Nasceu em Tocantinópolis. Graduada em Pedagogia pela Universidade Católica de Goiás. Fez mestrado na PUC/RJ e lecionou na Universidade Católica de Goiás e na Universidade Federal de Goiás. Leciona atualmente na UNITINS. Membro da UBE-GO e da Academia Tocantinense de Letras.
P(OMAR) DE NÓS
Para Marcelina Dias Neves, minha mãe
É doce e vão esse pomar;
sombra feita,
flores fartas,
frutos gerados
sensualizam a boca.
Pomar que se almeja e conta
é o que se planta.
Sombra firme - reduzida,
flores novas - raras,
frutos fartos - racionados.
Tudo à mão - sem suor
nem invenção.
Pomar que se almeja e planta
é o que conta.
o trabalho com a terra
é um gesto de promessa:
molha a raiz com pranto e riso,
canta o plantio e a colheita,
sonha e arde a todo canto.
Pomar que se planta e conta
é o que se canta.
NOS PASSOS DE EVA
Rasgada a grossa veste,
brinca branco o algodão
nos dedos silenciosos
que lhe deliciam o âmago.
Batido, vira nuvem
e se deita no balaio,
ciente do novo corte
- o seu destino rodando.
Roda na roda ou no fuso;
faz-se infinito em fios.
O algodão que se fia
faz a maciez das redes.
Trançando rendas e rodas,
Eva semeia os sumos
e cria novos rostos.
Muda o mundo em silêncio
com o suor dos seus restos.
CHAMA
A chama que alimenta o passo
cassa o vôo na direção do eterno.
É inútil traçar o mundo
que não vai fundo na vida-morte
do amor. Todos dançam. Uns se entortam
na (di)gestão do doce e do acre - na aorta.
EXATO MISTÉRIO
A rachadura exorta
o canto e a aliança
que se deixam
e dilacera o manto
desse elo desvelado.
A racha é dura
e esmaece o gosto
desse laço
que foi denso
e misteriosamente ex(ato).