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Foto: http://cenarioinvisivel.blogspot.com/

 

RORAIMA ALVES DA COSTA

 

Roraima Alves da Costa nasceu a 24/08/1956, em Boa Vista/Roraima.

Roraima Alves da Costa peregrina pel a s escolas do país ensinando os prazeres da leitura.

O poeta itinerante já fez palestras para mais de 28 milhões de pessoas e já tem mais de 3 milhões de quilômetros rodados pelo país. Não possui residência fixa porque está sempre viajando, se hospedando em casa de amigos ou hotéis. Roraima Alves da Costa nasceu em Boa Vista (RO) e resolveu juntar a vocação de ser poeta com a vontade de ensinar o jovem a ser bom aluno.

 

 

COSTA, Roraima Alves da.   Extremus.  3ª. edição.  São Paulo: Edição do Autor, 1990.  78  p.    Ilustrações do autor.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

VENDAVAL

 

 

Exilo-me da vida,
sigo meu destino.
O meu espírito agitado

de homem comum

caminha sem rumo para além-mar.

Sou nómade efémero,

filho da civilização decadente,

desligado da fé.

Na letargia do meu corpo,

percebo que sou apenas cadáver

em meio à idolatria dos templos.

Minha alma flutua morta

na atmosfera terrestre.

Sou estrela sem brilho,

sol sem luz,

oceano sem água,

sou:

Homem corroído,
banido do mundo
a te procurar!

 

 

 

0 REFRAÇAO

 

Sobre as ondas azuladas
do mar,
naveguei.

Minha alma adormecida
nos santuários do mundo
repousava no sofisma dos homens
impuros.

Respirei vapores frios
dos sentimentos humanos.
No círculo fatal da vida,
nos destroços da animalidade
dos mortais,
nas veias da natureza,
ouço o cântico dos pássaros.
Nas auroras astrais
das estrelas,
minha alma solar
deixa atrás de mim
suave melodia

que entorpece meu sangue e a carne.
As cidades são apenas reflexos
grosseiros desta civilização
dramatizada.

 

 

 

DESALENTO

 

Nos campos perdidos
das multidões,
vejo homens de flores
a se perfumarem

e seu perfume invadido

pelo cheiro de morte

dos canhões dos tempos

que defloram o ventre

da mulher que está

para procriar.

Sentado como lavrador

de almas,

recomeço a cantar

um cântico dos desesperados

que viraram pedras e perderam-se

no tempo.

Viraram monumentos de cimentos
frios como suas almas que
não souberam pensar.
A violência não para.

 

 

 

 

Página publicada em novembro de 2019


 

 

 
 
 
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