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ROBERTO DINIZ SAUT

 

 

 

“Roberto Diniz Saut, de obra em obra, retoma o fio condutor de sua poesia: a reflexão sobre o destino do homem. Nessa reflexão a fragilidade do ser e a eternidade de ser, re-ligam-se pelo fio condutor da sensibilidade e o manejo dos sentimentos como um leque inseparável de estar no mundo e no convívio dos outros seres.”  LINDOLFO BELLJ

 

 

SAUT, Roberto Diniz.  Dezesseis poemas numa noite absoluta.  Blumenau, SC: Edição do Autor, 1990.  40 p.  21.5x30 cm.  Capa: Ivandel Saut da Silveira. 

 

 

Cogumelo da mente

 

tem um cogumelo na minha mente,

entre o ângulo capital do triângulo social.

robôs metálicos marcham freneticamente,

mas pulsam batidas de células vivas

os guerreiros do pensamento.

 

parecemos robôs da nossa convicção;

mas convencer o vazio da geração,

é a luz do cogumelo!

 

entre as células do cogumelo

planta-se a razão do seu construtor.

destruir ou construir,

inverter o processo do momento ou

converter o sucesso do lucro às margens
                                    do pensamento?

 

as faces se unem para o beijo da construção,

mas morrem cérebros habitados por cogumelos venenosos.

 

tem um cogumelo na minha mente,

é preciso morrer, às vezes, para a descoberta.

 

eu já morri, vezes e vezes, descobri:

tem um cogumelo social na minha mente.


 

 

o alface galáctico


rouca nave, esplêndida nave, verde nave!

somos alfaces, somos alfaces galácticos!

 

verde luz habitará a galáxia do ente,

e o alimento da criança será verde!

 

socorre, homem, a terra da paisagem,

porque a passagem da imaginação

é o limite da realidade.

 

plantarei o alface galáctico,

colherei a força da terra,

enquanto armazeno a incógnita do meu poema,

porque quero ter a veia da própria passagem.

 

passar, passar para a plantação do verde!

passar, um verbo que poucos passarão!

 

no silêncio da nave dos seres-alfaces

respira o embrião da vida da grande horta humana.

 

 

Página publicada em janeiro de 2013

 


 

 

 
 
 
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