No Brasil, Senhor, não há raças
há cores, tonalidades
todos os matizes
numa hierarquia de cores, de classes
-preconceito, sim
(em casa, velado na rua)
segregação, nem tanto-
no processo de embranquecimento.
Raça, só dos animais inferiores.
Uma mestiçagem devoradora
-cruzamentos
até ao infinito.
Uma nova etnia
fundindo ressentimentos
-da escravatura
-dos desterros
-das imigrações
em que se aprende
a dormir em rede
a despir-se
em que o dendê e a pimenta
não são mais privilégio de índios e africanos.
A luta é entre o arcáico
e o moderno
entre o patriarcal
e o comunitário porque
negros, índios e mestiços
continuam pobres.
Extraído da obra TERRA BRASÍLIS (inédita).
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