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CARLOS DARIEL

Nasceu em Buenos Aires em 1956. Atualmente participa da coordenaçao do ciclo de poesia “Farandol”, na localidade de Haedo.  Según el Fuego (Buenos Aires  Nostromo Editores, 2004) é o título de seu livro de estréia.


TEXTO EN ESPAÑOL y/e TEXTO EM PORTUGUÊS

 


LA LLAMA QUE NASCE


            II

vengo desde mí

con un sesgo improvisado

no tengo rostro

                         ni piel

sólo el silencio me delata

          V

abro los ojos

penetro falsías y honduras

opongo a los objetos

la dimisión de sus formas

 

ensayo el orden de las traiciones

 

intuyo cuánto de luz

se nutre en los velos

              

 

A CHAMA QUE NASCE


           II

venho desde mim

com um viés improvisado

não tenho rosto      

                        nem pele

só o silêncio me delata

         V

abro os olhos

penetro falsetes e funduras

oponho aos objetos

a demissão de suas formas

 

ensaio a ordem das traições

 

intuo quanto de luz

se nutre nos véus

 


 

 

CANTO ÍGNEO


          III

a casa onde resguarda o desejo

protege o selo de teu nome

e é um desatino

         agora que a noite

         fecha suas fossas

ceder à intempérie

 

de todos acasos

prefiro aqueles

que detém a clausura

          VII

tudo parece com flores perfuradas

com estampido de vozes

com dentes eclipsados

 

meu sangue se completa

de tudo quanto existe

e meus olhos estalam

como um mármore trêmulo

que pulsasse por última vez

           X

ser um único rastro

mas em todas as direções

 

ser o amor

o bom vinho

a taça sempre repleta

ser o resumo de toda ternura

e a soma de todas as entregas

 

viver disposto a exercer o dia

até esgotá-lo

 

viver aderido à glória da mão

fingindo que o efêmero

não lastima

 

viver em chamas

tecendo a trama do assombro

blandindo no alto a esperança

 

CANTO ÍGNEO


            III

la casa donde guarece el deseo            

protege el sello de tu nombre

y es un desatino

             ahora que la noche

             cierra sus fosas

ceder a la intemperie

 

de todos los albures

prefiero aquellos

que detienen tu clausura

             VII

todo semeja a flores perforadas

a estampida de voces

a dientes eclipsados

 

mi sangre se concluye

de todo cuanto existe

y mis ojos estallan

como un mármol trémulo

que latiera por última vez

           X

ser una sola huella

pero en todas las direcciones

 

ser el amor

el buen vino

la copa siempre llena

ser el resumen de toda ternura

y la suma de todas las entregas

 

vivir resuelto a ejercer el día

hasta agotarlo

vivir asido a la gloria de la mano

fingiendo que lo efímero

no lastima

 

vivir en llamas

tejiendo la trama diaria del asombro

blandiendo en alto la esperanza

 

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