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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

ROGÉRIO LUZ

(Rio de Janeiro, 1936)

 

Doutor em Comunicação Social pela Universidade Católica de Louvain, Bélgica (1987). Professor da Pós Graduação em Comunicação e Cultura da ECO-UFRJ (1972-1998). Ensaísta, poeta e artista plástico. Tem livros e artigos publicados nas áreas de teoria e crítica da arte. Publicou Analyse Structurale du Récit Filmique. Mons: Editions Ciné-Jeunes, 1969; Espace Potentiel et Expérience Filmique. Louvain-la-Neuve: UCL, 1987; D.W.Winnicott: Experiência Clínica e Experiência Estética, Rio de Janeiro: Revinter, 1998; Filme e Subjetividade. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2002, além da seguintes coletâneas de poemas: Diverso entre contrários. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2004; Correio Sentimental. S. Paulo: Giz Editorial, 2006; Escritas. Goiânia: Editora UFG, 2011; As Palavras. São Paulo: Scortecci Editora, 2013; Notícias do Tempo Presente. São Paulo: All Print Editora, 2014 e Os Nomes, Rio de Janeiro: Circuito Editora, 2014, prêmio de poesia do Governo do Estado de Minas Gerais. É coautor, com Flávia Martins, do livro Santeiros da Bahia: Arte Popular e Devoção. Recife, Caleidoscópio, 2010. É coautor, com Flávia Martins e Pedro Belchior, do livro Nova Fase da Lua: Escultores Populares de Pernambuco. Recife: Caleidoscópio, 1a edição de 2012 e 2a edição de 2013. Fonte: http://www.oreinadodalua.com.br   

 

LUZ, Rogério.  Escritas.  Goiânia, GO: Editora UFG, 2011.   160 p.   (Coleção Vertentes)  14X23 cm. Capa dura  Ilustração: Juliana Scheid.  ISBN 978-85-72724-321-1  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         III.

Muito aquém
do que tece
derrete
a chamada
trama da vida
chama da vida

com a palavra
de um poema
incrustaste
purificaste
incineraste
em tua alma

uma pedra
um crisol
uma cinza
de eternidade
que, embora nada,
permanece.

 

         VI.

Várias vozes se reúnem
sem precisar de heterônimos —
da pedra quebrada à nuvem
e do singular ao anônimo.

Se o ver é uno e diverso
no horizonte e no prumo
por que o poeta devera
de seguir único rumo?

Dispersa a rosa dos ventos
folhas de tempo e de espaço
na despedida do centro,
sedento e nômade partes.

 

         VIII.

Neste mundo, ninguém pode me captar,
pois permaneço tanto entre os mortos
quanto entre aqueles que não nasceram.

                                                            Paul Klee

Pois tudo o que vive é sagrado.
William Blake

 

Tudo o que vive é sagrado
pelo oficiante da morte
deus mais eterno e mais forte
em sagração profanado.

Deste intervalo não falam
nem o entusiasmo infinito
nem a clausura do mito:
tudo o que vive é sagrado.

Tudo o que vive é sagrado
por ser precário e ilusório
além do culto dos mortos

aquém do crime e do fado
aquém do todo o engendrado:
tudo o que vive é sagrado.

 

X.

Tu te crês imortal —
pressentes que te extingue.

Olvido de começos
e esperança do fim:

o futuro é certeza
e o passado, invenção.

Presente só palavra.

 

         XIII.

O animal, as letras
o necessário desconcerto
o gosto da coisa extinta
a vontade de beleza —

mais o futuro que não vem
o futuro que não tens

mas que te anima.

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE.  Ano 8 . Número 12 . Maio 2000.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 2000.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

  1. Botânica descritiva

 

Pêssego
É pêssego e cheira
na cesta abafado.
Que secreto fado
de pomares lembra?

 

Laranja
Aberta, a laranja
sol feminino
anjo de pele e manto
abriga em cada gomo
a alma descoberta
de ouro, líquida.

 

Jaca

Jaca é nome de baque
quando tomba, se fende
se aparta: ovo de bagos
dentro da capa armada.

 

Carambola
Roda de estrela
de muito lado
a face afina
polpa fria, quase
perfume: o faro
do novo lado
que gira o fora
da carambola.

 

Manga
A manga sé cor e casca
polpa e fibra
fiapo e caroço:
nela também vibra
até o osso
a promessa (a memória) do caldo.

 

  1. Maçã de Cézanne
    A maçã enclausura
    a forma que, finita,
    ao contornar a linha
    entrega-se ao vermelho, outrora cega.

Natureza, figura
coisa real ou mentira
à luz e à mesa a fruta
uma outra infinitude então desprega.

 

  1. Natureza-morta
    A hora apodrece
    lenta fruta no prato.
    E o mesmo prato.
    E a ausência dele.

 

  1. Sobre o fruto
    1.
    No futuro do fruto
    sem deus sementeiro
    fere a flecha do tempo
    a carne da polpa até
    o centro sem nada:
    coração, espada.

 

2.
A flor que o fruto não
prepara ou antecipa
inútil se dissipa
ao fim de seu malogro?
Não: o fruto que a flor
não desperta, ou dispensa,
é essência liberta
de toda antecedência.

 

               V. Voz
                  
Quem fala é para ser julgado.
                   Cala-te: mesmo que, talvez,
                    toda mudez condene.

 

 

Página publicada em junho de 2017; AMPLIADA e republicada em maio de 2018


        


        

        

 

 

 


 
 
 
 
 
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