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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
DIÓGENES DA CUNHA LIMA

Fonte: www.50anos.ufrn.br

DIÓGENES DA CUNHA LIMA

 

Nasceu em Nova Cruz, Rio Grande do Norte, Brasil, a 20 de junho de 1937.  "Lua 4 vezes sol" (1967) é seu livro de estréia e publicou "Instrumento dúctil", Corpo breve" e "Natal, poemas e canções". Membro da Academia Norte-Riograndense de Letras, atual presidente; Medalha João Ribeiro, pela Academia Brasileira de Letras.

           (página em construção)

 

JESUS, UM NORDESTINO 

 

Eu penso que Jesus

Devia de nascer em Belém

Na Paraíba, perto de Guarabira

E vizinho a Pirpirituba.

E se não bastasse a vizinhança

A indicar rima e caminho, Nova

Cruz.

 

Era filho caçula de Dona Maria

Uma mulher dona da beleza

E que germinava bondade nas

pessoas

Era um menino moreno muito

esperto,

Embalado em rede de algodão

cru.

Tinha sandália com currulepo

entre os dedos

e cajus, em dezembro, a lhe

matar a sede.

 

O seu pastor fora um vaqueiro

nordestino

De gibão e perneira e

guarda-peito

Pra livrar as suas carnes da

jurema.

 

E vieram adorar o Deus-menino

Os Santos Reis, entrelaçados de

bom jeito

Um negro, um índio e um

branco português.

 

 

Seria fácil encontrar espinhos

para a fronte

Divina coroar, e um caminhão

Que ia por São José do Egito

Pra levar Jesus, o retirante,

Até São Paulo,

Um santo feito para as grandes

secas.

 

Meu Deus, meu Deus, por que

Nos abandonaste, exclamaria

Enquanto repartia com o povo

nu as suas vestes

 

Multiplicadas como pães ou peixes.

 

Criança, era carpinteiro como seu

pai

fazendo caixões azuis para os anjos do lugar.

Brincaria de castanha, um

castelo,

Como convém a sua alta

nobreza.

 

Academia, pulava num pé só

E proezas faria num cavalo de

pau.

O seu jumento era mais magro

certamente.

 

E nem serviria pra carne de

jabé

Era um menino desnutrido

como os outros

 

De região a fazer o bem,

mudar.

Aqui as coisas só vão na base

do milagre

 

Ou da força parida da vontade.

Eu penso que Jesus

Devia de nascer em Belém

Na Paraíba.

                            de NATAL, POEMAS E CANÇÕES

 

LIMA, Diógenes da Cunha.  Os pássaros da memória. 77 poemas minimalistas. s.l.: Lidador, 1994.  71 p.  13c20,5 cm.  Capa e projeto gráfic: Nei Leando de Castro/ Ruy de Carvalho.  Ilustrações: Mem de Sá  Bico-de-pena da contracapa (retrato do autor): Tarcisio Mota.  Col. A.M. 


Através de um desejo de perfeição, Diógenes da Cunha Lima "recolhe o mel das palavras", adoça o seu imaginário e, com arte, reduz tudo à linguagem, podendo assim mudar a “órbita do planeta" e abrir para o leitor o espaço encantado de sua poesia.                                                                        
Gilberto Mendonça Teles

 

(fragmentos)

 

TEMPO CRONOLOGIA

 

No silêncio do corpo

Pulsa o relógio

No pulso do morto.

 

O relógio

A te olhar

Teu necrológio.

 

É todo santo dia

Todavia o seu santo

Não é tanto todo dia.

(...)


A beata sozinha
Devora as horas
E cospe ladainhas.

(...)


A fome é o que resta
Aqui a terra é boa
Mas o céu não presta.

Soma de ciência e fé
Toda ciência é aparência
Só a poesia é.

(...)

 

TEMPO ETILÍRICO

 

O bêbado sobre o monte

 

Mijando estrelas

 

Na linha do horizonte.

 

Beba seja o que for

Bebida transparente

O que faz mal é a cor.

 

O bêbado faz promessas

Que beber é morte lenta

Mas ele não tem pressa.

 

 

 

 

LIMA, Diógenes da Cunha.  Livro de Respostas  (Face ao Livro de las Preguntas de Pablo Neruda).  São Paulo:  Massao Ohno Editor, 1996.   214 p.  14x21 cm.   Capa: Colóquio, óleo de Maria Villares.  Ex. col. Antonio Miranda

 

          XIV 
            (perguntas de Pablo Neruda)

XIV 
(respostas de Diógenes da Cunha Lima)

¿ Y qué dijeron los rubíes

ante el jugo de las granadas?

 

Rubros rubis em Granada

disseram que as romãs

nasceram em Serra Nevada.

 

¿ Pero por qué no se convence

el Jueves de ir después del Viernes?

 

Porque o sábado já findo

não se transforma em domingo.

 

 

¿ Quiénes gritaron de alegría

cuando nació el color azul?

 

O azul nasceu de um grito

do mar. Do ar. No infinito.

 

¿ Por qué se entristece la tierra

cuando aparecen las violetas?

 

Porque a flor só se encanta

                                       na cor da semana santa.

 

 

 

LIMA, Diógenes da CunhaNatal. Poemas e canções.  2ª. Edição.  Natal, RN: Fundação José Augusto,  2013.  107 p.  ilus.  (Coleção Cultura Potiguar, 34) Ilustrações  Newton Navarro.  A edição inclui um CD.  “Diógenes da Cunha Lima”

 

LIMA, Diógenes da CunhaMemória das águas.  Rio de Janeiro: Lidador, 2005.   118 p.  14x21 cm.  “Diógenes da Cunha Lima “ Ex. bibl. Antonio Miranda 

 

A POSSE

 

Foi exatamente quando

os músculos não mais estavam elásticos

e da memória restou

uma visão nutrida de um retrato fosco;

foi exatamente quando

para habitar outras formas plásticas

os desejos e sonhos se mudavam;

foi o momento exato

em que as mãos repousaram

sobre o lençol grosseiro

sem mais experiência táctil;

rapidamente, a nudez deixou de ser

notada

(tão frágil e transparente estava), ela surgiu

revoada branca de silêncios

e se apossou de tudo!,

o corpo, a cama, o quarto, o chão,

que tanto pode a força do invisível.

 

 

PIRANGI

(Este poema foi musicado
por Chico Elion)

 

Água clara, mar azul,
suave ser, alegria contida,
moças florescem no azul
da manhã recém-nascida.

 

Voam velas, luze a luz,
gente e paisagem: harmonia.
Pirangi, praia do amor,
nos dá lição de alegria.

 

O coração ritmado
nos lábios sorriso breve,
o vento arrepia a pele,
respiro o ar leve, leve.

 

Nas casas cinzento
perde a sisudez merecida,
o sol dourando a manhã
limpa as vidraças da vida.

 

 

GONZAGA, Thiago, org.  A Arte poética de Diógenes da Cunha Lima.  Natal, RN. CJA Edições, 2015.   106 p.  14,5 x 21 cm.  Ilus.  Foto da capaÇ Leila T. da Cunha Lima Almeida. Antologia poética.  “Diógenes da Cunha Lima “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

          CORPO BREVE

          Descubro
          No teu corpo cálido
          A textura do pássaro —

          O teu corpo ave
          Qualquer coisa de voo
          Muita coisa do leve
          Prestes a voar
          O teu corpo breve —

         

          A PELE

          Visto a minha pele
          com arte:
          a vida compele ao
          disfarce —

 

O LIVRO DE REVELAÇÕES: Matrizes do afeto — o pensamento vivo de escritores. Coordenação de Diógenes da Cunha Lima.  Natal,  RN: Baobab, 2013.   357 p.  capa dura; 15,5x2,5 cm.  ISBN 978-85-6318-11-0 Edição: Mário Ivo Cavalcanti.   Capa e projeto gráfico Dimetrius de Carvalho Ferreira. Impressão: Unigráfica. O volume inclui respostas de escritores em geral e de poetas em particular. Alguns temas relacionados com  a Poesia: A poesia é útil?; Fronteira entre Poesia e Prosa; Autores canônicos favoritos (poesia)Úm verso; destacando-se alguns poetas como Cyro de Mattos, Ives Gandra, José Inácio Vieira de Melo, Marco Lucchesi, etc.  “Diógenes da Cunha Lima” 

 

 

Página publicada em junho de 2010, ampliada e republicada em fev. 2013. Ampliada e republicada em junho de 2014. Ampliada e republicada em março de 2016, ainda em construção.

 

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