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Sobre Antonio Miranda
 
 


 
 

ANTÔNIO DE GODÓI

 

 

Antônio de Godói Moreira e Costa - "Antônio de Godói". Nasceu a 23 de setembro de 1873. Faleceu nesta capital a 29 de abril de 1905. Feitos os estudos preliminares e de humanidades, matriculou-se, em 1890, na Faculdade de Direito de S. Paulo. Bacharelou-se em 1894. Quando acadêmico, colaborou em vários jornais e revistas paulistas.  Fonte: http://www.jornalolince.com.br

 

 

Extraído de

 

WORMS, Pedro de Alcântara.   232 poetas paulistas.   Rio de Janeiro: Conquista, 1968.  497 p.  13,5x20,5 cm.  Capar: Célio Barroso. Inclui uma "Errata" ao final do livro.

 

 

 

         TROVAS

       

        Teus olhos da cor da aurora

        De uma doçura sem fim...

        (Ai! mesmo Nossa Senhora

        Não era bonita assim!)

        Explana o verso com luxo

        Da minha penas em cascata,

        Como o esguincho de um repuxo

        Numa piscina de prata

        Que minha estrofe em arpejos

        Jorre sonora da pena,

        Envolta em pompas de beijos

        Dos lábios de uma morena.

        Teu olhar tendo por cima

        Do verso, como um sombreiro,

        Procuro engastar na rima

        Todo o rubi de uma joalheiro.

        Tu me puseste quebranto,

        Sem ti não posso passar,

        Quero viver como um santo

        No nicho do teu olhar.

        Cheio de amor e de graça

        Vejo-te em tudo o que vejo...

        Hei de beber numa taça

        O vinho bom de teu beijo.

        Eis armada a minha tenda

        Onde há de pousar a rima:

        Por baixo um metro de renda,

        Teus olhos negros por cima.

        Longe de ti como sofre

        Quem vive do teu olhar...

        Fechei minh´alma num cofre,

        Mando-te a chave, Guiomar.

 

 

 

        MÊS DE MARIA

 

        O sagrado esplendor de curvas cinzeladas

        No relevo imortal do corpo alabastrino!

        (Maio é todo um cendal de violetas dobradas...

        Roçam asas no azul adelgaçado e fino...)

        Rosto feito a buril de espumas congeladas

        Na redoma de luz de um luar opalino!

        (Reflorescem rosais... nas noites consteladas

        Erra um doce rumor de cítara e violino...)

        Ó Senhora, de olhar claro e puro de Santa,

        Virgem pura do Céu que minh´alma quebranta!

        (A brisa corre, o ambiente é fresco, o sol não arde)

        Dá-me o fulgor que boia em teu olhar tristonho,

        Para assim clarear a noite de meu Sonho...

        (Vão cantando no azul as cítaras da tarde...)

 

 

Página publicada em maio de 2017

        

        

        


 
 
 
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