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ANTONIO VENTURA
O poeta Antonio Ventura nasceu em 06 de junho de 1948, na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Em novembro de 1991 ingressou na Magistratura do Estado de São Paulo.
O JULGAMENTO
MATO LIMPO
BOI DA ESTEPE Poemas extradídos de
Para Mário Chamie (que há pouco nos deixou, para nossa tristeza), Antonio Ventura militou no espaço da poesia marginal e “expõe os vários momentos e faces de sua trajetória de poeta, dá bom testemunho disso”. Vendia seus versos mimeografados nas sessões de teatro no Rio de Janeiro no início da década de 70 até mudar de rumo e concluir sua carreira como magistrado. Uma tremenda metamorfose. Álvaro Alves de Faria certamente está mais próximo da criação do poeta, guardadas as diferenças de estilo: “O catador de palavras é, no fundo, um testemunho de vida, aquilo que a vida nos oferece ao seu tempo”. Antonio Carlos Secchin resume sua trajetória: “No ponto de partida do adolescente ou na estação de desembarque do adulto, a mesma transbordante celebração da Poesia”. Vão dois breves poemas a guisa de apresentação do livro e do poeta:
NOITE
A OBRA É IMENSA E O MAR É BREVE
ANTOLOGIA UBE. Organização de Joaquim Maria Botelho. São Paulo, SP: Global Editora, 2015. 287 p. ISBN 978-85-260-2128-0 Inclui Poesias, contos e crônicas. Poetas: Anderson Braga Horta, Antonio Ventura, Aricy Curvelo, Beatriz Helena Amaral, Bety Vidigal, Carlos Vogt, Claudio Vogt, Dalila Teles Veras, Djalma Allegfro, Eros Grau, Eunice Arruda, Francisco Moura de Campos, Gláucia Lemos, Hamilton Faria, Hélder Câmara, Luis Avelima, Moniz Bandeira, Mara Senna, Marco Aqueiva, Mariz Baur, Nei Lopes, Oleg Almeida, Péricles Prade, Renata Pallotini, Severino Antônio.
BALADA DO REI E O MENINO
Antonio Ventura
As noites do rei estão repletas de mortos em valas fundas e coletivas no negro frio da noite, da floresta.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Os dias do rei são de espertezas, traições, ciladas, facas traiçoeiras, de repente. O sangue ao sabor de simples vento. O sangue do homem vampiro escorrendo do pescoço da vítima desavisada.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Nas noites do rei não só o horror da morte mas da carnificina, povoam seus sonhos, sua consciência e não encontra vento nem ar, na densa floresta de abutres.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Mas o rei dorme feliz, porque ele é o rei, é a faca que sangra, o tiro certeiro na pureza de Maria, no seio de Maria, e nos filhos sem pais e sem Maria.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Deixe que o rei manche de sangue sua espada mate as criancinhas e as crianças e os meninos. Usurpe da coroa nem de prata mas de lata. Deixe que o rei deite em leito com seus fantasmas deixe que o rei durma com seus mortos pois morto, morto, um dia será o rei posto.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Veja também videopoemas do autor:
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