ANIBAL CRISTOBO
Nascido em 1971, em Lanús, província de Buenos Aires, autor de três livros (“Teste da Iguana”, “Jet-Lag” e “Krill”, todos publicados no Brasil), atualmente reunidos no volume “Miniaturas Kinéticas” (pela coleção “Ás de Colete’’, da 7 Letras/Cosac & Naify), Aníbal Cristobo faz de sua vida um eterno deslocamento por paisagens variadas. Mas, antes de tudo, antes de ser este viajante ou figurante de cinema, Aníbal é um poeta, e como poeta um construtor de imagens e cenários poéticos. Sua poesia também traz a marca de quem faz e desfaz seus roteiros, cria espaços e coloca personagens atravessando a cena, falando frases soltas, como uma “filha do capinzal”, ou “uma garota indiana do Denver”.
Traduziu para o português- alguns poetas importantes, como o peruano Antonio Cisneros (“Sete Pragas Depois”, pela coleção “Ás de Colete’’, em parceria com Carlito Azevedo), ou o chileno Gonzalo Rojas.
Leia mais sobre o autor em: http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2831,1.shle no blog: http://www.asescolhasafectivas.blogspot.com/; http://cristobo.livejournal.com/
TEXTOS EN ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
De
Miniaturas kinéticas
(1997-2004)
São Paulo: Kosac Naify;
Rio de Janeiro: Viveiros de Castro Editora, 2005
Edição bilingue Português – Español
Single cacto II
Todo vuelve a crearse: idéntico
en el sigilo de las formas
y en su sentencia:
nada, — un cactus
con su mirada inédita, sus ansias
de llegar hasta aquí.
Y nuestra dispersión, diversión
invertida
alejándolo; llamándolo sin voz:
"poema"
y sin traición; aunque el
amor repita: "el cactus
es también un cuerpo
abandonado aquí. El poema
no podría salvarlo
de la disolución en el vacío... "-
Una ballena blanca (desembarque)
Igual son tus objetos
conocidos, igual
es una ballena blanca, o sos
vos, sentado entre las rocas
igual son tus amigos - vos
pensds: el día
ha pasado, los colores, cualquier
cosa que has visto se vuelve irrepetible
si ahora
"no era exactamente eso "; y
siempre
lo que desea ser,
lo que anda en lo abierto, igual
permanece en el
cuerpo, vive fuera del cuerpo. –
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TEXTOS EM PORTUGUÊS
Single cacto II
Tudo volta a se criar: idêntico
no sigilo das formas
e na sua sentença:
nada - um cacto
com seu olhar inédito, suas ânsias
de chegar até aqui.
E nossa dispersão, diversão
invertida
distanciando-o; chamando-o sem voz:
"poema"
e sem traição; mesmo que o
amor repita: "o cacto
é também um corpo
abandonado aqui. O poema
não poderia salvá-lo
da dissolução no vazio..."—
Uma baleía branca (desembarque)
Igual são seus objetos
conhecidos, igual
é urna baleia branca, é
você sentado entre as rochas
igual são seus amigos - você
pensa: o dia
foi embora, as cores, qualquer
coisa que viu torna-se irrepetível
se agora
"não era bem aquilo"; e
sempre
o que deseja ser,
o que anda no aberto, igual
permanece no
corpo; vive fora do corpo.—
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INIMIGO RUMOR – revista de poesia. Número 12 –
1º SEMESTRE 2002. Editores: Carlito Azevedo, Augusto Massi. Marcos Siscar, Rio de Janeiro, RJ: Viveiros de Castro Editora, 2002. 199 p. Editora, 2001. 204 p. ISSN 1415-9767.
Ex. bibl. de Antonio Miranda
1. CONTÁGIO
Acha engraçado, mas
sabe que está perto: “um jogo de contágio”, diz
ela, tentando se lembrar do nome
do mafioso do filme, “é aquele no qual
você vai transmitir o seu
estado, a sua doença ao maior
número de participantes possível, como
nas brincadeiras de crianças”. Se
você se apaixona é diferente: e essas manchas
no corpo
não deixam mais você
chegar, e você
pode ter certeza de que é Donnie e
mesmo assim
se encontrar extraviado nesse platô deserto...
2. EPILAMVANEIN
Treme, pensa se for
assim: “uma cidade não
é uma mulher “, diz ela, enquanto
vira o lenço, e também: “agora você tem
a solidão de quem lê e passeia
dando a própria mão”. É
possível, mas, e se você sofre
uma crise gelástica? Se você ri
e depois
não lembra mais de nada? Então
é proibido nadar, proibido
se casar, e proibido
declarar num processo; do Código
Hammurabi até aqui, proteja-se
da luz estroboscópica, de
morder a sua língua — bem melhor
é você utilizar o outro hemisfério.—
3. TRAUMATISMOS
Tudo mentira: ”o que eu gostava
mesmo”, diz ela, sorvete
de café a escorrer pela mão, “é de escrever
meus poemas sem graça, falar
da solidão de quando
foi embora, tudo esse pas-de-deux
tão torpe, tão
mal sincronizado do amor. Agora
veja: só consigo pensar
na mulher que caiu
hoje da escada e quebrou
o tornozelo”; não
volta a te olhar mais.—
Poemas escritos originalmente em português.
Página publicada em junho de 2009
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