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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

CARLOS ALBERTO PESSOA ROSA

 

Nasci em 6 de setembro de 1949, em um bairro operário de São Paulo, convivi com húngaros, italianos, portugueses e japoneses. Minha primeira escola, Grupo Escolar Pio XII, era de madeira, muito pobrezinha, lá plantei a primeira árvore, fica no bairro do Piqueri, perto da Freguesia do Ó. Fiz o quinto-ano do Grupo Escolar Guilherme Kullmann, no bairro da Lapa. Preparou-me para entrar no Instituto de Educação Anhangüera, no mesmo bairro, onde completei o curso ginasial e colegial. Com quatorze anos, comecei a trabalhar, o que me obrigou a estudar no período noturno, até entrar na faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, antigamente mantida por uma fundação, onde terminei a graduação e fiz a Residência Médica.

 

Obras publicadas:

A cor e a textura de uma folha de papel em branco”, livro contos, Prêmio UBE/CEPE, Editora CEPE, 1998, Comissão Julgadora: Raimundo Carrero (livro também selecionado no Prêmio Cidade de Belo Horizonte);

Destinos de Vidro”, Contos Premiados, Ed. Meiotom, 1992;

Mortalis, um ensaio sobre a morte”, Editora LivroAberto, Prêmio Xerox/LivroAberto de Ensaio, 1997;

Poesia publicada no Cancioneiro Infanto-Juvenil da Língua Portuguesa, Instituto Piaget, Portugal, nos livros “O livro é uma história com boca” e “O sonho vem pela cabeça”;“Fonte Criadora”, livro de poesias, Prêmio IPI, publicado pelo Instituto Poesia Internacional, PA, 1990.

 

Obras inéditas e premiadas:

Vitrais”, Poesias, Menção Especial no Sindicato dos Escritores do RJ, 1991;

Viscerais”, Poesias, primeiro lugar no Sindicato dos Escritores do RJ, 2005;

“O céu conta histórias de fogo”, Poesias, Menção Honrosa, Concurso Mulheres Emergentes, 1999;

“Empoçados debaixo da copa da noite”, Poesias, Menção Honrosa, IV Festival de Literatura Xerox do Brasil e Revista Livro Aberto, 2005;

“Mistérios Invisíveis que não brotam igual ao seio”, literatura infanto-juvenil, Menção Honrosa, Prêmio Mario Quintana, 2005 (também selecionado no Prêmio João-de-Barro, em BH, e na UBE-RJ, prêmio especial);

 

Diversos:

Selecionado em Poemas no Ônibus e primeiro prêmio no concurso Waly Salomão, 2006;

Selecionado na RFI entre os 20 melhores contos da língua portuguesa;

Selecionado no Prêmio Stanislaw Ponte-Preta, Prefeitura Municipal Cultura do Rio de janeiro, crônica (primeiro lugar);

Selecionado MAPA cultural do Estado de São Paulo;

Menção pelo conjunto de obras no Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo; Prêmio Especial do Júri, “Esquizocrônicas”, crônicas, e “Ondulações dos Seres Humanos”, contos, UBE-RJ, 2003.

SelecionadoContistas de Hoje e de Amanhã”, publicação do D.O. Leitura/Cultura do Estado de São Paulo;

Selecionado Concurso Nacional Helena Kolody, Secretaria da Cultura do Paraná;

Selecionado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Haikais;

Contos publicados em diversos jornais e periódicos e na revista “Olhar” da Universidade Federal de São Carlos.

 

Editor de www.meiotom.art.br

 

 

O CÉU CONTA HISTÓRIAS DE FOGO

(seleção de poemas sociais) 


PALHA

 

magricelos

pálidos e foscos

casebres

: o que mantém

em pé

seus homens

e crianças de palha?

 

 

CRIANÇAS DORMINDO NA CALÇADA DA CATEDRAL I

 

sinos

redobram em poetas

poesias

ressoam em dobras

de crianças

que rebatem em gemidos

de abandono

nas bases de catedrais

barrocas

 

 

CRIANÇAS DORMINDO NA CALÇADA DA CATEDRAL II

sinos

ressoam na catedral

Beneditinos

redobram em cantos

fora

: crianças

rebatem em gregorianos

latidos

agudos de dor

                  e abandono

 

 

ESTILHAÇOS

 

criança

beberica palavras na janela

do carro

o olho da mulher

é espelho do pequeno pedinte

um estalido

de estilhaços e vísceras

 

 

APRUMADO

 

o épico

das latas de lixo

da procissão

de crianças famintas

do ato

de o cão fugir arisco

dos muros

arredios e despidos de rima

do imponderável

aprumado na velha e desgastada

palavra

 

 

CENA FAMILIAR EM UMA FAVELA DE GUARULHOS I

 

margeiam

sem olhar os lírios

do campo

o sorriso

um varal de dentes

é todo

de seu homem que trabalha

o filho

chacoalha alegria

em pipas

aventureiras no céu 

 

 

ANDARILHO EM PEQUENA CIDADE DO INTERIOR PAULISTA

 

o céu

conta histórias de fogo

e castelos

uma chuva de nuvem cai

em catarata

a luz

da antiga padaria

acesa

e o pequeno animal

esquecido

atropelado na estrada

acusam vida

nas costas

sacos de segredos

falam

do que restou

do homem que atravessa

luzes  

 

 

CENA NA FAVELA DO PATURI I

o garoto

remelas no rosto

cabelo

grudado no couro

gasta

saliva no pião

a fieira

abraça o corpo

os braços

respeitam a mira

e o olhar

gira na circunferência

rodopia

sem conhecer os limites

da justiça

 

 

CENA NA FAVELA DO PATURI II

desconjuntada

a boneca jaz afogada no esgoto

a céu aberto

ante o olhar de indiferença

de crianças

que coçam piolhos na cabeça 

 

 

MENOR EM ALGUMA METRÓPOLE BRASILEIRA 

 

o homem

morde o sexo da menina

menor ainda

de rosto cicatrizado

pelas mãos

de um destino-desatino

que lhe deu

um valor de mercado 

 

 

EROS 

 

lésbias so(m) bras

pre nuncio alua mentos

sin istros astro

lábios tes ouras

no anoni mato

eros 

 

 

[poema extraído de: http://www.jornaldepoesia.jor.br]

 

VIA VERSO. III Concurso Nacional de Poesia.  Ourinhos, Prefeitura Municipal de Ourinhos, Departamento Municipal de Cultura, Biblioteca Municipal Tristão de Athayde, 1995.  98 p.  15 x21 cm.   Coordenação do Projeto:  Marco Aurélio Gomes.  Capa: Dany Eudes Romeira.

Ex. bibl. Antonio Miranda 

 

Útero

 

um calor
de fontes e origens
faz mágicas
às mãos que acariciam
o vaso
e ressuscitam flores amarelas

a metáfora
faz do útero um vaso
e das mãos do poeta
as de obstetra

e a poesia
escorrega num ritual
do nascimento
sem o peso da matéria

       (baixo-peso
dirá o obstetra)



DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia.  Ano XV. No. 24. Editor Guido Bilharino,   Uberaba, MG: 1995.   150 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

                                      PLACAS

                
som                            bras 
                 úmidas        su           catas
                 placas         pa          lavras
                 po               e                sai




                              TERRA

                 
ar              a                bar
                 ranco        ar              rasta
                 ra               i                  va
                 da                              terra
                 no     fim                  de    t
                 ar                                  de

 

 

Página ampliada em junho de 2024



      *

 

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Página publicada em junho de 2021






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