BONILSON TONIOLO
Benilson Toniolo é poeta, contista e membro da Academia de Letras de Campos do Jordão e Secretário Municipal de Cultura de Campos do Jordão.
Livros Publicados: Poemas Jordanenses, Sandálias Paternas e Outros Poemas, Mar de Amares, Marés e Serranias, Às Margens do Coxipó, Canoeiro (todos de Poesia), Porró do Beco das Almas e Casos ao Acaso (contos) e 50 Artigos Publicados (crônicas).
Membro das Academias de Letras de Campos do Jordão e Bauru, União Brasileira de Trovadores e Movimento União Cultural.
Blog do autor: https://www.blogger.com/profile/01314570971905717576
POESIA À MARGEM DO COXIPÓ
Visão de um mínimo
E breve pássaro
Que arriva e num átimo
Foge,
Deixando meus olhos secos
E desprovidos de poesia.
Escuta:
Habita em mim
Um pássaro negro que grita
Quando amanhece,
E outro que se suicida
Sem prévio aviso.
Galhos arvoram
A língua nas nuvens,
E a noite traz ruídos
E tempestades de palavras
Que o espírito repele.
Me refugio
Num esconderijo sem portas.
Como um bicho, renuncio
A todas as urgências
Que me assolaram.
Fecho-me, concha indevassável
Como a tez de labaredas.
O poeta, pode dizer-se,
É alguém sempre prestes a ir embora
Atrás de algum pássaro.
Um ente que se mistura ao mundo
Sem pertencê-lo.
Um peixe escamoso do Coxipó.
Nada demais.
Caminha o poeta
Por uma estrada, como um tonto,
De há muito desconhecida,
E que ninguém repara.
Simples
Como uma ponte.
Como a noite.
Como um pássaro,
Quando alça voo sobre o rio.
OLIANI, Luiz Otávio. entre-textos 2. Porto Alegre, RS: Vidráguas, 2015. 104 p. 14x21 cm. ISBN 978-85-62077-19-7 “ Luiz Otávio Oliani “ Ex. bibl. Antonio Miranda
CVII
Nada mais possuo
Além da língua e do verbo
— Únicas possessões consignadas.
E, quando me fizer silêncio,
Nem isso terei mais.
Mas enquanto sou palavra,
Deixo meu dissonante canto
Escondido entre as esquinas,
Meu linguajar ocioso
Encostado n´algum muro
— Um dos vários da Cidade.
Nada mais quero, além disso.
A mão a descrever um grito.
O dia a lembrar histórias.
A boca a abrigar passarinhos.
(De Marés e serranias – SP,
Edição do autor, 2012.)
MASSA FALIDA
Luiz Otávio Oliani
quando me fizer silêncio
não haverá litígio
nada de carros
casas de praia
pensões
sobrarão uma módica escrivaninha
onde nasceram muitos texto
papéis
rascunhos
e uma grande biblioteca
o legado maior será o da palavra
Página publicada em outubro de 2020
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