De vez em quando.
De quando em vez.
De quando em vez,
mergulho dentro de mim,
vasculho minhas memórias,
para reavaliar meus amores...
De vez em quando
saio de dentro de mim,
ouço dos outros as histórias
para reavaliar meus valores...
De quando em vez
tento parar o tempo
que corre tão rapidamente
que não me deixa pensar...
De vez em quando
rezo para que o tempo
passe mais celeremente,
pois o que não quero é pensar...
De quando em vez
sou a mais feliz das mortais:
distribuo sorrisos e flores,
pois o amor veio me visitar.
De vez em quando
sinto-me infeliz demais,
vivo num mundo sem cores:
o amor foi para não voltar...
De quando em vez
o passado me assombra
e o presente perde o viço.
De vez em quando
o futuro me assusta
e no presente dá sumiço...
De quando em vez
admito:
de amor quero morrer...
De vez em quando
descubro
há muito deixei de viver!
Súbito
Desavisada que eu era,
deixei o Amor entrar,
sem sequer bater à porta.
De roldão,
ele apossou-se de tudo.
Comeu na minha mesa
deitou na minha cama,
e, quando eu pensei
que havia vindo para ficar,
foi-se embora,
sem nem dizer adeus
e agora
seu nome é Saudade...
Desejo
Praticamente a vi nascer.
Acompanhei todo seu crescimento:
o frescor de sua infância,
vi quando "encorpou",
afinou a cintura e
arredondou o quadril...
A cada vez que meu olhar a percebia,
extasiava-me com sua mudança
e aguçavam-me os sentidos...
Podia perceber que agora
estava bem mais madura
e pouco faltava para o dia
em que, finalmente, poderia
deixar falar meus instintos mais primitivos
e saciar minha fome de seu sabor,
tomando-a em minhas mãos,
deleitando-me com seu aroma,
colando meus lábios em sua pele macia,
enquanto, suavemente, a morderia
e sorveria seu sumo,
tornando-a definitivamente minha!
— Ah, um sonho prestes a se realizar:
colher a primeira pêra do meu pomar!!