L. A. MARTINS MENDES

( Editado em Santa Catarina – Brasil )

MENDES, L. A. Martins. Sete photopoemas.  Florianópolis: Edições SANFONA, 1989 [folha  dobrada em quatro páginas]   São  14 folhetos em uma caixa de plástico)  Tiragem 200 exemplares.  
Ex. bibl. Antonio Miranda

LAVADEIRA

Lava.
Esfrega.
Tira o sujo e o suor
desta camisa que trabalhou ontem o dia todo.
Ensaboa.
Esfrega.
Esfrega mais o colarinho puído e encardido
desta camisa que trabalhou hoje o dia todo.
Depois,
no
fio
da
água,
enxágua e
tira o sabão
de todos os dias.
(A água, clara e fresca,
que corre no branco desta camisa,
servirá como bálsamo.)

F i n a l m e n t e , c o l o q u e – a  n o  v a r a l.

Ao frescor do vento
e
sob o sol-céu azul
secará esta camisa
que vai trabalhar amanhã
o dia todo.

5

NO BAR

O homem de meia idade chega no bar
acompanhado de uma mulher
de carnes e idade tenras e frescas.
Sentam-se à mesa e pedem cerveja.
Beijam-se apaixonadamente.

O piano toca o samba de uma nota só.
(“Tu és a única nota que toca em meu coração”)

A mulher se levanta
e caminha
em direção à escada em caracol.
O homem olha para cima
e vê,
perderem-se no caracol da escada,
um apetitoso par de coxas
e
o sorriso amado
da mulher amada
que foi fazer xixi.

7

EM AMSTERDAM

Em Amsterdam
todos os dias são manhãs.
Ensolaradas e floridas,
primaveris manhãs,
amsterdans.

Em Amsterdam
todas as mulheres são lindas.
Cabelos louros, e olhos azuis,
alegre,
amsterdans.

Em Amsterdam
todos têm a mesma idade.
Puberdade,
quinze anos,
amsterdans.

Em Amsterdam
todos os veículos são mansos.
Bicicletas, carros e bondes
dividem ruas,
amsterdans.

Em Amsterdam
todas as vidas são sonhos.
Sonhos sonhados,
realizados,
amsterdans.

*

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Página publicada em outubro de 2021