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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PER JOHNS

 

Per Johns (Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1933) é um escritor e tradutor brasileiro de origem dinamarquesa.

Com pais dinamarqueses que se radicaram no Brasil em 1922, foi criado por duas culturas e de forma bilíngue. É nesse ponto que o ensaísta, romancista, ficcionista, tradutor e poeta Per Johns encontrou sua voz. Antes de se dedicar a carreira literária, Per (que se formou em direito na antiga Faculdade do Distrito Federal (catete), trabalhou em empresas industriais, comerciais e de serviços. Teve sua própria firma de consultoria empresarial (racionalização do trabalho, direito comercial, economia e finanças) em São Paulo, onde residiu de 1962 a 1970. Johns também colaborou como crítico literário para diversos órgãos de imprensa no Brasil e na Dinamarca, em especial para O Globo (regularmente de 1977 a 1981 e, depois, esporadicamente) e O Estado de S.Paulo, no Suplemento de Cultura, ao tempo em que foi dirigido por Nilo Scalzo. Dono de uma prosa literária única, ele publicou seu primeiro romance em 1977, intitulado A revolução de Deus, pela editora Nórdica.

No total Per Johns publicou até agora 6 romances, livro de ensaios Dionisio Crucificado, 2005, pela editora Topbooks, além de diversas publicações no exterior, em dinamarquês, italiano e norueguês e escreveu diversos prefácios e posfácios. Traduziu diversos contos de Hans Christian Andersen para a Editora Kuarup, Isak Dinesen de Karen Blixen e diversos textos e obras de Henrik Stangerup e Ingmar Bergman. Algumas das suas obras foram publicadas na Dinamarca, como As aves de Cassandra e Sonâmbulos, Amotinados, Predadores.

Per Johns participou de diversas conferências, no Brasil e no mundo. É membro titular do PEN Clube do Brasil, admitido em 1983 na vaga de Aquino Furtado, recebido por Mário da Silva Brito.

Per Johns recebeu o prêmio de Ensaio, Crítica e História literária pelo livro Dionisio Crucificado da Academia Brasileira de Letras em 2006.

Fonte: wikipedia

 

Extraído de

 

POESIA SEMPRE.  Ano 8 . Número 12 . Maio 2000.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 2000.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         Á BEIRA DA PRIMAVERA

         Foi sob a fala de verde novo
                   que procurei e ache quem me criou.
                           
Johannes Joergensen

         Tem ar de eternidade
         o botão que se inaugura
         entre a nevasca e a ternura
         de um espaço sem idade.

         Eclode e se regenera
         nesse encontro antiquíssimo
         do verde com o eterno
         pra ser hoje o que antes era.

         Verde que faz de novo
         em seu horizonte de viagem
         com a ancestre mensagem
         de que não mudou: é o mesmo.

         Como se fosse uma cabala
         que se remonta ao avesso
         de um tão velho começo
         que nem se inicia ou acaba.

         E por suas teias de nervos
         e suas finas nervuras
         sobem veios e lonjuras
         de infindas sagas de musgos.

         Sobem seivas e rios
         que se costuram velados
         e se entrelaçam airados
         a idas e voltas sem desvios.

         Numa trama que se acerta
         e se enrama a uma rosa viva
         dos ventos, que nunca extrapola
         nem tem o orgulho da reta.

         E o que sobeja encruado
         nessa velhice do novo
         dissolve-se como esterco
         de si mesmo lavado.

         Em memória da terra
         que haveria de ter sido
         não fosse esse humano dissídio
         que se aliena e desterra.

 

        O carvalho de Ambrosius Stub

                Sou como um templo nas ante-salas do dia
                   e os séculos germinam musgos a meus pés.

                                               Ludwig Holstein

         Quanto mais fundo se aterra
         mais se apega a si mesmo
         e se alheia do vazio em guerra
         que a seu redor cava abismos.

         Onisciente viu-te nascer
         aos espermeios e gritos
         e preclaro soube antever
         que terias sina de aflito.

         Desde sempre afofa-se os pés
         e melhor do que tu sabes
         se ainda há no que és
         algo do que um dia foste.

         Se o deixares entregue a si
         será testemunha muda
         deste perverso frenesi
         que te costura ao nada.

         Mas se o fizeres tombar
         com a força que te dá
         tua cegueira de dominar,
         melhor ainda te acusará.

         Junto dele, que saída
         pra este teu corpo a sua volta
         que se enreda e afunda
         sem a seiva que o sustenta?

 

        Lembrando Georg Takl

        A louca desgrenhada
         em sua janela gradeada
         em silêncio grita
         para que lhe abram a porta
         antes que suma nas brumas
         desta noite prateada.
         Parece cega ou morta
         mas só ela pode ver
         esta noite sem limites
         que já nos colheu faz tempo
         sem que nos déssemos conta.

         6/9/99

 

Página publicada em maio de 2018

        

 

 

 


 

 

 
 
 
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