TEXTOS EM ESPAÑOL  /  TEXTOS EM PORTUGUÊS 

De
EL CORDÓN
Bs. As.: Nuevohacer Grupo Editora Latinoamericano, 2005.
 

Doble el luto

epidermis de ortigas
sudor helado
acá
cerca
por no haber comprendido
el adiós a las hojas
(de clorofila y oxígeno
enredaderas)
andan con el alma
hecha un niño
descalzo
en la lluvia   (¿o es la nieve?)
los golpes fueron dos
aquí   (¿adónde?)
(¿y los adultos?)
exprimen
limones
sobre las llagas

***

fue cuando perdió el olfato
que comenzó a vaciarse
del bosque de los recuerdos
perdió la risa
y el llanto por hambre
o por sed
¿cómo tragar la saciedad?
expulsado también el gusto
si ahora no siente ardor
ni la señales

***

armó la colmena
con huecos y paredes
celdas que multiplico
para asegurar un mañana
conviertió el laberinto en nido
tapió alondras
y acurrucó la piel

el aguijón perforó la morada
y el dulzor
las gotas deslizaron
grietas húmedas
y no quiso sostener
la lava sinuosa    adherente

***
no quisiste
ataste tu garganta
de presa
a cazadora
desplazaste el centro
y ocultaste
y te lloraron
sin saber
cuando te vieron
colgada

***
la garganta untada de silencio
de caída de risas
(desprendo la corteza)
apuro el ritmo en el fervor
mastico
la mezcla que la lengua desplaza y barre
en el abrir y cerrar
la escupo lejos
antes probé el ciprés
(me moví  tambien yo estuve afuera)
la cáscara fue
mi cielo raso
los años pulcros
sobre la cama estrangulados
con harapos de luz

***

costras irritadas   internas
no cumplen el cielo
permanecen y apresuran su anclaje
una al lado de la outra
yertas sobre la fatiga del renunciamiento

ya no entran
se amontonan
montículos secos
no resisten presión
bullen

se diseminan y la ocupan entera
agoniza
las costras pesan en su garganta
ahogan

retrocede la mujer
violento el golpe la fusiona
respira profundo y no suplica

frente a ella    mil manos abiertas


***

ni las sienes son remanso
rígidas
las sostienen tenazas

como la mandíbula
que mastica

tampoco las comisuras
dejas de gritar
las líneas
oficiosas de máscaras
y de ojos

no traicionan la queja
de los huesos
en harapos
perduran

nadie recuerda
por qué
el Guernica y por qué
Picasso 

¿cuándo
                   será su turno en la agenda
         cuándo
                   querrán saber
                   si ensoñaba
                   o reía
                   entre puntillas y almidones
         cúando
                   la hora del grito
                   bajo los tules
                   azahares
cuándo
                   contar en tinajas los llantos
                   la presencia
                   sincronía de miradas
         convergentes?

***

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Tradução de Antonio Miranda

De
EL CORDÓN
Bs. As.: Nuevohacer Grupo Editora Latinoamericano, 2005.

Luto dobrado

epiderme de urtigas
suor gelado
aqui
perto
por não ter entendido
o adeus às folhas
(de clorofila e oxigênio
trepadeiras)
andam com a alma
feita uma criança
descalça
na chuva  (ou seria neve?)
os golpes foram dois
aqui   (aonde?)
(e os adultos?)
espremem
limões
sobre as chagas

***

foi quando perdeu o olfato
que começou a esvaziar-se
do bosque das lembranças
perdeu o sorriso
e o pranto pela fome
ou pela sede
com tragar a saciedade?
expulsando também o gosto
se agora não sente ardor
nem os sinais

***

armou a colméia
com buracos e paredes
celas que multiplico
para garantir um amanhã
converteu o labirinto em ninho
entaipou cotovias
e resguardou-se na pele

o acicate perfurou a morada
e a doçura
as gotas deslizaram
gretas úmidas
e não quis sustentar
a lava sinuosa   aderente


***

não quiseste
ataste tua garganta
de presa
a caçadora
deslocaste o centro
e ocultaste
e te choraram
sem saber
quanto te viram
dependurada

***

a garganta untada de silêncio
de queda de risos
(desprendo a cortiça)
apresso o ritmo no fervor
mastigo
a mescla que a língua move e leva
no abrir e fechar
cuspo-a longe
antes provei o cipreste
(movi-me também eu estive fora)
a casca foi
meu céu raso
os anos pulcros
sobre a cama estrangulados
com farrapos de luz

***

crostas irritadas   internas
não cumprem o céu
permanecem e apressam sua ancoragem
uma ao lado da outra
tesas sobre a fadiga da renúncia

já não entram
amontoam-se
montículos secos
não resistem pressão
fervem

disseminam-se e ocupam-na por inteiro
agoniza
as crostas pesam em sua garganta
afogam

retrocede a mulher
violento, o golpe a fusiona
respira profundo e não suplica
diante dela   mil mãos abertas

nem as têmporas são remanso
rígidas
sustentam  tenazes

como a mandíbula
que mastiga

tampouco as comissuras
deixas de gritar
as linhas
oficiosas de máscaras
e de olhos

não atraiçoam a queixa
dos ossos
em farrapos
perduram

ninguém recorda
por quê
o Guernica e por quê
Picasso

         quando
           será sua vez na agenda
           quando
           vão querer saber
           se sonhava
           ou ria
           entre espiguilhas e engomados
quando
           a hora do grito
           debaixo de tules
           flores de laranjeira
quando
        contar em vasilhas o pranto
        a presença
        sincronia de olhares
        convergentes?
         

***

um saguão   queria
para despedaçar o silêncio
do fim das coisas
com a alma úmida
despreguei a porta
a fresta de luz
descalça no umbral
minha última chance?
o ar interrompido
lantejoula nos ossos

Página publicada em outubro de 2008