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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ILMA FONTES


 

Psiquiatra e Legista, trocou a Medicina por Jornalismo, Cinema e Ativismo Cultural. Seu curriculum tem diversas páginas de prêmios e atividades em diversas áreas. Aqui transcrevemos um resumo mínimo. Livros: “Melhor de Três – Roteiros para Cinema”/1987 e “A Fúria da Raça” – Roteiro para Seriado de TV (1997). Escreveu, produziu e dirigiu junto com Yoya Wurch os filmes: “Arcanos (O Jogo)” (1980) e “O Beijo” (1980). Produtora, roteirista e diretora do curta “A Taieira” (1986), do seriado de TV “A Última Semana de Lampião” (1986). Dirigiu o Departamento de Produção da TV Educativa de Sergipe (1984/1987), onde fez inúmeros documentários e direção de cinco programas semanais: TeleSaudade, Primeira Chamada, Som-Vídeo, Aperipê Especial e Forró no Asfalto, além de produzir e dirigir todos os vts institucionais da TV Aperipê – Canal 2; Prêmio Anchieta de Teatro – Festival Nacional de São Mateus/ES – “A Fina-Flor”, em parceria com Yoya Wurch, com quem roteirizou o filme “Minha Vida em Suas Mãos” – longa-metragem filmado e lançado no Rio/2001, produzido e protagonizado por Maria Zilda Betlhem. Presidente do Conselho Municipal de Cultura (1995), Presidente da Funcaju (1996), Vice-Presidente do Conselho Municipal de Cultura (1997), Membro do Conselho Estadual de Cultura (2001-2005), Membro do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (2003-2004). Prêmio ASI de Direção de Teatro/1995 com a peça “As Criadas”, de Jean Genet. Prêmio Arlequim de Mármore/UFS/1995, Direção de “As Criadas”; Sócia fundadora e Vice-Presidente da AMART – Associação Amigos da Arte, Fundadora/Editora do Jornal O Capital (que circula desde 1991), e que foi considerado “The Best of the World Journal Cultural” pelo IWA/EUA/1995. Senadora da Cultura pelo Congresso da Sociedade de Cultura Latina - Seção Brasil/SP, diplomada em 11 de maio de 2004.   E-mail: ocapital@infonet.com.br

 

 

Emoções Baratas

 

Sabe meu bem, eu não tenho nada contra quem.

a questão é não negar. não medir. nunca.

hoje ou depois de ontem, o dia é o seguinte.

sequências. consequências. hipotenusas ilusões.

você tanto pode dizer sim como não.

sim, mas não me peça que eu saiba.

sorvo o meu desespero a qualquer semelhança.

e não me diga que você também não dança.

convenhamos: conivências, conveniências.

são as essências de tais insatisfações.

 

Insight. ensaio uma forma de falar de amor.

a velha palavra gasta: amor.

eu te homo. e me dá um branco total.

não sei. leia na bula. se borbulhar engula.

uma loucura, sim, ainda há cura.

na procura, no fundo das profundezas.

“é na subida que se sente o ronco do motor”.

mas não pense que é vantagem chegar aonde estou.

estou por qualquer. pense e tenha.

se esfregue nessa lâmpada de Aladim.

caia em si. caia em mim.

mas por favor, não caia na minha.

se não enxergar essa espinha

que me atravessa o peito

como um defeito que não tem jeito.

 

o dever de rever sem revanche

avalanche de dizer: me jante

como a terra, sedenta de sangue,

me sugue, me sangre, me estanque

wellcome aos caminhos infinitos dos meus mangues.

 

 

 

Confidência de Aracajuana

 

 

              Da série Pornografando Drummond

 

 

Há anos morri em Aracaju,

principalmente no dia em que nasci.

Por isso sou gay, orgástica: de nuvem.

Dois por cento de cajuína na alma

dois por cento de fel nas calçadas

e esse alegramento do que na vida é

pluralidade e solidão.

 

A vontade de amar, que me impulsiona

o trabalho, vem de Aracaju, de suas noites

azuis onde sobram mulheres e horizontes.

O hábito de mexericar, que tanto dilacera,

é amarga herança aracajuína.

 

De Aracaju levei poucas prendas

que posso oferecer: um búzio sujo

de petróleo, que trago no peito

um pensar desembestado como um defeito

essa falta de jeito, nenhum sofá

nem sala de estar, nada em volta.

 

Tive mesas, tive cadeiras, tive divãs!

Hoje, não sou funcionária pública. Nem

médica psiquiatra. Jornalista por ofício

com vício de cineasta, viro

o videócio na videocidade. Saudade.

 

Aracaju é apenas um cu

– mas como dói!

 

 

 

Extraído de  A REVISTA DA LITERATURA, n. 004, dezembro 10’4, p.15. Direção: Selmo Vasconcellos.

 

 

SuperEgo

 

Uma hora eu quero tocar o barco pra frente

Noutra, quero virar o barco e afogar toda gente.

 

Horas eu passo sem temer, sem rir, sem falar

Horas morro feito cigarra, estourada de cantar

 

Por vezes posso ser a Bela da Tarde

Por outras posso ser o fantasma da Liberdade

 

Algumas vezes mar sereno, sem ondas, sem espuma *

Frequentemente ressaca, maremoto, céu de brumas

 

Numa hora quero ser eterna, dura, diamante

Noutra sou poeira, passante, sem dia nem hora,

Sem amante   sem noite   e sem calmante

Só eu só

– E ainda assim, sou mais eu.

 

 

                            * Verso de Júlio Salusse no poema “Os Cisnes”

 

 

Página publicada em abril de 2015


 

 

 
 
 
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