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RAQUEL STOLF
Indaial, SC, 1975. Vive e trabalha em Florianópolis, SC.
Indicada ao PIPA 2013.
Graduada em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1999), onde atua como professora no Departamento de Artes Visuais do Centro de Artes/UDESC. Doutorado (2011) e Mestrado (2002) em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Vem investigando relações entre conceitos de silêncio, processos de escrita e situações de escuta na construção de proposições e publicações sonoras e seus desdobramentos em instalações, intervenções, ações, vídeos, filmes, fotografias, textos e desenhos. Site: http://www.raquelstolf.com/
Extraído
BABEL POÉTICA. Revista de Poesia. Ano 1, N. 4 – Agosto/Setembro 2011. ISSN1518-4005. Editor Ademir Demarchi. babelpoetica.wordpress.com
A NÁDEGA
Após lavar toda a louça, uma grande e pesada felicidade a esbofeteia. Larga a esponja sem detergente no canto da pia. Estende o pano úmido sobre a louça fria. O dia respira. A cortina pendura um pouco de preguiça. Pensa subitamente na possibilidade de retirar uma de suas nádegas. Lm compartimento de borracha será encaixado ao lado da outra nádega. Lá guardará coisas macias, papéis e uma pequena calculadora. Poderá encher a nádega de água em dias de muito calor, ou de areia ou terra em dias tensos. O precioso compartimento será seu solitário segredo. A possibilidade de subtrair uma parcela de seu corpo é o começo de um desejo de contabilizar perdas. Nesse sentido, poderá escolher passar os dias e as noites com ou sem sua nádega inflável. 0 compartimento de borracha poderá ser desinfetado e lavado facilmente, sendo ajustado em seu corpo como uma bolha portátil.
Página publicada em agosto de 2018
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