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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


LUIS MURAT
(1861-1929)


Luís Murat (L. Morton Barreto M.), jornalista, poeta e político, nasceu em Resende, RJ, em 4 de maio de 1861, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 3 de julho de 1920. É o fundador da Cadeira n. 1 da Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono Adelino Fontoura.

Obras: Quatro poemas (1885); A última noite de Tiradentes, poema dramático (1890); Ondas, 1a série, poesias (1890); Poesias (1892); Ondas, 2a série (1895); Sarah, poema (1902); Ondas, 3a série (1910); Poesias escolhidas (1917); Ritmos e idéias, poesia (1920).

 

NO BOSQUE

Entro no bosque... Fulvas, zarelhantes,
Redes de insetos movem o ar cheiroso:
Fecham e abrem os cálices brilhantes,
Junto de um lírio branco e voluptuoso,
Rosas sanguíneas, como a palma fina
De tua perfumosa mão, querida!
O amor palpita e fulge-me à retina,
E em glaucos copos bebo o sol e a vida.
Comparo então esta existência agreste
À nossa antiga e plácida existência.
Tu cheia d´essa emanação celeste,
Que é aurora — no céu, n´alma — inocência,
De folha em folha o meu olhar vagueia
Sob tendas de errantes melodias,
Como de vaga em vaga uma sereia
Acompanhada pela ardentias...
Trilos de aves sussurram no arvoredo,
Como um sorriso de mulher que sonha,
Ou como um beijo a estremecer de medo
Na tua boca, túmida e risonha.
Flavas ondas de aroma em torno ondeiam>>>
Lhamas de prata colmam o ar silente,
E entre pâmpanos murmúrios gorjeiam
Os gaturamos amorosamente.
Parece que à magnólias entreabertas
Vêm beijar um deus loiro, de arco e flecha;
Porque há um ruído subtil de asas incertas,
E uma abre o cálix e outra o cálix fecha.
“Tens o sol”, digo então ao bosque, rindo;
“Tens a relva”, onde guardas os teus beijos,
E uma nápea em cada folha, ouvindo
De tua orquestra os módulos arpejos:
Tens crepúsculos róridos e ardentes
Que vêm cantar às margens dos riachos:
Caçadoras de lábios sorridentes
Com estrelas na testa em vez de cachos.
Donas e cavaleiros sobre a alfombra
Bebem e cantam árias abraçados;
Dás-lhes um véu de perfumada sombra
E suntuosos  leitos perfumados.
Porém se ela viesse fulgirias
Como um soberbo e esplêndido castelo:
Que fantástico aspecto não terias
Iluminado pelo seu cabelo!...

         (De Das Ondas II, 1895)


O PODER DAS LÁGRIMAS

Com que saudade para o céu não olhas,
Vendo de nuvens todo o céu coberto,
E engastadas de pérolas as folhas
E o coração das árvores deserto.

Como uma grande rosa, a alma desfolhas
Dentro do seio, inteiramente aberto,
E esses restos de flor passando molhas
N´água do arroio que coleia perto.

Molha-as, sim, nesta linfa algente e casta!
Que uma só gota cristalina basta
Para o calor em chuva ir transformando.

Hás de ficar com olhos rasos d´água,
A dor há de acalmar que a própria mágoa
Tem dó de ver uma mulher chorando.

 

HADAD, Jamil Almansur, org.   História poética do Brasil. Seleção e introdução de  Jamil Almansur Hadad.  Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio         Abramo.  São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943.  443 p. ilus. p&b  “História do Brasil narrada pelos poetas. 

HISTORIA DO BRASIL – POEMAS

 

 

aventurasnahistoria.uol.com.br
-Wikimedia Commons

 

A REPÚBLICA

Manuel Deodoro da Fonseca foi um militar e político
brasileiro, primeiro presidente do Brasil e uma das
figuras centrais da Proclamação da República no país.


MARECHAL DEODORO

 

Quando foi visto, entre os seus camaradas,
Em meio dos fuzis e das carretas,
O capitão temido das granadas,
Resfogavam vulcões nas escopetas
E nas bocas das peças sublevadas.

 

Seu corcel relinchava, impaciente
Orgulhoso do peso que trazia;
Como uma águia arrojada ia na frente
De um regimento de cavalaria,
Teso, na sua sela reluzente. 

..........................................................

 

És Deodoro chamado! O heroico braço
Do heroico feito, em breve, em bronze posto,
Cuja audácia em sonoros versos traço,
Dando ao surto aquilino de teu rosto,
Ó! soldado imortal, mais este traço.

Galhardeando em prendas e bravuras,
Tua gloriosa espada um rumo novo
Traçou à Pátria minha amada e pura.
Traçou, guerreiro, e o olímpico renovo
É um florão da olímpica ventura.

 

Empavezadas nossas naus galeiam
No regaço da linda Guanabara;
E no tope dos mastros alardeiam
Tua memória, altíssima e preclara,
Que os miserandos réprobos odeiam.

Ó! Não, invicto herói, não desmereça
Galhardão, como o teu; teu nome encima
Do pátio ninho o engenho que atravessa
Os séculos. O bronze que o sublima
E que num voo o mármore arremessa,

À fama, à glória, não é vã argila,
Não é alquime que o azinhavre apaga,
É ouro, é astro que no céu cintila,
É o oceano ourejando-se na vaga
É o rugido do Sálio e da Sibila.

......................................................

Entre os anemocórdios que soluçam,
Maviosamente, à doce luz tristonha,
Ó! Marechal! aves se debruçam
Dos ledos ninhos... o regato sonha...
E as flores, em segredo, o ouvido aguçam,

Aos suspiros dos elfos encantados...
Há delíquios de amor por toda parte...
Os fabulosos bosques adornados,
Erguem ao céu o némoro estandarte
Aos cantos dos aéreos namorados,

Por isso, agora, como o rio e o vento,
Tomando um pouco à luz que brilha em tudo,
Leva o rumor deste acontecimento
Ao aço marcial do teu escudo,
Ao bronze eterno de teu monumento.

E, quando ouvido, à voz do mar, se enleva,
Quando ao guante dos déspotas gememos
E o frio inverno em nossos peitos neva,
Do alto dos nossos morros entrevemos
O teu ginete galopar na treva...


*


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Página publicada em outubro de 2021

Página publicada em janeiro de 2009.



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