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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: Ana Suely Pinho Lopes - entrega do título na Reitoria. Reitor Ivan Marques de Toledo Camrgo, Antonio Miranda com o diploma, e o vice-diretor da FACE Renato Tarcísio Barbosa de Sousa.

ANTONIO MIRANDA RECEBE TÍTULO DE PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE DE BRASILIA


O Conselho Universitário da UnB, por aclamação, decidiu conceder o título de professor emérito ao professor doutor titular ANTONIO Lisboa Carvalho de MIRANDA, da Faculdade de Ciência da Informação – FCI. A proposta partiu do colegiado da Faculdade de Ciência a Informação, com o endosso do Instituto de Letras e apoio de muitas instituições, destacando-se a Associação de Bibliotecários do Distrito Federal – ABDF, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT, da Associação Nacional de Escritores – ANE, etc. JUNHO 2014

 

 

Os padrinhos da cerimônia: Elmira Simeão, diretora da Faculdade de Ciência da Informação; Isa Maria Freire, da Universidade Federal da Paraíba; Emir José Suaiden, diretor da Biblioteca Central da UnB e Dulce Baptista, professora e poeta.

 

 

 

Video DISCURSO DE ELMIRA SIMEÃO: Antonio Miranda cientista

 

Video DISCURSO DE ELGA PEREZ LABORDE: Antonio Miranda poeta

 

Ao fundo: Reitor, no centro Profa. Elga Pérez-Laborde e à direita a madrinha Maria da Graça Miranda da Silva.

 

Elga Pérez-Laborde, depois de apresentar um texto (extraído de sua tese de doutorado) sobre a poesia de Antonio Miranda, cantando duas canções de Antonio Miranda, composições de Xulio Formoso, acompanhada ao cello por  Kátia Almeida...    
e  por Marilia de Alexandria (piano).   Completar nomes...

 

 

 

 

 

 

TEXTO NO CORREIO BRAZILIENSE: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2014/11/26/interna_cidadesdf,459224/unb-homenageia-com-o-titulo-de-professor-emerito-antonio-lisboa-carvalho.shtml

 

 

Antonio Miranda apresentando o texto de seu discurso na Reitoria.

DISCURSO DE ANTONIO MIRANDA

Não podendo citar a todos os amigos presentes, cito o Reitor Prof. Ivan Marques de Toledo Camargo, em nome dos demais. Deveria citar também os inimigos ausentes, um deles poderia estar aqui no meu lugar, por merecimento. Os inimigos são importantes, pois nos calibram. Pior são os bajuladores, que não acrescentam nada, salvo os elogios dos verdadeiros amigos, por carinho e não por méritos.

Longe de mim assumir aquele pavoroso aforismo de Nietzsche: “Auscultei o eco e só escutei elogios”.  Gosto mais de críticas do que de elogios. É óbvio que estou mentindo, mas é assim que nós queremos ser. Digo isso no plural, pois sempre mentimos mais para nós mesmos do que para os demais...

Mas vou tentar falar de mim, como se espera, evitando a máscara que sempre usamos nestas ocasiões...

“Eu nasci no Mearim, um rio barrento e lento, lá no fundo da memória”. Na minha cidade natal não havia asfalto, nem biblioteca pública. Mas logo minha família “tomou um Ita no norte” e viemos “para o Rio morar”. Eu descobri o mar, o carnaval no Recife e a enseada da Guanabara e logo estava escrevendo meus primeiros versos.

Nunca fui um aluno muito regular, mas frequentava os livros. Preferia a companhia dos mais velhos. Não era tímido, mas reservado. Meus amigos tinham simpatia por drogas, religião, futebol, ideologias e sexo. Eu não os discriminava, mas não conseguia fumar, nem rezar, até me interessei pela política mas não abraçava nenhum partido e nunca fui promíscuo nas relações pessoais. Não era um santo, adorava a rua e fugia de casa, para o desassossego de meus pais, complacentes.


Jamais me interessou o turismo, nunca viajei para conhecer a Estátua da Liberdade e muito menos as lojas de Miami  — mas estive em mais de 40 países. Buscava gente, mais do que lugares. Preferia os museus em vez de bares, admiro um prato de comida, mas não sou capaz de distinguir um fettucini de um ignoque. Na Inglaterra eu busquei um labirinto arbóreo, em Hong Kong eu busquei os sampuns na baía, em Moçambique eu queria ver arte negra, na Tunísia eu procurei as ruinas de Cartago para venerar a invenção do alfabeto, no Japão eu meditei num templo do século 11 e na Argentina eu tive a glória de conhecer Jorge Luís Borges.

[Visitei Borges na antiga sede da Biblioteca Nacional, na companhia do escritor Manuel Mujica Láinez. Borges me disse: “Você é brasileiro? Leia um poema seu em Português: língua tão sonora, tão bonita.” Eu fiquei encabulado... “Eu estou em Buenos Aires e participo de uma exposição de... poesia visual com o Grupo Madí. Não trago nenhum poema discursivo aqui comigo...” Borges retrucou: “Poesia visual? Então, explique como é um desses poemas...” Respondi, vacilante: “O poema é composto de uma única palavra, que se desdobra: DESEMBARQUE. Aparece primeiro DESEMBARQU e a letra “E” vai para a frente da palavra... Depois vem DESEMBARQ e UE vem para a frente, seguido de QUE, depois RQUE... e assim sucessivamente...” Borges interveio: “Entendi... acaba formando dois triângulos de letras, que conformam um quadrado.” Ele entendeu perfeitamente a composição do poema concreto. Ele enxergava mais do que nós!!!”]

 

Montagem do poema DESEMBARQUE _ “arte verbal de vanguarda” como preferia Antonio Miranda, expondo o clichê tipográfico (início dos anos 60) em exposição no Museu da República, de Brasília, pelo curador Wagner Barja.

Do Brasil eu me lembro das estradas que percorri, um navio no Rio Amazonas, montanhas no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, mais do que praias eu frequentava livrarias e galerias de arte.

Ganhei um prêmio de viagem à Argentina outorgado pela embaixada. Era uma estada de duas semanas com direito de assistir à Bienal de Arte de Córdoba, mas eu fiquei quase um ano. Dei palestras, participei de exposições de poesia de vanguarda, publiquei artigos em jornal e fiz amizades que marcaram a minha vida.
Só me graduei em biblioteconomia aos 30 anos de idade, na Venezuela, cumprindo um exílio voluntário durante os anos da ditadura. Fundei grupos de teatro em Caracas, Bogotá e Lima, fui a muitos países com peças lírico-musicais, até regressar ao Brasil no período da redemocratização. Trabalhei na Embrapa, na Capes, dirigi o IBICT, aulas na UnB e até iniciei a montagem da Biblioteca Nacional de Brasília. Entrei e saí, sempre achando que cada dia era o último dia. Sempre disposto a recomeçar.

Karl Popper, que eu admiro, intitulou um de seus últimos livros “Por um mundo melhor”. Não sou tão otimista. Sou um “pessimista ativo”. Nietzsche pregava contra as crenças, mas escreveu “Assim falava Zaratustra”. Disse que Deus morreu. Se morreu, é porque existiu... Lógico, era uma metáfora. Ele morreu, eu vou morrer. Ele deixou uma obra imortal.

Waly Salomão disse que eu sou um “oximoro concreto”.  Na Venezuela, recentemente, eu me defini como um “socialista... utópico, e um anarquista... científico”. Não sou cristão nem ateu. Nem à toa. Entre o sim e o não, eu prefiro o “sei não” nordestino. Bertrand Russel achava que só há salvação quando a gente é capaz de rir de si mesmo. Não sei se ele disse exatamente isso, não importa...


Não sou “exemplar no sentido cervantino do termo, sou “um” exemplar. Mais importante e menos sarcástico do que isso, na juventude, eu declarei: “Perseguí la imagen que hice de mí, y siempre estoy en deuda conmigo mismo”.


Não sei se mereço o título de Emérito, mas conquistei, com prazer, o grau de Titular. Não por vaidade. É que eu não entrei para a Universidade de Brasília por concurso... e o título me legitimou no meu posto de professor e, aposentado, continuo pesquisando e orientando alunos, não como um apostolado, como uma forma de realização pessoal. Adoro polemizar, e sou mais desconstrutivista do que positivista.
Eu já falei demais, de mim mesmo, e não me conheço tão bem assim para seguir me definindo. Só quero agradecer esta homenagem, invenção de minha amiga Elmira e dos que acreditaram na proposta dela e, mais do que tudo, com o prazer de estar aqui com tantos amigos e colegas para viver meus quinze minutos de glória, como Andy Warhol vaticinou. Logo estarei sozinho, diante de meus livros, de meu computador, fazendo o que realmente gosto de fazer: lendo e escrevendo. É como eu me realizo. Para finalizar, leio um breve poema não muito recente, mas sempre presente:

 

ANTEPASTO

 

 

Tudo o que o Poeta escreve

está resumido

numa única palavra: Solidão.

 

Escrever é distanciar-se do mundo

para poder entendê-lo

é uma forma de morrer.

 

Viver é outra coisa

ainda que alienada.

 

Eu trocaria mil rimas

por uma noite de amor.

 

E trocaria um belo poema

sobre a fome

por um singelo prato de comida.

 

 

 

 

 

Público assistente no auditório da reitoria.


 


Zenilton Gayoso, Maria Evangelista “Majú”, Elmira Simeão, Antonio Miranda e o cineasta Pedro Jorge de Castro.

 

 

 

Brasília, 26 de novembro de 2014

 


 

 

 

 
 
 
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