MARIA EUGENIA LOPES
La Prata, Argentina, 1977. Estuda Letras. Dirige a colecção de poesia jovem da Editorial da Universidade Nacional da Prata. Foi selecionada para realizar oficinas de clínica literária com Daniel García Helder e Diana Bellessi. Participou no IV Festival de poesia jovem Novísima Verba (Lima-Cuzco) e também no festival Poquita Fé de Chile. Publicou “Bonkei” (2004) e apareceu na antologia Felicidades também (2005). Dirige o Espaço QU da Editorial da Universidade Nacional da Prata (multiespacio de arte e novas tendências). Participou nos festivais de poesia Novissima Verba (Lima, 2005), Poquita fé (Santiago de Chile, 2006), Tordesilhas (Sao Paulo, 2007) e dos ciclos “De que falamos quando falamos de amor” (Lima, 2007) e “Me faz feliz” (Buenos Aires, 2007). Ganhadora do primeiro prêmio do concurso de poesia “Joaquín V. González” da Universidade Nacional da Prata, no 2007.
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Fuente: TRÁNSITO DE FUEGO / TRÂNSITO DE FOGO - Selección de jóvenes poetas latinoamericanos / Selecção de jovens poetas latinoamericanos 1972-1990. Selección y compilación / Seleção e compilação Raquel Molina. Traducción al português / Tradução ao português Gladys Mendía. Caracas: Casa de las Letras Andrés Bello, 2009.
TEXTOS EM ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
I
Una separa las flores de su pelo y pierde gotitas de sangre por la entrepierna. De rodillas miro cómo caen, lentas. Mi niña tiene miedo de sangrar y de no sangrar. Por eso la baño en oliva, volcando el aceite desde arriba. A veces el agua de azahar le chorrea. Una separa las piernas y me caen las lágrimas. Acostada mira cómo caen, lentas. Nenita golosa. Se lleva las manos a la boca luego de tocarse los labios. Y me dice que el francés sólo tiene dos palabras. Je t’, Una, je t’. Marioneta, mariposita. Todo corazón y lágrimas. Para mí todo es igual. Sobre vos miro cómo sacás papelitos de una granadilla abierta. Te va a tocar una palabra y va a ser agua.
II
El cielo se oscurece con remolinos de polillas y vuelan hojas entre los relámpagos. Todo es gris en la calle menos la lengua del perro. Ella se abraza las piernas, sentada en el cordón de la vereda. Tiene ojos grandes y un chupetín y le da lo mismo apoyar cualquiera de los dos en cualquier lado. Ahora mira un auto que viene y empuja y deja ovillitos de aire en el asfalto. Ahora mira al perro, del otro lado de la calle, ajeno a los fenómenos naturales. Y lo llama despacio para probar su obediencia. Entonces todo es gris menos la lengua y el charco de sangre que lo ahoga. Ella se acerca, se levanta la remera y apoya el hocico en su pezón sin leche. Acaricia la cabeza pegajosa y sonríe. Pobrecito, hijito, dar la vida por mamá.
III
Se acuesta verde sobre el musgo y se le hunde la espalda. Las líneas de los
ojos caen al suelo, rodean la cara, gotean. La tela de su yukata no termina
de caer y hay tantas estrellas en la noche y tanto frío. Una mano llena de
florecitas y otra que tantea suelo y charquitos de rocío. Atrapa un pez rojo
y se lo pone en la boca para que no muera. La lluvia hinchará su garganta
para siempre. Y la selva avanza por el cuerpo. Y se le mete entre las piernas. Ella se transforma hasta parecer una bolita de wasabi.
IV
Las naranjas desparramadas por la arena. Las olitas las acercan, las alejan.
Eri juega a tirarle tul y panes al mar, las naranjas siempre vuelven. El mar
va, pero todavía no. Los tules verdes y los panes. Las olitas blancas. No hay
playa cuando no hay sol. Todo se torna viscoso y es elástica la tormenta en
el horizonte. No hay playa. Es más bien un caldo, un aroma, un hundirse
de a poco. El mar viene. Todos los llantos y todas las flores en la arena. El gran calamar rojo pasa y donde estaba la niña ahora hay una mancha de tinta.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Gladys Mendía
La Plata, Argentina, 1977. Estudia Letras. Dirige la colección de poesia joven de la Editorial de la Universidad Nacional de La Plata. Fue seleccionada para realizar talleres de clínica literaria con Daniel García Helder y Diana Bellessi. Participó en el IV festival de poesía joven Novissima Verba (Lima-Cuzco) y también en el festival Poquita Fe de Chile. Publicó “Bonkei” (2004) y apareció en la antología Felicidades también (2005). Dirige el Espacio QU de la Editorial de la Universidad Nacional de La Plata (multiespacio de arte y nuevas tendencias). Participó en los festivales de
poesía Novissima Verba (Lima, 2005), Poquita Fe (Santiago de Chile, 2006),
Tordesilhas (Sao Paulo, 2007) y de los ciclos “De qué hablamos cuando
hablamos de amor” (Lima, 2007) y “Hazme feliz” (Buenos Aires, 2007).
Ganadora del primer premio del concurso de poesía “Joaquín V. González” de la Universidad Nacional de La Plata, en el 2007.
I
Uma separa as flores de seu cabelo e perde gotinhas de sangue pela entreperna. De joelhos olho como caem, lentas. Minha menina tem medo de
sangrar e de não sangrar. Por isso a baño em oliva, virando o azeite desde
acima. Às vezes o água de azahar lhe chorrea. Uma separa as pernas e me
caem as lágrimas. Deitada olha como caem, lentas. Menina gulosa. Leva-se
as mãos à boca depois de tocar-se os lábios. E diz-me que o francês só tem
duas palavras. Je t’, Una, je t’. Marioneta, borboletinha. Tudo coração e
lágrimas. Para mim tudo tanto faz. Sobre ti olho como tiras papelsinhos de
uma romã aberta. Vai tocar-te uma palavra e vai ser água.
II
O céu escurece-se com redemoinhos de traças e voam folhas entre os relâmpagos. Tudo é cinza na rua menos a língua do cão. Ela se abraça as pernas, sentada no cordão da vereda. Tem olhos grandes e um pirulito, e dá-lhe o mesmo apoiar qualquer dos dois em qualquer lado. Agora olha um auto que vem e empurra e deixa novelinhos de ar no asfalto. Agora olha ao cão, do outro lado da rua, alheio aos fenómenos naturais. E chama-o devagar para provar sua obediência. Então tudo é cinza menos a língua e o charco de sangue que o afoga. Ela acerca-se, levanta-se a camiseta e apoia o focinho em seu seio sem leite. Acaricia a cabeça grudenta e sorrri. Coitado, filhinho, dar a vida por mamãe.
III
Deita-se verde sobre o musgo e afunda-se-lhe as costas. As linhas dos olhos
caem pelo chão, rodeiam a cara, gotejam. A tela de sua yukata não termina
de cair e há tantas estrelas na noite e tanto frio. Uma mão cheia de florcinhas e outra que tantea chão e charquinhos de orvalho. Atrapa um peixe vermelho e põe-lho na boca para que não morra. A chuva inchará sua garganta para sempre. E a selva avança pelo corpo. E mete-se-lhe entre as pernas. Ela se transforma até parecer uma bolinha de wasabi.
IV
As laranjas esparramadas pela areia. As ondinhas acercam-nas, afastam-nas. Eri joga a atirar-lhe véu e pães ao mar, as laranjas sempre voltam. O mar vai, mas ainda não. Os véus verdes e os pães. As ondinhas brancas. Não há praia quando não há sol. Tudo se torna viscoso e é elástica a tormenta no horizonte. Não há praia. É mais bem um caldo, um aroma, um se afundar da pouco. O mar vem. Todos os prantos e todas as flores na areia. O grande calamar vermelho passa, e onde estava a menina agora há uma mancha de tinta.
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Dois critérios marcaram a seleção das obras, o primeiro esteve determinado pela ubicação geracional, os nascidos entre 1972 e 1990; o segundo critério esteve orientado pela procura de uma voz própria, singular e independente que permitisse abrir-se passo por si mesma um espaço, umas representadas na audácia do dizer, outras, expressadas na sua estreita relação com a realidade social ou com os fortes laços da pertença e a consciência latinoamericana.
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