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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


MOACY CIRNE

“Não soubemos responder às provocações conservadoras que nos foram dirigidas. Uma delas, particularmente, ficou sem resposta adequada: por que abolíramos a palavra na feitura do poema? E, ao mesmo tempo, por que valíamos da palavra para supostamente justificá-la? Na verdade, a vertente do poema/processo voltada para matrizes e séries gráficas, em desencadeamento sequencial, gerou poemas gráfico-visuais de impacto social. E naquele momento de luta literária, que se inseria no interior da luta ideológica, tendia a ser, em todos os sentidos, a postura estético-informacional politicamente mais expressiva.”

“Mas o poema/processo, desde o início, abriu espaço para as vertentes semânticas. Daí o conceito de projeto. A própria matriz passava a ser um projeto, capaz de gerar novos poemas, sejam eles em séries gráficas, sejam eles os projetos semântico-verbais. Que poderiam se transformar em poemas/projetos cinéticos, ambientais, tipográficos, comestíveis, sonoros. E assim por diante. E aqui estamos diante de uma diferença radical em relação à poesia concreta, por exemplo: toda poesia concreta é acabada, “fechada”, monolítica; já o poema/processo, para ser de fato um poema/processo, implica trans/formações.” (...)

“E tudo era a construção de um saber militante, no campo da vanguarda. As leituras críticas se faziam necessárias: no lugar de Max Bense, o pensamento de Althusser e Bachelard (...)”

“Com o poema /processo é possível apostar numa vanguarda militante. Estruturalmente militante. Produtivamente militante. Politicamente militante. Como o poema/processo é possível apostar no Poema, processo ou não. É possível apostar no Poema, verbal ou não. E, por vias atravessadas, é possível apostar na própria Poesia. Afinal, parafraseando um grande poeta português, tudo vale a pena se a poetização não é pequena.”

Extraídos do livro; POEMAS INAUGURAIS, de Moacy Cirne — Natal, Rio Grande do Norte, Sebo Vermelho Edições, 2007. 103 p.  

Veja também: POEMA VISUAL DE MOACY CIRNE

 

MOACY CIRNE

 

DADÁ PRA CÁ, DADÁ PARA LÁ

Projeto inaugural: 1992,
in
Balaio 431 (Rio)

leia JOYCE como se estivesse lendo KAFKA

veja FELLINI como se estivesse vendo MIZOGUCHI

ouça MOZART como se estivesse ouvindo

COLTRANE

use REMBRANDT como se estivesse usando

DUCHAMP

leia JOYCE como se estivesse ouvindo COLTRANE

ouça MOZART como se estivesse vendo

MIZOGUCHI

veja ZILA MAMEDE como se estivesse usando

KAFKA

use REMBRANDT como se estivesse sonhando com

BACHELARD

ouça JOYCE como se estivesse ouvindo ANTONIONI

 

assuma JOSÉ BEZERRA GOMES como se estivesse

 

como se estivesse

metaplagiando FALVES SILVA

e JOTA MEDEIROS

e AVELINO DE ARAÚJO

e ANCHIETA FERNANDES

e DAILOR VARELA

e JORGE FERNANDES

 

ao som de PEDRO OSMAR e HERMETO PASCOAL

e CLÁUDIO MONTEVERDI

 

 

CORRENTEZA EM NOITE DE LUA VERMELHA

Projeto semântico-inaugural:
 março de 2005

 

Este poema azul e azulência,

em sendo divulgado nos próximos 13 dias,

resultará,

para aquele ou aquela que o fizer,

em

cinco auroras sonolentas

quatro manhãs arrepiadas

três tardes atrevidas

dois crepúsculos cansados

um poema docemente encantado

docemente encarnado.

Quem não o divulgar,

dele tomando conhecimento,

será condenado

ao fogo eterno da paixão

em noite de lua vermelha,

nas cercanias do Poço de Santana,

com suas águas cantantes

e suas surpresas cortantes.

 

 

POEMV 321

Projeto inaugural: 2007,
in
Balaio Forreta 1986 (Rio/Natal)

três poemas de josé bezerra gomes incomodam

muita gente

dois poemas concretos incomodam muito mais

dois poemas concretos incomodam incomodam

muita gente

um poema/processo incomoda muito mais

muito mais

muito mais

 

 

COM ESTHER WILLIAMS

1. Um sonho.

2. Um sonho com Maria.

3. Um sonho com Maria Antonieta.

4. Um sonho com Maria Antonieta Pons.

5. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema.

6. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax.

7. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax, de Caicó.

8. Um sonho com Maria Antonieta Pons, no Cinema Pax.

O. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça.       

1. Um sonho com Maria Antonieta Williams.

2. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça.

3. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça Azul.

4. Um sonho com Maria Antonieta Pons, na Praça da Liberdade.

5. Um sonho com Maria Antonieta Pons e Esther Williams, em Caicó.

 

 

CIRNE, Moacy.  Cinema Pax.  Rio de Janeiro: Achiamé, 1983.  s.p.  ilus. p&b.  inclui poemas textuais e visuais ( poema-processo )  Col. A.M. (EA)

 

MEMÓRIA TRICOLOR

nos idos de 54,
um suicídio abalava o país
e a criança que eu era
só tinha olhos para
os filmes de Carlitos
os gibis do fantasma
e o fluminense de
castilho,
             pindaro
                          e pinheiro.

nos idos de 54,
um suicídio abalava o país.                                                          

         

CONTINUA NA PRÓXIMA

o seriado que eu vivi
não teve fim,
                    acabou,
continua na próxima semana
com a dor que
                     ficou.

CIRNE, Moacy.  Um panfleto para Godard.  Rio de Janeiro: Edições Flutrinense, 1986.  s.p. 14,5x21 cm. Uma homenagem ao cineasta franco-suiço Jean-Luc Godard.  .“ Moacy Cirne “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

CIRNE, Moacy.  Dez poemas para José Bezerra Gomes.  Natal, RN: Fundação José Augusto, 1993.  11 f.  16x23,5 cm.  Capa: Falves Alves. Livro inconsútil: folhas soltas em carpeta de papel. “ Moacy Cirne “  Ex. bibl. Antonio Miranda



 

 

DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE POESIA.         ANO XI – No. 27.  Uberaba, Minas Gerais, Brasil: 1991.  130 p.    Editor: Guido Bilharino   192 p.          Ex. biblioteca de Antonio Miranda                                                 

            

 

*
VEJA  mais POESIA VISUAL  em nosso Portal:http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/poesia_visual.html

 

 

Página publicada em fevereiro de 2009; ampliada e republicada em setembro de 2012.


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