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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MÚCIO TEIXEIRA

 

MÚCIO TEIXEIRA
(1858-1926)

 

 

Múcio Scervola Lopes Teixeira nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e faleceu no Rio de Janeiro. Foi poeta, folclorista, jornalista, memorialista, etnógrafo, formado em medicina na Bélgica.


Obra: Curso de Literatura Brasileira (1876), Cantos do Equador (Poesia, 1881), Pátria Selvagem (1884), Cancioneiro Cigano (1885), Festas Populares do Brasil (1886), Os Ciganos no Brasil (1886), Parnaso Brasileiro (antologia, 1885).

 

 

EVOLUÇÃO

 

Morri no mineral, para nascer na planta

Fui pedra e fui semente;

Brilhei no diamante e no cristal luzente,

E fez em mim seu ninho o pássaro que canta.

 

Na planta adormeci, e despertei um dia

No animal, que move os músculos e anda;

Percorri apressado urna senda sombria,

Vendo indistintamente urna luz na outra banda.

 

Do animal passei para as formas do homem,

E sendo homem estou muito perto do Anjo;

Só assim chegarei aos círculos que abranjo

Com a razão, que ainda as dúvidas consomem.

 

Poderei amanhã voar, batendo as asas

Pela vasta amplidão constelada dos céus:

Faisca, que desceu às cinzas e às brasas,

Ascenderei mais tarde a eterna luz que é Deus.

 

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  Poeta rio-grandense do Sul, nascido em Porto Alegre a 13 de setembro de 1858. Foi consul do Brasil na Venezuela.

 

BIBLIOG. — Vozes Tremulas; Violetas; Ondas e Nuvens ; Sombras e Clarões ; Novos ideaes; Prismas e Vibracões; Hugonianas; Poesías e Poemas; Celajez; Semblanzas Venezolanas; Brasileñas y Lusitanas; Poesías de Don Mucio Teixeira; Poesías escolhidas, 2 vols; Brazas e Cinzas; Campo Santo, edição ilustrada.

 

 

O SONHO DOS SONHOS

 

Quanto mais lanço as vistas ao passado,

Mais sinto ter passado distrahido,

Por tanto bem — tão mal comprehendido,

Por tanto mal — tão bem recompensado !...

 

Em vão relanço meu olhar cançado

Pelo sombrio espaço percorrido :

Andei tanto — em tão pouco... e já perdido

Vejo tudo o que vi, sem ter olhado !

 

E assim prosigo, sempre audaz e errante,

Vendo, o que mais procuro, mais distante,

Sem ter nada — de tudo que já tive...

 

Quanto mais lanço as vistas ao passado,

Mais julgo a vida — o sonho mal sonhado

De quem nem sonha que a sonhar se vive !.. 

 

 

Extraído de SONETOS BRASILEIROS Século XVII – XX. Colletanea organisada por Laudelino Freire.  Rio de Janeiro: F. Briguiet & Cie., 1913

Nota: Conservamos a ortografia original. 

 

 

            O GIRAFA

Borrar papel, Girafa, é teu fadário,
contra a honra de toda a gente séria.
Oh! alma pustulenta e deletéria...
Oh! ente nauseabundo e salafrário!

Ontem... entre os rebeldes, mercenário,
hoje... parece mesmo uma pilhéria!
Qual vende o leito crapulosa Impéria,
a pena alugas por qualquer salário!

Jornaleiro metido a jornalista,
dos vícios teus a criminosa lista
verás aqui... e para além te empurro!

Por andares na berra, estás na barra;
pois hoje a Musa em teu focinho escarra,
Doutor na asneira, na ciência burro!

 

HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

UNIDADE NACIONAL

REVOLUÇÃO FEDERALISTA

 

 

AO DUQUE DE CAXIAS

 

Se é dado ao frágil pássaro das selvas,
Que nas asas al pode equilibrar-se,
Num voo de condor altivo alar-se
À plaga, das estrelas e dos sóis,
Então, Ícaro audaz, eu abro as asas,
Perdendo-me no azul da imensidade,
E lá onde referve a tempestade...
Irei saudar os incultos heróis.

 

 

Lá, onde estão os CÉSARE, LEÔNIDAS,
BOLIVAR, CINCINATO e BONAPARTE,

Vultos que, se ostentando em toda parte
Nas asas do valor vão ao porvir;
É lá onde o teu nome, egrégio Duque,
As gerações modernas, orgulhosas,
Vão escrever em letras luminosas,
E no bronze e no mármore esculpir.

O teu nome, fidalgo dos combates,
Tostado pelo sol dos estrangeiros,
Quando, em prol dos direitos brasileiros
Peito a peito lutavas entre os mais...
Teu nome, que era o hino do triunfo
Cantado pelos forte que venciam,
E a prece dos valentes que morriam
Ao rufo dos tambores marciais;

Tu, que ao sair da infância, arrebatado
Aos carinhos maternos, nas batalhas
Escutaste os rugidos das metralhas,
À frente do auri-verde pavilhão;
Tu, que à ponta da espada burilaste
O teu nome nos mármores da história,
Numa epopeia túrgida de glória,
Como um astro de intérmino clarão;

Tu, que ficaste velho nas batalhas,
Ao rouco ribombar da artilharia,
Quando o sangue na terra se estendia,
E estendia-se o fumo na amplidão...
Tu és a estátua firme da bravura
Levantada na terra do Cruzeiro,
Tendo por pedestal um povo inteiro
E uma coluna em cada cidadão.

Mas, ah, não pode o pássaro das selvas,
Que nas as mal pode equilibrar-se,
Num voo de condor altivo alar-se
À plaga das estrelas e dos sóis;
Assim, eu, entre as turbas esquecido,
Vendo-as render-te os merecidos preitos,
Mal posso proclamar teus altos feitos,
Modelo de estadistas e de heróis.

 

 

HINO DA PAZ

Ontem, lágrimas, lutas, horrores,
Sobre o Pampa um funéreo aqui jaz;
Hoje — risos e palmas e flores,
A bendita epopeia da Paz.

Dos Gaúchos a lança guerreira
Que lhes caía de pronto nas mãos;
Não façamos da nossa bandeira
A mortalha dos nossos irmãos.

Seja a Paz como um íris luzente
Do Cruzeiro do Sul na amplidão;
O Progresso que marche na frente
E as paixões que se esforçam no chão.

Dos Gaúchos a lança guerreira; etc.

Mães e filhas, irmãos e consortes,
Que viviam na sombra a chorar,
Já de novo, nos braços dos fortes,
Vão encher de alegrias o lar;

 

Dos Gaúchos a lança guerreira; etc.

A Vingança que tombe por terra,
Que a Vingança deslustra o Valor;
E em lugar de coortes de guerra,
Haja — Ordem, Progresso e Amor.

 

Dos Gaúchos a lança guerreira; etc.

 

 

TROVAS 4 - [Seleção de Edson Guedes de Morais]  Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2013.  5 v.  17x12 cm.  edição artesanal, capa plástica e espiralada. 
                                                          Ex. bibl. Antonio Miranda






 

 

       

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Página ampliada e republicada em 2023


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Página publicada em outubro de 2021

 

 

Página publicada em maio de 2009, ampliada e republicada em junho de 2009; Página ampliada e republicada em junho de 2020


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