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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOSÉ ABUD


Nasceu em Aracaju, Sergipe, em 1938.
Filho de pais sírios, de Aleppo. Inscrição nº 125 do CRM Sergipe. Professor de propedêutica de várias gerações de médicos, um virtuose da medicina artesanal. Um olhar clínico aguçado, remanescente de uma medicina feita com as mãos (palpação, percussão, toque), com os ouvidos, enfim, com os sentidos. Uma medicina centrada na história do paciente, em lembranças, reminiscências, recordações (anamnese). Uma medicina onde os exames eram realmente complementares, e se houvesse discordância entre o resultado dos exames e a clínica, prevalecia a última. A clínica era soberana. Como nos ensinou o professor José Abud: a medicina é uma disciplina das humanidades, não é um ramo da economia (não era).

 

Formado pela Escola Baiana de Medicina em 1961. Retornou a Sergipe, indo clinicar no Hospital de Cirurgia. Médico do INAMPS. Especializou-se em geriatria em 1969, sendo o primeiro geriatra de Sergipe. Depois de se tornar um médico conceituado, com clientela abundante, resolveu voltar aos bancos escolares, formando-se em educação física, aos 69 anos.

 

Poeta, com livros publicados. Durante vários anos comandou um suplemento literário da Gazeta de Sergipe. O Dr. José Abud é membro das Academias Sergipana de Letras e da Academia Sergipana de Medicina. No momento, aos oitenta anos, continua atendendo os seus pacientes com dedicação e competência. José Abud, é de uma geração de médicos que cumpriu um ciclo numa medicina humanizada, centrada no colóquio singular médico/paciente.

 

 

DÚVIDA

 

 

“Como aceitar

que essa boca

que tanto ofende

beije?

 

Que estes punhos cerrados

Se abram mão que

acariciem?

 

Que estes olhos

Injetados de ódio

Se torne serenos

e límpidos?

 

Que esse corpo

tenso de rancor

se abandone,

lânguido,

ao amor?”


 

 

         PRECE


Senhor,
fazei com que, quando eu crescer,
permaneça criança.

Quando eu aprender as coisas,
permaneça simples.

Quando eu amar,
seja solidário.

Quando eu for poderoso,
seja bom.

E que, em nenhuma circunstância, eu perca a fé.

Amém.

 

                                (De Canto primeiro, 1979)

 

 

 

         ERÓTICA II

Mal coberto pela camisola vermelha
teu corpo
rubra centelha.

 


        GEOGRAFIA HUMANA 

       Surpreende-te minha aparente calmaria.
Tenho dentro de mim abismos, montanhas, vales,
vulcões,
toda a humana geografia.



INDIGENTE

Após uma árdua e dura lida,
na sombria sala de anatomia jaz
despido de roupas e da vida.

 

                        (De Canto novo – 1980)

 

 

               
MIRAGEM

 

             No deserto de minha vida
és oásis.

Teu corpo
duna macia.

Tua boca
tâmara madura.

Teus olhos límpidos
apenas refletem minha imagem.

Pobre de mim!
Na aridez de minha vida
és apenas miragem.

 

                                     (De Canto novo – 1980)

 


       

 

Página publicada em janeiro de 2020.

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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