BURITI
(Mauritia flexuosa)
Poema de Antonio Miranda
Fotos de Juvenildo Barbosa Moreira
Árvore da vida.
Solene,
solitária, solidária.
Nas entranhas da terra e
em cúpula celeste:
ramificações estranhas,
demarcando várzeas
celebrando oásis
matinais.
Óleo e copa,
alimento e proteção de vida.
Das entranhas da terra
ao firmamento,
uma simetria de volumes
invertidos: no espaço aberto
e no solo contido,
ampulheta de vida.
Buritizais descendo geografias
aquáticas
no roteiro dos pássaros
e tropeiros.
Escamas
córneas lustrosas
avermelhadas.
Não se sabe se é a palmeira
que passa ou o tropeiro
que fica.
Testemunhas silentes
mas não indiferentes
pois o buriti é dadivoso
umbrátil
altaneiro.
Enquanto houver buritizais
enquanto houver mananciais
enquanto houver chuvas
lodaçais
enquanto
e portanto
o milagre da existência,
entretanto
vida e pranto.
Extraído do livro CANTO BRASÍLIA. Brasília: Thesaurus, 2001.
Fotografias da Chapada dos Veadeiros no município de Alto Paraíso, GO (Brasil)