WILSON ALVARENGA BORGES
BORGES, Wilson Alvarenga. Pastoral. Poema. Rio de Janeiro: Edições Jornal de Poesia, s.d. 55 p. 13,5x19 cm. Autografado pelo autor em 1959.
(...)
Cavalos galopando nas estradas,
as crinas levantadas pelos ventos,
cavalos relinchando, éguas flavas,
e potros molengotes reclinados;
nos dias, pelas tardes, noites fundas,
galopam estes belos animais.
Nas grotas, nas veredas e ribeiras,
pululam as serpentes venenosas
e existem cascavéis enrodilhados,
corais e jararacas abundantes;
contudo estas serpentes são formosas
e são descomunais, algumas vezes.
(...)
Também havia a rosa, o pensamento
constante como pedra ou como espada
ou como rosa mesma: era uma árvore
frondosa a despojar-se dos seus frutos
E havia o céu distante e o movimento
de coisas delirando, entrelaçadas,
e tão vivas estavam nestas órbitas
que só por apreendê-las me encantava.
Também havia o ar purificado
de coisas contempladas: eram vales
e rios e florestas, descampados
onde irmanavam aves, certas vozes
veladas, na pureza destes campos,
de que fundei as bases do meu canto.
Cássia, setembro, 1958.
Página publicada em abril de 2017