POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
ORESTE MAURIZIO REGISPANI
Nascido em Quistello, Mantua, Itália,, em 5 de julho de 1948, é residente em Varginha, Minas Gerais, Brasil, e tem livros em português.
TEMPO DE ESTRADA – 20 POEMAS DA TRANSAMAZÔNICA. Rio de Janeiro: S.D.M.T em coedição com Instituto Nacional do Livro e Grupo de Planejamento Gráfico, editores, 1972. 208 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
POEMA DAS VEREDAS DE HYLOEA
Vou eu,
vamos todos nós
atravessar o imenso espaço,
num imenso tempo adormecido!
Cortando um inferno verde,
mas é paraíso inédito
encravado na esperança de um país total
— um país brasil e já deciso. —
Por essa estrada vai quem não fica
e quem não fica é o Brasil...
E todo o povo
e toda gente que esperou
não mais esperar precisa:
é a conquista do espaço verde,
fauna, flora, terra agigantada,
reserva do mundo e futuro nosso
já presente e aceso...
Passado que presente fica,
futuro que se antecipa.
Um mito, um mundo, um mistério
que se desfaz a se
tornar riqueza...
]
É marcha, é avante!
É uma transamazônica epopéia,
a odisséia do espaço dentro da nossa Terra.
Ulisses nossos de homeros pátrios,
Cavalos-máquinas, nossas tróias e
nossas éclogas são diferentes mitos
para nova história...
É marcha, é avante!
é uma transamazônica epopéia,
levando o céu pro inferno adentro:
pro desconhecido torrão ,
o clarão dois mil...
Deixam as amazonas suas
milenares cavalgaduras e se
transportam noutros sonhos mitológicos...
Mas que não parem nunca de cavalgar...
Continuem sendo belas e valentes
montadas nas máquinas quase inteligentes...
O petróleo, o átomo, o engenho mágico
e multidimensional. . . voem, voem pelas
nossas selvas, banhem-se nesses
monstros rios, amarrem-se nos laços
do novo homem brasileiro do espaço. . .
De leste a oeste,
mulheres deslumbrantes,
verão gigante imenso despertado,
um réptil ingente, um colosso,
uma vereda serpenteando esse
continente hidrográfico...
É o homem nosso acompanhando os rios,
adentrando os igapós e
conquistando os igarapés,
atravessando o passado irresoluto,
que não descansa mais na sempiterna noite.
A natura inteira a servir a gente
que esta terra possui:
é tornar-se a natureza tão Brasil,
como o Brasil inteiro;
se tornar progresso,
como a evolução nos cosmos.
Mulheres cavaleiras...
ah! verão os sujeitos dos novos mitos
a cortar o solo verde e fazer entrar
pelo Brasil mais escondido e rico
as mesmas estrelas que iluminam
as noites do sul, desde o Brasil quinhentos
Verão passar os filhos viris
que hão de possuir a toda terra civilizada
e verão serem possuídas;
virgens presumidas, serão fecundadas
por cada coração brasileiro.
Cantarão o mesmo hino
que cada homem seu entoar.
Do Ipiranga ao Amazonas,
do Caburaí ao arroio Xuí,
da Ponta Seixas a Contamana. ..
os mesmos acordes de encanto
no hino deste país!
Amazonas, mulheres de guerra,
Orellana, Pinzón, Teixeira...
já esqueceram-se delas.
Continuarão, se quiserem,
continuarão os mesmos mitos,
mas já inteiras serão nossas
e sem demora, porque serão testemunhas
desta amazônica vitória!
Veredas cor-brasil
rasgando a colcha verde desse leito
da natureza indómita?
— mas indómita é a gente nossa!
Ameríndios e amazonas,
saberão todos que esta Pátria existe
e que está para se tornar também sua...
Ó gente inculta, ó gente autóctone,
breve, conhecerão o Cristo e
saberão leitura.
Sonharão como sonharam os antigos lusos,
sonharão o progresso pressentido,
a terra prometida dos deuses índios.
E as veredas de Hyloea
que se banham nesse Mar Dulce,
que se banham pelo suor dos bravos. . .
se banharão no nosso amor pátrio,
nas nossas lágrimas de alegria e espera...
Vou eu,
vamos todos nós
atravessar o imenso espaço,
num imenso tempo adormecido!
Por essa estrada vai quem não fica
e quem não fica é o Brasil. . .
Página publicada em novembro de 2020 |