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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANTONIO VENTURA


         O poeta Antonio Ventura nasceu em 06 de junho de 1948, na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. 
         Em 1967 Antonio Ventura, liderando outros jovens, promoveu em Ribeirão Preto a Primeira Noite de Poesia Moderna em praça pública, ao ar livre.
         No ano de 1972 foi para o Rio de Janeiro, começou a vender seus poemas, em folhas mimeografadas, dentro do Teatro Ipanema, quando foi encenada a peça Hoje é dia de Rock, de autoria de José Vicente, amigo pessoal do poeta. Depois continuou no Teatro Ipanema vendendo seus poemas, quando da peça A China é azul, de autoria de José Wilker. Publicou poemas na revista Rolling Stone, e na revista de cultura Vozes. E assim viveu no Rio de Janeiro até junho de 1975. Foi uma fase de grande produção literária, quando foram escritos os poemas contidos em Viagem e Reivindicação da eternidade.  

         Em novembro de 1991 ingressou na Magistratura do Estado de São Paulo. 
         Em março de 1998 fundou em Mococa-SP, o Grupo Início – entidade literária. 
         Em 2001 participou do livro Antologia Poética-Grupo Início
         Em dezembro de 2002 o poeta Antonio Ventura aposentou-se como Magistrado.  [Resumo da biografia - fonte: http://www.ube.org.br/biografias-detalhe.asp?ID=1075

 

O JULGAMENTO

Aplicar a pena
que pena!
Que coitado
do homem
no banco
dos réus.

Matou?
Por crueldade
ou legítima defesa?
A prova
nem sempre
está no bojo
dos autos.

In dubio pro reo?
E a vítima,
coitada:
E enquanto
os homens julgam
na Terra
o destino do outro,

na tarde
Deus passeia
indiferente
no céu
cheio de nuvens.

 

MATO LIMPO

Limpeza total.
E guardar em lugar abscôndito
aquilo que é sagrado
por natureza.

Não deixar vestígios
de sua caminhada pelo mato a dentro.

 

BOI DA ESTEPE

Boi da estepe, solitário
e vário em seus amores!
Mas amo uma única
só fonte, onde o prazer

de mastigar eternos dias
e ruminar de volta
os eternos dias que já
nos foram, e somos

e seremos.  Eternos
dias de meu mastigar:
nunca falte na mesa o pão

e mesmo a concórdia, o vinho
e a chave de um dia,
por todos esperado.


 

Poemas extradídos de


Antonio Ventura 
O catador de palavras.  
Apresentação de Carlos Nejar.
Rio de Janeiro: Topbooks, 2011.   354 p.  
 ilus.  ISBN  978-85-7475-190-0

 

Para Mário Chamie (que há pouco nos deixou, para nossa tristeza), Antonio Ventura militou no espaço da poesia marginal e “expõe os vários momentos e faces de sua trajetória de poeta, dá bom testemunho disso”. Vendia seus versos mimeografados nas sessões de teatro no Rio de Janeiro no início da década de 70 até mudar de rumo e concluir sua carreira como magistrado. Uma tremenda metamorfose.  Álvaro Alves de Faria certamente está mais próximo da criação do poeta, guardadas as diferenças de estilo: “O catador de palavras é, no fundo, um testemunho de vida, aquilo que a vida nos oferece ao seu tempo”.  Antonio Carlos Secchin resume sua trajetória: “No ponto de partida do adolescente ou na estação de desembarque do adulto, a mesma transbordante celebração da Poesia”.

Vão dois breves poemas a guisa de apresentação do livro e do poeta:

 

NOITE

A noite
já comumente
agitada
é como um grito
de cães no escuro.

A noite é um uivo de cão
inconsolavelmente atento.

A noite é um grito
de todas as bocas abertas
no escuro gritando!

Gritando!

Gritando!

 

 

A OBRA É IMENSA E O MAR É BREVE

         Ao poeta Elias José

A obra é imensa e o mar é breve.
Assim vamos catando palavras,
madrugadas de galos
cantando nos quintais
das roças,
onde sempre perto de algumas pedras
correm bicas
de águas limpinhas.

 

ANTOLOGIA UBE. Organização de Joaquim Maria Botelho.  São Paulo, SP: Global Editora, 2015. 287 p.   ISBN 978-85-260-2128-0  Inclui Poesias, contos e crônicas.  Poetas: Anderson Braga Horta, Antonio Ventura, Aricy Curvelo, Beatriz Helena Amaral, Bety Vidigal, Carlos Vogt, Claudio Vogt, Dalila Teles Veras, Djalma Allegfro, Eros Grau, Eunice  Arruda, Francisco Moura de Campos, Gláucia Lemos, Hamilton Faria, Hélder Câmara, Luis Avelima, Moniz Bandeira, Mara Senna, Marco Aqueiva, Mariz Baur, Nei Lopes, Oleg Almeida, Péricles Prade, Renata Pallotini, Severino Antônio.

 

 

BALADA DO REI E O MENINO

 

          Antonio Ventura

 

As noites do rei estão repletas de mortos

em valas fundas e coletivas

no negro frio da noite, da floresta.

 

Eu não, eu pássaro, eu menino.

 

Os dias do rei são de espertezas, traições,

ciladas, facas traiçoeiras, de repente.

O sangue ao sabor de simples vento.

O sangue do homem vampiro

escorrendo do pescoço da vítima desavisada.

 

Eu não, eu pássaro, eu menino.

 

Nas noites do rei não só o horror da morte

mas da carnificina, povoam seus sonhos,

sua consciência e não encontra vento

nem ar, na densa floresta de abutres.

 

Eu não, eu pássaro, eu menino.

 

Mas o rei dorme feliz, porque ele é o rei,

é a faca que sangra, o tiro certeiro

na pureza de Maria, no seio de Maria,

e nos filhos sem pais e sem Maria.

 

Eu não, eu pássaro, eu menino.

 

Deixe que o rei manche de sangue sua espada

mate as criancinhas e as crianças e os meninos.

Usurpe da coroa nem de prata mas de lata.

Deixe que o rei deite em leito com seus fantasmas

deixe que o rei durma com seus mortos

pois morto, morto, um dia será o rei posto.

 

Eu não, eu pássaro, eu menino.

 

Veja também videopoemas do autor:

 

 


Página publicada em agosto de 2011; ampliada em novembro de 2014.

 

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