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EDNILSON DE PAULO
Ednilson de Paulo é natural de Presidente Epitácio/SP.
Militar da Marinha do Brasil, participou da Antologia "Poetas do Café", "Coletânea Literária 42 anos Casa do Poeta Rio-Grandense" (2006) e Antologia "Poetas En/Cena", lançada durante o /// Belô Poético.
Publica seus poemas no Blogger retratosdaalmal.blogspot.com e algumas crônicas e contos no umbocadinhodeprosa.blogspot.com
Reside em Corumbá/MS.
POESIA DO BRASIL. Vol. 5. Org. Ademir Antonio Bacca. Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007. 308 p.Ex. bibl. Antonio Miranda.
Vazio
Não me faz mais,
não me faz menos
o sol que sorvo
neste fim de tarde.
Em nada me altera
essa brisa que passa
me abraça e se vai...
Pouco me importa
o fim da tarde,
o fim do dia,
o agonizar da noite...
Outras tardes
outros dias
outras noites virão
Meu olhar sobre o rio
não altera o seu curso
e esse meu discurso
não altera o poema.
Alienado?
— Não, crucificado
no vazio das horas que passam
sem minha permissão.
As tuas noites sempre vêm
Nego o afeto
com que me infestas
Amanheço cedo
já vou tarde
quando caio
nas tuas noites
Acre aroma de velhas flores
exalam dos jardins da saudade
O que se foi
chega cedo
quando a vida
já vai tarde
Ah! Esse amor que me afeta
e deixa-me como feto
no útero das tuas lembranças
Nego e renego mas...
Não convenço
Amanheço cedo
já vou tarde
quando caio n
as tuas noites...
E elas sempre vêm...
Para além do fogo e das cinzas
Nem fogo que arde nem cinzas que sobram
sou fumaça que sobe e se desfaz no infinito
viajo nas entrelinhas
cedo decifrei nos olhares
o que as bocas calavam
introspectei o mundo refratário absorvi e expectorei
o ácido que corrói a língua
me dá vertigem
quando sobe o tom da voz
fuligem escapo da sentença subo pela chaminé sobro no teto
sou voto
sou veto
sou feto na intenção
mordo a língua
firo palavras
e delas o que sangra
escorre sempre
para o vazio
do lugar comum
Doce veneno
Discretos,
os olhos da moça
bem que tentaram...
Mas como ser discreto
aquele azul
que nunca vi?
Fingir não ver
eu bem tentei fingir...
Mas como fugir
daquele céu em mim?
Presa fácil,
hipnose em curso,
paixão enrodilhada.
Extasiado,
perplexo,
paralisado,
espero o bote
e o torpor
do teu doce veneno.
Página publicada em novembro de 2019
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