ESTEBAN MOORE
Poema de Esteban Moore (Argentina) - poeta nascido no sul da Argentina e atual assessor da Biblioteca Nacional de Buenos Aires. Contato: estebanmoore@ciudad.com.arg
TEXTO EN ESPAÑOL y/e TEXTO EM PORTUGUÊS
Extraído de
POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia – Ano 2 Número 4 – Rio de Janeiro - Agosto 1994 - Fundação Biblioteca Nacional. ISSN 0104-0626 Ex. bibl. Antonio Miranda
No hagas una historia del amor
Sé de tus pies
perdidos en la noche clara
recorriendo las cenizas del fuego sin medida
todo es inútil:
en el invierno
tus labios no poseerán su lengua
todo es inútil:
en el invierno
la voz que te nombra escalará la memoria del olvido
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda
Uma nova cartografia do mundo---"----poderá ser
representada por um grande mapa ---que, atravessando
de um número indeterminado - de estradas asfaltadas
e largas autopistas
cruzando-se - arbitrárias - fatalmente constituem
uma complexa - e emaranhada rede de encruzilhadas
por elas
poderás percorrer
numa máquina fulgurante último modelo
e ----------------------------------- comodamente
em ambiente climatizado
e com os vidros hermeticamente fechados
as distâncias - que te separam de teu destino
velozmente poderás enfrentar
as curvas - contracurvas - retas - e peraltes
que
se multiplicam - contínua e
perigosamente
nos sinuosos /e brilhantes rios de asfalto
que apartam do mundo circundante
desde este - teu posto no lugar em movimento
observarás - com certa ansiedade
o horizonte
a elipse do sol em sua queda
cujo significado --- sancionado culturalmente
será lembrado quando ela te acaricie a nuca
e tu ---------------- soltas a mão do volante
para acariciar-lhe a coxa
e ela te dirá que está com fome
e tu pensas em fazer uma parada - no próximo
posto de gasolina
onde, protegidos - pelo mesmo ar condicionado
e os mesmos aromas - e a mesma decoração
consumirão rapidamente a mesma comida - que é servida
em todos os restaurantes - de todas as lojas de conveniências
do mundo
- - magnífica
os desejos do Ocidente
e pela manhã reiniciarão a viagem pelos caminhos
de asfalto
que reproduzem sistematicamente
uma paisagem
de cruzamentos - rotatórias - curvas
contracurvas - pontes
distribuidores de trânsito - anéis rodoviários
retas infinitas
cercas reiteradas
a proteção metálica - - - - - - -
que
guia os viajantes
a . h. d
Não faça uma história do amor
Sei dos teus pés
perdidos na noite clara
recorrendo as cinzas do fogo sem medida
tudo é inútil:
no inverno
teus lábios não possuirão sua língua
tudo é inútil:
no inverno
a voz que te nomeia escalará a memória do olvido.
Página ampliada e republicada em dezembro de 2017
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