D E B A I X O .D A. P E LE
Poema de Antonio Miranda
» Foto de Silvio Zambroni
Sobre a pele
outras peles
como armaduras;
sob a pele
outras peles
como tessituras
indeléveis.
Como camadas
no solo ermo
de cebola ardida:
uma inscrição
inconformada.
Quem é que habita as profundezas
do ser? Com certeza é outro
na superfície mais externa
de sua conformidade.
É-se o quê? Sujeito a que desígnios?
Vestir-se
de todas as peles, fantasiar-se
e desvestir-se de véus
como lâminas
acesas.
Sujeito.
Todos os que fomos
sobrevivem em nós
ostentando perdas e ganhos.
Brasília, 12/05/2006
Extraído de:
ALMANAQUE CALENDÁRIO 2020 AGENDA POÉTICA. Editor: Edson Guedes de Moraes. / Jaboatão, Pernambuco/: Editora Guararapes, 2020. 162 p. ilus. col.
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Comentários no blog do poeta ADEMIR A. BACCA [http://poetasdobrasil.blogspot.com/2008/03/antonio-miranda-antonio-miranda-poeta-e.html ]
Ademir publica, em SEGUNDA-FEIRA, MARÇO 03, 2008, o poema “Debaixo da Pele” e em seguida recebe dos internautas os primeiros comentários:
Poeta que ostenta não só a madureza na idade, como em sua tessitura de versos. Profundidade, domínio técnico e lirismo caracterizam esta peça literária. RICARDO MAINIERI
SAM disse...
A minha alegria ao ver este grande poeta homenageado neste espaço é muito grande. Antonio Miranda é homem das letras e sabedoria. Desde adolescente já exercia sua atividade poética fundando em 1956, o jornal estudantil " A voz da Juventude", em Nova Iguaçu , RJ, onde estudou por um período, quando já escrevia poemas e sonetos.
Escrevia desde 1949 para revistas infantis, tendo sido premiado em 1953, com um livro de um conto irradiado.
Tive a grande honra de ler um poema de Antonio Miranda sobre o mito das vítimas de Iemanjá, na Lagoa de Abaeté, enviado a mim pelo poeta, datado mais ou menos de 1954.
Em 1955, escreveu um longo poema: Azyx Paraíso Perdido, exaltando as belezas da nossa terra - uma terra imaginária paradisíaca dentro da Amazônia.
Antonio Miranda estava com um projeto de resgatar a sua incursão poética na fase de sua adolescência.