CARLOS ALBERTO PESSOA ROSA
Nasci em 6 de setembro de 1949, em um bairro operário de São Paulo, convivi com húngaros, italianos, portugueses e japoneses. Minha primeira escola, Grupo Escolar Pio XII, era de madeira, muito pobrezinha, lá plantei a primeira árvore, fica no bairro do Piqueri, perto da Freguesia do Ó. Fiz o quinto-ano do Grupo Escolar Guilherme Kullmann, no bairro da Lapa. Preparou-me para entrar no Instituto de Educação Anhangüera, no mesmo bairro, onde completei o curso ginasial e colegial. Com quatorze anos, comecei a trabalhar, o que me obrigou a estudar no período noturno, até entrar na faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, antigamente mantida por uma fundação, onde terminei a graduação e fiz a Residência Médica.
Obras publicadas:
“A cor e a textura de uma folha de papel em branco”, livro contos, Prêmio UBE/CEPE, Editora CEPE, 1998, Comissão Julgadora: Raimundo Carrero (livro também selecionado no Prêmio Cidade de Belo Horizonte);
“Destinos de Vidro”, Contos Premiados, Ed. Meiotom, 1992;
“Mortalis, um ensaio sobre a morte”, Editora LivroAberto, Prêmio Xerox/LivroAberto de Ensaio, 1997;
Poesia publicada no Cancioneiro Infanto-Juvenil da Língua Portuguesa, Instituto Piaget, Portugal, nos livros “O livro é uma história com boca” e “O sonho vem pela cabeça”;“Fonte Criadora”, livro de poesias, Prêmio IPI, publicado pelo Instituto Poesia Internacional, PA, 1990.
Obras inéditas e premiadas:
“Vitrais”, Poesias, Menção Especial no Sindicato dos Escritores do RJ, 1991;
“Viscerais”, Poesias, primeiro lugar no Sindicato dos Escritores do RJ, 2005;
“O céu conta histórias de fogo”, Poesias, Menção Honrosa, Concurso Mulheres Emergentes, 1999;
“Empoçados debaixo da copa da noite”, Poesias, Menção Honrosa, IV Festival de Literatura Xerox do Brasil e Revista Livro Aberto, 2005;
“Mistérios Invisíveis que não brotam igual ao seio”, literatura infanto-juvenil, Menção Honrosa, Prêmio Mario Quintana, 2005 (também selecionado no Prêmio João-de-Barro, em BH, e na UBE-RJ, prêmio especial);
Diversos:
Selecionado em Poemas no Ônibus e primeiro prêmio no concurso Waly Salomão, 2006;
Selecionado na RFI entre os 20 melhores contos da língua portuguesa;
Selecionado no Prêmio Stanislaw Ponte-Preta, Prefeitura Municipal Cultura do Rio de janeiro, crônica (primeiro lugar);
Selecionado MAPA cultural do Estado de São Paulo;
Menção pelo conjunto de obras no Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo; Prêmio Especial do Júri, “Esquizocrônicas”, crônicas, e “Ondulações dos Seres Humanos”, contos, UBE-RJ, 2003.
Selecionado “Contistas de Hoje e de Amanhã”, publicação do D.O. Leitura/Cultura do Estado de São Paulo;
Selecionado Concurso Nacional Helena Kolody, Secretaria da Cultura do Paraná;
Selecionado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Haikais;
Contos publicados em diversos jornais e periódicos e na revista “Olhar” da Universidade Federal de São Carlos.
Editor de www.meiotom.art.br
O CÉU CONTA HISTÓRIAS DE FOGO
(seleção de poemas sociais)
PALHA
magricelos
pálidos e foscos
casebres
: o que mantém
em pé
seus homens
e crianças de palha?
CRIANÇAS DORMINDO NA CALÇADA DA CATEDRAL I
sinos
redobram em poetas
poesias
ressoam em dobras
de crianças
que rebatem em gemidos
de abandono
nas bases de catedrais
barrocas
CRIANÇAS DORMINDO NA CALÇADA DA CATEDRAL II
sinos
ressoam na catedral
Beneditinos
redobram em cantos
fora
: crianças
rebatem em gregorianos
latidos
agudos de dor
e abandono
ESTILHAÇOS
criança
beberica palavras na janela
do carro
o olho da mulher
é espelho do pequeno pedinte
um estalido
de estilhaços e vísceras
APRUMADO
o épico
das latas de lixo
da procissão
de crianças famintas
do ato
de o cão fugir arisco
dos muros
arredios e despidos de rima
do imponderável
aprumado na velha e desgastada
palavra
CENA FAMILIAR EM UMA FAVELA DE GUARULHOS I
margeiam
sem olhar os lírios
do campo
o sorriso
um varal de dentes
é todo
de seu homem que trabalha
o filho
chacoalha alegria
em pipas
aventureiras no céu
ANDARILHO EM PEQUENA CIDADE DO INTERIOR PAULISTA
o céu
conta histórias de fogo
e castelos
uma chuva de nuvem cai
em catarata
a luz
da antiga padaria
acesa
e o pequeno animal
esquecido
atropelado na estrada
acusam vida
nas costas
sacos de segredos
falam
do que restou
do homem que atravessa
luzes
CENA NA FAVELA DO PATURI I
o garoto
remelas no rosto
cabelo
grudado no couro
gasta
saliva no pião
a fieira
abraça o corpo
os braços
respeitam a mira
e o olhar
gira na circunferência
rodopia
sem conhecer os limites
da justiça
CENA NA FAVELA DO PATURI II
desconjuntada
a boneca jaz afogada no esgoto
a céu aberto
ante o olhar de indiferença
de crianças
que coçam piolhos na cabeça
MENOR EM ALGUMA METRÓPOLE BRASILEIRA
o homem
morde o sexo da menina
menor ainda
de rosto cicatrizado
pelas mãos
de um destino-desatino
que lhe deu
um valor de mercado
EROS
lésbias so(m) bras
pre nuncio alua mentos
sin istros astro
lábios tes ouras
no anoni mato
eros
[poema extraído de: http://www.jornaldepoesia.jor.br]
VIA VERSO. III Concurso Nacional de Poesia. Ourinhos, Prefeitura Municipal de Ourinhos, Departamento Municipal de Cultura, Biblioteca Municipal Tristão de Athayde, 1995. 98 p. 15 x21 cm. Coordenação do Projeto: Marco Aurélio Gomes. Capa: Dany Eudes Romeira.
Ex. bibl. Antonio Miranda
Útero
um calor
de fontes e origens
faz mágicas
às mãos que acariciam
o vaso
e ressuscitam flores amarelas
a metáfora
faz do útero um vaso
e das mãos do poeta
as de obstetra
e a poesia
escorrega num ritual
do nascimento
sem o peso da matéria
(baixo-peso
dirá o obstetra)
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia. Ano XV. No. 24. Editor Guido Bilharino, Uberaba, MG: 1995. 150 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
PLACAS
som bras
úmidas su catas
placas pa lavras
po e sai
TERRA
ar a bar
ranco ar rasta
ra i va
da terra
no fim de t
ar de
Página ampliada em junho de 2024
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página publicada em junho de 2021
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