 978-85-5833-028-2
“Uma poesia que não usa palavras pela sensualidade que desprendem, mas pelo silêncio que concentram: assim é a de Rodolfo Alonso. Poesia que tenta exprimir o máximo de valores no mínimo de matéria vocabular, impondo-se uma concisão que chega à mudez. E que, por isso mesmo, se julga com severidade.” CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Crônicas do Processo
A Franz Kafka,
com toda a modéstia
Parecia presumir-se um panorama
preferível: uma fraternidade latente, um coro
subjugado. Mas a coisa veio a dar
em cambalacho apenas, em prostíbulo,
alcova de tartufo, espelunca
de usurário, lenocínio, caverna
de bandoleiros pobre, noite de miseráveis
lombos molhados pela chuva
que nunca há de cessar.
Crónicas del Proceso
A Franz Kafka,
con toda modéstia.
Parecía presumirse un panorama
preferible: una fraternidade latente, un coro
subyugado. Pero la cosa vino a dar
en cambalache apenas, mancebia,
trastienda de tartufo, cuchitril
de usureiro, lenocinio, caverna
de bandoleiros pobre, noche de miserables
lomos mojados por la lluvia
que nunca cessará.
Aquele Allende
Tal como um decassílabo curioso
Avançará a tarde mãos cheias
E se abrirão as grandes alamedas
Em nosso desolado coração
Rebentarão em luzes os opostos
E não se negarão contradições
Ricos de amor haverá quando o queiram
E se abrirão as grandes alamedas
Por fim restaurará sua aura o obreiro
Soldando-nos num único um por um
E então nem toda a luz será de sombra
E se abrirão as grandes alamedas
Para quanto nos resta por fazer
Para quanto nos resta por viver
Aquel Allende
Como un endecasilabo curioso
Avanzará la tarde a manos llenas
Y se abrirán las grandes alamedas
En nuestro desolado corazón
Estallarán en luces los opuestos
Y no se negarán contradicciones
Habrá ricos de amor cuando lo quieran
Y se abrirán las grandes alamedas
Al fin restañará su aura el obrero
Soldándonos de a uno uno por uno
Y no toda la luz será de sombra
Y se abrirán las grandes alamedas
Hacia lo que nos queda por hacer
Hacia lo que nos queda por vivir
Não há dia da morte
à memória de
José Augusto Seabra
Imóvil, incessante,
a morte, árida, impura.
Infiel, infame, injusta,
a dura morte dura.
Impaciente, infecunda,
a inútil morte, muda.
Não duvida, e é sem dúvida,
a morte ávida e pura.
No hay día de la muerte
a la memoria de
José Augusto Seabra
Inmóvil, incessante,
la muerte, árida, impura.
Infiel, infame, injusta,
la dura muerte dura.
Impaciente, infecunda,
la inútil muerte, muda.
Indudable, no duda
la muerte ávida y pura.
Epifania
Qual luz dentro da luz
soa o inverno, ao sol.
Serena madurez,
sabor desnudo
que suspende e sustenta
sem suspeita que sabe,
secreto, só em si,
sente sem sentimento,
a simples sede,
a simples ser,
só e sumo no sol
sagrado do silêncio
seco, soberbo, solto
sobre esse frio incendido.
Epifanía
Como luz en la luz
suena el invierno, al sol.
Serena madurez,
sabor desnudo
que suspende y sostiene
sin sospechar que sabe,
secreto, sólo en sí,
siente sin sentimento,
a simple ser,
solo y sumo en el sol
sagrado del silencio
seco, soberbio, suelto
sobre ese frío encendido.
Coda aos gados e às messes
Isso não pode ser, sido.
César Vallejo
Atrás ficou o futuro.
Foi ontem o amanhã.
Não entre em nossas horas
porvir nem horizonte.
Houve um tempo em que havia
odores de esperança.
Hoje é haver perdido o
que ontem foi amanhã.
Houve. Não mais. Nem mesmo os
sonhos que nos sonhavam
se deixam já sonhar.
De haver sido futuro
eis-nos tão só passado.
Passado no futuro.
Coda a los ganados y las mieses
Ese no puede ser, sido.
César Vallejo
Atrás quedó el futuro.
El mañana fue ayer.
Nuestaras horas se incluyen
porvenir ni horizonte.
Hubo un tempo en que había
olores de esperanza.
Hoy es haber perdido
lo que ayer fue mañana.
Hubo. Ya no hay. Ni aquellos
sueños que nos soñaban
hoy se dejan soñar.
De haber sido futuro
henos sólo pasado.
Pasado del futuro.
==================================================================
A CANÇÃO DAS FOLHAS
Trad. de José Jeronymo Rivera
Voz do vetusto mundo com que o vento se acende que me dizes, se dizes, para mim, para todos?Vida que se desvive
por viver, vida viva,
maravilha sedenta
coroada de ecos.
Cada murmúrio pulsa
atento a cada folha,
silêncio suspendido
por uma boca eterna.
A si mesmo sussurra
o céu canções de festa,
música a sós, e sol,
água, luz, ar e erva.
Som que ilumina fundo,
incessante milagre:
eu que me sinto ouvir,
a voz que faz memória.
A árvore na terra,
a canção sob o sol,
as folhas lá no céu,
o vento em meio às folhas.
Repleto de frescura,
meu sangue reconhece
esse frigir alado:
não há mais que universo.
Voz del añoso mundo
con que el viento se enciende.
¿qué me dices, si dices,
para mí, para todos?
Vida que se desvive
por vivir, vida viva,
maravilla sedienta
coronada de ecos.
Cada murmullo late
atento a cada hoja,
silencio suspendido
por una boca eterna.
El cielo se susurra
canciones de festejo,
música a solas, sol,
aire, luz, agua, hierba.
Son que ilumina hondo,
incesante milagro:
yo que me siento oír,
la voz que hace memoria.
El árbol en la tierra,
la canción bajo e sol,
las hojas en el cielo,
el viento entre las hojas.
Colmada de frescura,
mi sangre reconoce
ese freír alado:
no hay más que un universo.
OUVINDO GILGAMESHTrad. de José Jeronymo Rivera
Como a uma rocha, o empurrão
do mundo vai polir-me,
cercado pela música
que temperam os astros?
OYENDO A GILGAMESH
¿Cómo a una roca, el envión
del mundo va a pulirme,
ceñido por la música
que moderan los astros?
CÉU DOS HOMENS
Trad. de José Jeronymo Rivera
Todos os atos retumbam surdamente contra a côncava oquidão
e se diluem de imediato nessas doces pradarias imensas e desertas.
Mas o azul preciso e frio se torna uma escandalosa razão a mais para viver,
igual a qualquer outra.
CIELO DE LOS HOMBRES
Todos los actos retumban sordamente contra la cóncava oquedad
y se diluyen de inmediato en esas dulces praderas inmensas y
/desiertas.
Pero el azul preciso y frío resulta una escandalosa razón de más
ESSA VOZ
Trad. de José Jeronymo Rivera
Realmente
não vim à terra
senão para ouvir esse canto do vento
entre as altas folhas
e passar como eleESA VOZ
Realmente
no he venido a la tierra
más que a oír ese canto del viento
entre las altas hojas
y pasar como él
O CÉU INCONTÍVEL
Trad. de José Jeronymo Rivera
Isso que vês
te mira
e se mira em teus olhos
Que vêem
porém não vêem
o que esse céu mira
EL CIELO INCONTENIBLE
Eso que ves
te mira
y se mira en tus ojos
Que ven
pero no ven
lo que ese cielo mira
FILHO DO SÉCULO
“Que há para ti no século alheio?”
Sêneca, o Retórico
Trad. José Jerônymo Rivera
Que te possua a luz
e tu fales à luz
Predica no deserto
Onde faz-se eloqüente
a língua do lagarto
Predica no deserto
Onde o verde assediado
sua seiva encouraça
Predica no deserto
Onde o sol meridiano
estimula a matéria
Predica no deserto
Entre curvas de sonho
sob sonhos de água
Predica no deserto
Entre imensos silêncios
onde a sede descanta
Predica no deserto
Com a areia sagrada
metendo-se na boca
Predica no deserto
Rodeado pela sombra
de sombras assombradas
Predica no deserto
Sob o raio radiante
a beleza instantânea
Predica no deserto
Sob a luz implacável
sob a luz sedutora
Predica no deserto
Enquanto o simum fala
e estala o resplendor
Predica no deserto
Ante pesados céus
que inundam-te a cabeça
Predica no deserto
Com a noite solar
e lua ao meio-dia
Predica no deserto
E apenas o estar só
tua solidão sacie
Predica no deserto
Que te lavem os ventos
tua alma teu olhar
Predica no deserto
E voltes a ser osso
e deixes a ansiedade
Predica no deserto
Contra todo conforto
sem sedução sem logros
Predica no deserto
No mínimo rocio
a chuva te acompanhaHIJO DEL SIGLO
“¿Qué hay para ti en el siglo ajeno?”
Séneca, el Retórico
Que la luz te posea
y le hables a la luz
Predica en el desierto
Donde se hace elocuente
la lengua del lagarto
Predica en el desierto
Donde el verde asediado
acoraza su savia
Predica en el desierto
Donde el sol meridiano
acucia a la materia
Predica en el desierto
Entre curvas de sueño
bajo sueños de agua
Predica en el desierto
Entre inmensos silencios
donde canta la sed
Predica en el desierto
Con la arena sagrada
metiéndose en la boca
Predica en el desierto
Rodeado por la sombra
de sombras asombradas
Predica en el desierto
Bajo el rayo radiante
la belleza instantánea
Predica en el desierto
En la luz implacable
en la luz seductora
Predica en el desierto
Mientras dice el simún
y el resplandor estalla
Predica en el desierto
Ante pesados cielos
que inundan tu cabeza
Predica en el desierto
Con la noche solar
y luna al mediodía
Predica en el desierto
Y sólo de estar solo
tu soledad se sacie
Predica en el desierto
Que te laven los vientos
el alma la mirada
Predica en el desierto
Y que te vuelvas hueso
y que dejes el ansia
Predica en el desierto
Contra todo confort
sin seducción sin trampas
Predica en el desierto
En el rocío mínimo
la lluvia te acompaña
O MAL-ESTAR NA POESIA
“As condições do pássaro solitário são cinco”
Juan de Yepes (San Juan de la Cruz)
Trad. de José Jerônymo Rivera
Canta o pássaro em si,
por si e para si,
ou canta para outros,
fêmea, passarinhada,
ou quem possa escutar?
É o canto quem canta
pela boca do pássaro?
O canto é quem se canta?
A garganta, a música?
Ou é a natureza
(mãe, mestra, feiticeira)
a ciumenta inquietante,
a cantora furiosa?
E canta porque sabe
ou porque ouviu cantar
ou leva o canto impresso
como marca nos genes?
A beleza o inunda,
ele mesmo é a beleza?
Ou será o universo
confuso, interminável,
quem busca o resplendor,
a clareza possível,
cantando-se nos cantos?
Ou acaso o cosmos mesmo
fugindo ante o horror
do perpétuo silêncio
se torna voz na tarde
tépida, luminosa?
E canta ante a desnuda
dor, ou talvez é a própria
dor muda que se canta?
Canta-se a injustiça
pra se fazer justiça?
E quais serão então
talvez, para que cante,
as condições, ó Freud,
do solitário pássaro,
único e geral,
ressoando na rama,
feliz de dar ao vento
o que o vento lhe diz,
o que o vento se diz?
¿Canta el pájaro en sí,
por sí y para sí,
o canta para otros,
hembra, pajarerío
o el que alcance a escuchar?
¿Es el canto quien canta
por la boca del pájaro?
¿El canto es quien se canta?
¿La garganta, la música?
¿O es la naturaleza
(madre, maestra, maga)
la celosa inquietante,
la cantora furiosa?
¿Y canta porque sabe
o porque oyó cantar
o lleva el canto impreso
como huella en los genes?
¿La belleza lo inunda,
él mismo es la belleza?
¿O será el universo
confuso, interminable,
quien busca el resplandor
la claridad posible,
cantándose en los cantos?
¿O acaso el cosmos mismo
huyendo ante el horror
del eterno silencio
se hace voz en la tarde
templada, luminosa?
¿Y canta ante el desnudo
dolor, o quizá el propio
dolor mudo se canta?
¿Se canta la injusticia
para hacerse justicia?
¿Y cuáles son entonces
tal vez, para que cante,
las condiciones, Freud,
del solitario pájaro,
único y general,
resonando en su rama,
feliz de echar al viento
lo que el viento le dice,
lo que el viento se dice?
Trad. de Anderson Braga Horta
Canta, alento irreparável.
Tua mão pule as curvas ávidas do mundo, gasta o ar, nada em seu próprio abismo sobre os desertos mais recentes e espera dominar ainda do passado com uma terna oscilação.
SIMÚN
Canta, aliento irreparable.
Tu mano pule las curvas ávidas del mundo, gasta el aire, nada
en su propio abismo sobre los desiertos más recientes y espera
dominar aún desde el pasado con una tierna oscilación.
se esperas ver crescer
ou nada esperas
o sol sobre a erva
a noite do assombro
se jogas teu por quê
tua liberdade
se podes merecer-te
se te bebes o céu
a canção ressupino
as asas das árvores
se te nomeiam
se amanheces
em cada palavra em cada gesto
se dás tua solidão
se palpas se te doem
as cadeias
as mãos dos outros
se te perdes
se voam tuas moedas
teus beijos
se te lava o amor
o ar grande
a luz feita de sombra
ESPERANZA DE POBRE
si esperas ver crecer
o nada esperas
el sol sobre la hierba
la noche del asombro
si juegas tu por qué
tu libertad
si puedes merecerte
si te bebes el cielo
la canción boca arriba
las alas de los árboles
si te nombran
si amaneces
en cada palabra en cada gesto
si das tu soledad
si palpas si te duelen
las cadenas
las manos de los otros
si te pierdes
si vuelan tus monedas
tus besos
si te lava el amor
el aire grande
la luz hecha de sombra
não se completou a medida
o que disseste o que amaste
se estende agora sob o sol
para ser despedaçado ou festejado
não estás ainda do outro lado
foi dito que tens coisas por dizer
não se acabou isto
enquanto brilhe implacável a luz que desordena
tudo o que se deve dizer ou ser amado
CARA ROTA
no se ha colmado la medida
lo que has dicho lo que has amado
se tiende ahora bajo el sol
para ser despedazado o festejado
no estás todavía del otro lado
se ha dicho que tienes cosas por decir
no se ha acabado esto
mientras brille implacable la luz que desordena
todo lo que debe decirse o ser amado
DISTANTE BUENOS AIRES
Trad. de Anderson Braga Horta
todos
esperam algo
da cidade
todos
esperamos
um vento
um toque
uma palavra
uma cama de amor
um pão brilhante
ah
a cidade
que nunca
alcançaremos
a cidade
que nos solta
e nos deixa
sós
entre todos
tremendo
esperando algo
LEJANA BUENOS AIRES
todos
esperan algo
de la ciudad
todos
esperamos
un viento
un roce
una palabra
una cama de amor
un pan brillante
ah
la ciudad
que nunca
alcanzaremos
la ciudad
que nos suelta
y nos deja
solos
entre todos
temblando
esperando algo
???????????
HIROSHIMA MON AMOUR
Trad. de Anderson Braga Horta
uma mulher desce envolta em desesperado orgulho do ar de sua casa
como filha da lástima feroz da fúria pequena provinciana
o mundo contente arde quieto em seu redor
canta no interior dessa mulher o mundo como uma boca-de-fogo
um homem distante a contempla com olhos de desesperado amor
esse homem é outros homens é o próprio amor cantando para sobreviver
o mundo contente arde veloz em seu redor
canta no interior desse homem o mundo como uma boca-de-fogo
quando a palavra amor não tenha necessidade de ser pronunciada
amor em todos os corpos desesperados ardendo tranqüilos
o mundo contente como uma boca-de-fogo
uma mulher e um homem lentamente em seu redor
HIROSHIMA MON AMOUR
una mujer desciende envuelta en desesperado orgullo del aire de su
/casa
como hija de la lástima feroz de la furia pequeña provincial
el mundo contento arde quieto a su alrededor
canta en el interior de esa mujer el mundo como una boca de fuego
un hombre lejano la contempla con ojos de desesperado amor
ese hombre es otros hombres es el mismo amor cantando para
/sobrevivir
el mundo contento arde veloz a su alrededor
canta en el interior de ese hombre el mundo como una boca de
/fuego
cuando la palabra amor no tenga necesidad de ser pronunciada
amor en todos los cuerpos desesperados ardiendo tranquilos
el mundo contento como una boca de fuego
una mujer y un hombre lentamente a su alrededor
O FUNDO DA NOITE
Trad. de Anderson Braga Horta
Um bêbedo grita agudo no alto da noite
com a consciência enlutada.
Não é só um bêbedo, é
todo o álcool do mundo que está cantando em coro
pelo sonho perdido. Não é
o passageiro de sempre nem a circunstância
conhecida. É o percalço de viver,
a raiva de estar acabado, a sede de perdurar.
Em torno do bêbedo da noite
giram frias nostalgias, discursos, acres negociações.
E não há nada de amor em tudo isso.
EL FONDO DE LA NOCHE
Un ebrio suena agudo en lo alto de la noche
con la conciencia en duelo.
No es un solo ebrio, es
todo el alcohol del mundo que está cantando en coro
por el sueño perdido. No es
el pasajero de siempre ni la circunstancia
conocida. Es el percance de vivir,
la rabia de estar hecho, la sed de perdurar.
A la orilla del ebrio de la noche
giran frías nostalgias, discursos, acres negociaciones.
Y no hay nada de amor en todo eso.
OUTROS DIAS VIRÃO
Trad. de Anderson Braga Horta
A Carlos Drummond de Andrade
Para viver e amar
para ser livres
outros dias virão
para ganhar perdendo
para dar-se e dever
outros dias virão
pra começar de novo
para o ponto final
outros dias virão
para teus olhos sábios
para tuas mãos lentas
outros dias virão
para ir ganhando tempo
para chegar a hora
outros dias virão
para ser querido
para ser condenado
outros dias virão
serão outros distantes
dias de madureza
de desalinho
e prosa
outros dias virão
sedentos e velozes
prontos ao desafogo
outros dias virão
capazes de gozar
capazes de morrer
outros dias virão
OUTROS DIAS VIRÃO
A Carlos Drummond de Andrade
Para vivir y amar
para ser libres
otros días vendrán
para ganar perdiendo
para darse y deber
otros días vendrán
para empezar de nuevo
para el punto final
otros días vendrán
para tus ojos sabios
para tus manos lentas
otros días vendrán
para ir ganando tiempo
para llegar a hora
otros días vendrán
para ser querido
para ser condenado
otros días vendrán
serán otros lejanos
días de madurez
de desaliño
y prosa
otros días vendrán
sedientos y veloces
listos al desahogo
otros días vendrán
capaces de gozar
capaces de morir
otros días vendrán
Rodolfo Alonso e Antonio Miranda durante o ensaio no Teatro Teresa Carreño
durante o
VI Festival Mundial de la Poesía de Venezuela, em Caracas, junho de 2009.
Extraído de
POESIA SEMPRE. Revista da Biblioteca Nacional do RJ. Ano 3 – Número 5 – Fevereiro 1995. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento Nacional do Livro. ISSN 0104-0626Ex. bibl. Antonio Miranda
Bajo la música
Música sobre las circunstancias,
música sobre el callado dolor o el gran dolor,
música sobre las cicatrices, sobre el vientre exangüe,
sobre lo que ha de ser y lo imposible.
Música sobre las frentes, sobre los inviernos,
sobre los remolinos del futuro o el abismo de ayer,
música sobre la memoria y sobre el viento, música sobre la sed.
Música sobre el desierto y sobre el mal, música sobre el resentimiento y el aullido, música sobre el silencio.
música sobre la aridez, el hambre y la sospecha.
Música sobre las fauces, música sobre las pezuñas y las zarpas, música sobre el pico ávido y curvado, música sobre el desgarramiento.
Música sobre los pormenores,
música sobre el superviviente y el verdugo
música sobre el frío, sobre el filo,
música sobre la sombra.
Sob a música
Música sobre as circunstâncias,
música sobre a dor calada ou a grande dor,
música sobre as cicatrizes, sobre o ventre exangue,
sobre o que há de ser e o impossível.
Música sobre as frentes, sobre os invernos,
sobre os redemoinhos do futuro ou o abismo de ontem,
música sobre a memória e sobre o vento,
música sobre a sede.
Música sobre o deserto e sobre o mal,
música sobre o ressentimento e o uivo,
música sobre o silêncio,
música sobre a aridez, a fome e a suspeita.
Música sobre as faces,
música sobre as urdiduras e as garras,
música sobre o pico ávido e curvado,
música sobre o desgarramento.
Música sobre os pormenores,
música sobre o sobrevivente e o verdugo,
música sobre o frio, sobre o fio,
música sobre a sombra.
Tradução de Antonio Miranda
El joven fresno dice
Yo no acumulo
yo prossigo
Yo no seduzco
yo me doy
Yo no me exhibo
crezco
No tomo forma
soy mi forma
Yo no persigo
no promuevo
Yo soy
y voy a ser
O jovem fresno diz
Eu não acumulo
eu prossigo
Eu não seduzo
eu me doo
Eu não me exibo
cresço
Não tomo forma
sou minha forma
Eu não persigo
não promovo
Eu sou
e vou ser
Tradução de Antonio Miranda
El cielo incontenible
Eso que ves
te mira
y se mira en tus ojos
Que ven
pero no ven
lo que ese cielo mira
O céu incontido
Isso que vês
te mira
e se mira em teus olhos
Que veem
mas não veem
o que esse céu mira
Tradução de Antonio Miranda
JORNAL DA ANE – Associação Nacional de Escritores. Ano II – no. 15 – setembro 2008. Ex. bibl. Antonio Miranda Textos em Español y Português
MONUMENTO A MARIA BETHÂNIA Música es perfume. En el aire, en el mar, Rodolfo Alonso, Buenos Aire, 25.05.2007
MONUMENTO A MARIA BETHÂNIA Música es perfume.
Nos ares ou nos mares (Versão de Anderson Braga Horta)
* Página ampliada e republicada em maio de 2022 |
Página ampliada e republicada em dezembro de 2017; atualizada em janeiro de 2021.
RodoldofoA
|
|||||||
|
|||||||