EZIO DÉDA
Arquiteto e escritor, natural da cidade de Simão Dias, Sergipe. Em 2001 lançou o livro de poemas Árvore de folhas caducas. Pós-grauado em Desenho, Registro e Memória Visual pela UFES, exerceu a função de coordenador dos cursos de Arquitetura e Urbanista e de Design de Intgeriores da Universidade Tiradentes entre 2004 e 2009, ocupando atualmente a cátedra de Projeto de Arquitetura.
DÉDA, Ezio. A casa das ausências. Rio de Janeiro: &Letras, 2010. 120 p. capa dura, sobrecapa. Inclui CD Projeto editorial: Germana Gonçalves de Ara´pujo. Diagramação e ilustração: Foto do autor: Lúcio Telles. Produção gráfica: Isabella Carvalho. 22,5x22 cm. ISBN 978-85-648-3 Col. A.M. (EE)
Quando chegou a primeira ausência
Ainda vivia no verdadeiro tempo das coisas
Cotidiano de minhas esperas
Mas vieram tantas outras
Que aprendi a morar na antecedência do destino
Eu existi na véspera da vida.
***
Sinto a vida calefar pelos poros
Não posso conter o apelo de minha anatomia
Sou o veículo frágil das hipóteses desconexas
[das crenças céticas, dos hermetismos confessos
Corpo que não cabe em recipientes
[invólucros, experimentações de conter
Sou o títere das articulações engessadas
Sou eu mesmo meu próprio simulacro.
***
Meu nome traz expectativas que não são as minhas
Heranças de um destino com prévios significados
Quando leio essa palavra em outra letra
Um indivíduo alheio se manifesta
É como se fosse alguém que não conheço
Mas que sabe da minha casa
Esse substantivo é uma instituição pública
Que traz cidadania compulsória
E permissão para existir
Quando pronunciam o meu nome
A identidade involuntária responde
Mas quando me chamo
Ouço-me anónimo de mim.
Página publicada em outubro de 2012 |