ORESTES BARBOSA
(Rio de Janeiro, 7 de maio de 1893 — 15 de agosto de 1966) foi um jornalista, cronista e poeta brasileiro.
Nascido na classe média, filho do major Caetano Lourenço da Silveira Barbosa e de Maria Angélica Bragança Dias Barbosa, por conta das agudas mudanças sociais e econômicas no final do século XIX tornou-se menino de rua durante o governo Rodrigues Alves.
Foi nas calçadas, em cabeçalhos e manchetes de jornais, que aprendeu a ler. Iniciou sua carreira como revisor, em 1911, em O Mundo, de Lopes Trovão. Em 1912 transferiu-se para o Diário de Notícias, jornal em que Rui Barbosa era mentor político, onde estreou como repórter. Por causa de seu primeiro artigo, As Palhaçadas do Gabinete (2 de junho de 1912), foi impedido de entrar no Ministério da Guerra durante a presidência Hermes da Fonseca.
Em 1914 esteve n' A Gazeta de Notícias sob a direção de João do Rio. Este e Lima Barreto foram suas mais nítidas influências. Para O Século, de Brício Filho, entrevistou, naquele ano, Dilermando de Assis, o homem que matou Euclides da Cunha. Em 1915, no mesmo vespertino, registrou sua conversa com João Cândido, herói da Revolta da Chibata, e traçou, ao cobrir a agitação das alunas da Escola Normal, o primeiro perfil biográfico de Cecília Meireles, aos 13 anos. Projetou-se em definitivo em A Folha, periódico fundado, em 1919, por Medeiros e Albuquerque em oposição ao governo Epitácio Pessoa. Preso, em 1921, por duas vezes, devido a processos de injúria, fez-se cronista dos encarcerados. Este tornou-se um de seus principais assuntos e deu-lhe o primeiro livro de prosa: Na Prisão, de 1922. No ano seguinte, 1923, publicou Ban-ban-ban!, sobre o mundo do crime e da malandragem. Nesta década de 1920, com estilo próprio de frases e parágrafos breves, pelas páginas de A Manhã, A Notícia e Crítica, fez-se o mais importante cronista da cidade do Rio de Janeiro. Fonte: wikipedia
“Chão de estrelas”, parceria musical com o cantor Silvio Caldas, celebrizou o poeta e compositor Orestes Barbosa:
CHÃO DE ESTRELAS
Minha vida era um palco iluminado
E eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações
Meu barracão lá no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do Sol a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher, pomba-rola que voou
Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional.
A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
E tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão
Orestes aparece no célebre “Album de POESIAS” do SUPPLEMENTO O MALHO, do início da década de 20, com este poema que reproduzimos no formato da edição original, graças ao fato de já estar no domínio público.
Página publicada em junho de 2009.
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