LAURINDO RABELO
LAURINDO José da Silva RABELLO nasceu no Rio de Janeiro (RJ), a 3 de julho de 1826. De origem humilde, paupérrimo, descendente de ciganos. Entrou para o Seminário de São José, recebendo ordens menores. Tentou a Escola Militar, que veio a deixar, por ter escrito sátiras contra o diretor. Matriculou-se na Escola de Medicina do Rio de Janeiro. Sem recursos, largou os estudos, passando pelo dissabor de ver louca a irmã, por lhe haver falecido 6 noivo. Recebeu a caridade de ser levado para a Bahia, onde continuou os estudos de Medicina e onde recebeu a notícia do falecimento da irmã e depois da mãe, ficando a família reduzida a um irmão, que veio a ser assassinado. Formado em Medicina, foi médico do Exército, seguindo para o Rio Grande do Sul. Regressando ao Rio de Janeiro, foi professor de Português, Geografia e História no curso anexo à Escola Militar. Foi apelidado de Poeta Lagartixa. Boêmio, orador, humorista, repentista. Faleceu no Rio de Janeiro, a 28 de setembro de 1864. Patrono da cadeira nº 26 da Academia Brasileira de Letras. [Integrou a chamada segunda fase do romantismo brasileiro.]
Obras publicadas: Trovas, 1853; Poesias, 1867; Obras Poéticas, 1876; Obras Completas, 1946; Poesias Completas de Laurindo Rabelo, 1963. Deixou vários inéditos.
Fonte: VALADARES, Napoleão. De Gregório a Drummond. Brasília: André Quicé Editor, 1999. 220 p. [Antologia]
Veja aqui, poesia de Laurindo Rabelo em francês.
TEXTO EN ITALIANO
RABELO, Laurindo. Poesias completas de... Coligidas e anotadas por Antenor Nascentes. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1963. 272 p 12x16,5 cm.
LEANDRO E HERO
O facho de Helesponto apaga o dia,
Sem que aos olhos de Hero o sono traga,
Que dentro de sua alma não se apaga
O fogo com que o facho se acendia.
Aflita o seu Leandro ao mar pedia,
Que abrandando por ela, a prece afaga,
E traz-lhe o morto amante numa vaga
(Talvez vaga de amor, inda que fria).
Ao vê-lo pasma, e clama num transporte —
“Leandro!... és morto?! ... Que destino infando
Te conduz aos meus braços desta sorte?!
Morreste!... mas... (e às ondas se arrojando,
Assim termina já sorvendo a morte)
“Hei de, mártir de amor, morrer te amando.”
SONETO V - À SRA. MARIETA LANDA
Disseste a nota amena d'alegria,
E, arrebatado então nesse momento
De um doce, divinal contentamento,
Eu senti que minh'alma aos céus subia.
Disseste a nota da melancolia,
Negra nuvem toldou-me o pensamento;
Senti que agudo espinho virulento
Do coração as fibras me rompia.
És anjo ou nume, tu que desta sorte
Trazes o peito humano arrebatado
Em sucessivo e rápido transporte?!
Anjo ou nume não és; mas, se te é dado
No canto dar a vida, ou dar a morte,
Tens nas mãos teu Porvir, teu bem, teu fado. A UM INFELIZ
SONETO III
Geme, geme, mortal infortunado,
É fado teu gemer continuamente:
Perante as leis do Fado és delinqüente,
Sempre tirano algoz terás no Fado.
Mas para não ser mais envenenado
O fel que essa alma bebe, e o mal que sente,
Não te iluda o falaz riso aparente
De um futuro de rosas coroado.
Só males o presente te afiança:
Encrustado de vermes charco imundo
Se te volve o passado na lembrança.
Busca, pois, o da morte ermo profundo:
Despedaça a grinalda da esperança:
Crava os olhos na campa, e deixa o mundo.
ADEUS AO MUNDO
I
Já do batel da vida
Sinto tomar-me o leme a mão da morte:
E perto avisto o porto
Imenso nebuloso, e sempre noite,
Chamado - Eternidade!
Como é tão belo o sol! Quantas grinaldas
Não tem de mais a aurora!!
Como requinta o brilho a luz dos astros!
Como são recendentes os aromas
Que se exalam das flores! Que harmonia
Não se desfruta no cantar das aves,
No embater do mar, e das cascatas,
No sussurrar dos límpidos ribeiros,
Na natureza inteira, quando os olhos
Do moribundo, quase extintos, bebem
Seus últimos encantos!
II
Quando eu guardava, ao menos na esperança,
Para o dia seguinte o sol de um dia,
De uma noite o luar para outras noites;
Quando durar contava mais que um prado,
Mais que o mar, que a cascata erguer meu canto,
E murmurá-lo num jardim de amores;
Quando julgava a natureza minha,
Desdenhava os seus dons: ei-la vingada:
Cedo de vermes rojarei ludíbrio,
E vida alardearão fracos arbustos
Sobre meu lar de morto! A noite, o dia,
O inverno, o verão, a primavera,
A aurora, a tarde, as nuvens, e as estrelas,
A rir-se passarão sobre meus ossos!
Não importa: não é perder o mundo
O que me azeda os pálidos instantes
Que conto por gemidos. Meu tormento,
Minha dor, é morrer longe da pátria,
Da mãe, e dos irmãos que tanto adoro.
III
Quando da pátria me ausentei, não tinha
Nada que lhes deixar, que lhes dissesse
O que eram eles dentro de minh'alma.
Mendigo, a quem cedi pequena esmola,
Deu-me quatro sementes de saudades;
Ao meu jardim doméstico levei-as,
Cavei, reguei a terra com meu pranto,
E plantei as saudades. Soluçando
Chamei ali os meus: "Aqui vos deixo
(Disse apontando à plantação) "em flores
"Minh'alma toda inteira; aqui vos deixo
"Um tesouro enterrado. Jóias, oiro,
"Riquezas, não, não tem, porém na terra
Estéril não será." Ondas de pranto
Afogaram-me a voz: houve silêncio;
Palpei de novo o chão; vi que de novo
Cavado estava! A terra se afundara,
E as sementes nadavam sobre lágrimas,
Que minha mãe e minha irmã choravam...
Replantei-as, orei, beijei a terra,
E parti... Trouxe d'alma só metade;
E o coração?... deixei-o num abraço.
IV
Certo estou de que a planta, já crescida,
Terá brotado flor. Se ao menos dado
Me fosse colher uma... ver a terra
Pelo pranto dos meus santificada!
Se uma dessas saudades enfeitar-me
Viesse a minha essa, ou meu sudário,
Ou, pela mão materna transplantada,
Encravar-me as raízes no sepulcro...
É tão pouco, meu Deus!!... Eu não vos peço
Soberbo mausoléu, estátua augusta
De túmulo de rei. Assaz desprezo
Esses gigantes de oiro
Com entranhas de pó. Mortalha escassa
De grosseiro burel, que bordem lágrimas;
Terra só quanto baste p'ra um cadáver,
E as minhas saudades, e entre elas
Uma cruz com os braços bem abertos,
Que peça a todos preces. Terra, terra
Perto dos meus e no terrão da pátria,
É só quanto suplico.
V
A morte é dura,
Porém longe da pátria é dupla a morte.
Desgraçado do mísero, que expira
Longe dos seus, que molha a língua, seca
Pelo fogo da febre, em caldo estranho;
Que vigílias de amor não tem consigo,
Nem palavras amigas que lhe adocem
O tédio dos remédios, nem um seio,
Um seio palpitante de cuidados
Onde descanse a lânguida cabeça!
Feliz, feliz aquele, a quem não cercam
Nesse momento acerbo indiferentes
Olhos sem pranto; que na mão gelada
Sente a macia destra d'amizade
Num aperto de dor prender-lhe a vida!
Feliz o que no arfar da ânsia extrema
De desvelada irmã piedoso lenço,
Úmido de saudades vem limpar-lhe
As frias bagas dos finais suores!
Feliz o que repete a extrema prece,
Ensinada por ela, e beijar pode
O lenho do Senhor nas mãos maternas!
Desgraçado de mim!... Talvez bem cedo
Longe de mãe, de irmãos, longe da pátria
Tenha de me finar... Ramo perdido
Do tronco que o gerou, e arremessado
Por mão de Gênio mau à plaga alheia,
Mirrarei esquecido! Os céus o querem,
Os Céus são imutáveis: aos decretos
Do Senhor curvarei a fronte humilde,
Como cristão que sou. Eternidade,
Recebe-me a teu bordo!... Adeus, ó mundo!
VI
Já sinto da geada dos sepulcros
O pavoroso frio enregelar-me...
A campa vejo aberta, e lá do fundo
Um esqueleto em pé vejo a acenar-me...
Entremos. Deve haver nestes lugares
Mudança grave na mundana sorte;
Quem sempre a morte achou no lar da vida
Deve a vida encontrar no lar da morte.
Vamos. Adeus, ó mãe, irmãos, e amigos!
Adeus, terra, adeus, mares, adeus, céus!...
Adeus, que vou viagem de finados...
Adeus... adeus... adeus!
Adeus, ó sol que, amigo iluminaste
Meu pobre berço com os raios teus...
Ilumina-me agora a sepultura: -
Adeus, meu sol, adeus!
Florezinhas, que quando era menino
Tanto servistes aos brinquedos meus,
Vegetai, vegetai-me sobre a campa: -
Adeus, flores, adeus!
Vós, cujo canto tanto me encantava,
Da madrugada alígeros orfeus,
Uma nênia cantai-me ao pôr da tarde:
Passarinhos, adeus!
Vamos. Adeus ó mãe, irmãos, e amigos!
Adeus, terra, adeus, mares, adeus, céus!...
Adeus: que vou viagem de finados!...
Adeus!... adeus!... adeus!
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De
Laurindo Rabelo
POESIAS
São Paulo: Edições Cultura, 1944.
195 p.
A UMA INCONSTANTE
SONETO II
É carpir, delirar, morrer por ela!
BOCAGE.
De uma ingrata em troféu despedaçado
Meu coração devora amor cruento,
Trocando em fero e bárbaro tormento
Quantos prazeres concedeu-me o fado.
No seio d'alma, já dilacerado,
Negras fúrias do báratro apascento!
Filtra-me o delirante pensamento
De zelos negro fel envenenado.
Desprezo, ingratidão, fria esquivança
Da cruel por quem morro, em tal procela
Apagaram-me a estrela da esperança.
E eu (ao confessá-lo a dor me gela)
Humilhado a seus pés, minha vingança
Ê carpir, delirar, morrer por ela.
A UM INFELIZ
SONETO III
Geme, geme, mortal infortunado,
É fado teu gemer continuamente:
Perante as leis do Fado és delinquente,
Sempre tirano algoz terás no Fado.
Mas para não ser mais envenenado
O fel que essa alma bebe, e o mal que sente,
Não te iluda o falaz riso aparente
De um futuro de rosas coroado.
Só males o presente te afiança:
Encrustado de vermes charco imundo
Se te volve o passado na lembrança.
Busca, pois, o da morte ermo profundo:
Despedaça a grinalda da esperança:
Crava os olhos na campa, e deixa o mundo.
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OLIVEIRA, Alberto de. Páginas de ouro da poesia brasileira. Rio de Janeiro: H Garnier, Livreiro-Editor, 1911. 420 p. 12x18 cm Ex. bibl. Antonio Miranda
Inclui os poetas: Frei José de Santa Rita Durão, Claudio Manuel da Costa, José Basílio da Gama, Thomas Antonio Gonzaga, Ignacio José de Alvarenga Peixoto, Manoel Ignacio da Silva Alvarenga, José Bonifacio de Andrada e Silva, Bento de Figuieredo Tenreiro Aranha, Domingos Borges de Barros, Candido José de Araujo Vianna, Antonio Peregfrino Maciel Monteiro, Manoel de Araujo Porto Alere, Domingos José Gonçalves de Magalhães, José Maria do Amaral, Antonio Gonçalves Dias, Bernardo Joaquim da Silva Guimarãaes, Francisco Octaviano de Almeida Rosa, Laurindo José da Silva Rabello, José Bonifacio de Andrada e Silva, Aureliano José Lessa, Manoel Antonio Alvares de Azevedo, Luiz José Junqueira Freire, José de Moraes Silva, José Alexandre Teixeira de Mello, Luiz Delfino dos Santos, Casemiro José Marques de Abreu, Bruno Henrique de Almeida Seabra, Pedro Luiz Pereira de Souza, Tobias Barreto de Menezes, Joaquim Maria Machado de Assis, Luz Nicolao Fagundes Varella, João Julio dos Santos, João Nepomuceno Kubitschek, Luiz Caetano Pereira Guimarães Junior, Antonio de Castro Alves, Luiz de Sousa Monteiro de Barros, Manoel Ramos da Costa, José Ezequiel Freire, Lucio Drumond Furtado de Mendonça, Francisco Antonio de Carvalho Junior, Arthur Narantino Gonçalves Azevedim Theophilo Dias de Mesquita, Adelino Fontoura, Antonio Valentim da Costa Magalhães, Sebastião Cicero de Guimarães Passos, Pedro
Rabello e João Antonio de Azevedo Cruz.
DOIS IMPOSSÍVEIS
Jamais! quando a razão e o sentimento
Disputam-se o domínio da vontade,
Se uma nobre altivez nos alimenta,
Não se perde de todo a liberdade.
A lucta é forte : o coração succumbe.
Quasi nas ancias do luctar terrível;
A paixão o devora quasi inteiro,
Devoral-o de todo é impossível!
Jamais! A chamma crepitante lastra,
Em curso impetuoso se propaga;
Lancem-lhe embora prantos sobre prantos,
E inútil, que o fogo não se apaga.
Mas chega um ponto em que lhe acena o impeto,
Em que não queima já, mas martyrisa,
Em que tristeza branda e não loucura
A' razão se sujeita e se harmonisa.
E' nesse ponto de indizível tempo,
Onde por mysterioso encantamento,
O sentir á razão vencer não pôde.
Nem a razão vencer ao sentimento.
No fundo de noss'alma um espectáculo
Se, levanta de triste magestade :
Se de um lado a razão seu facho aceende
De outro os lyrios seus planta a saudade.
Melancólica paz domina o sitio.
Só da razão o facho bruxoleia,
Quando por entre os lyrios da saudade
Do zelo semi morto a serpe ondeia!
Dois limites então na atividade
Conhece o sêr pensante, o sêr sensível :
Um impossível — a razão escreve,
Escreve o sentimento outro impossível!
Amei-te! os meus extremos compensaste
Com tanta ingratidão, tanta dureza,
Que assim como adorar-te foi loucura,
Mais extremos te dar fôra baixeza.
Minh'alma nos seus brios offendida
De prompto a seus extremos pôz remate,
Que, mesmo apaixonada, uma alma nobi
Desespera-se, morre, não se abate.
Pôde queimar-se inteira a felicidade
Do teu olhar de fogo inextinguível,
Acabar minha crença e meu futuro,
Aviltar-me? jámais ! E' impossível!
Mas a razão, que salva da baixeza
O coração depois de idolatrar-te,
Me anima a abandonar-te, a não querer-te :
Mas a esquecer-te, não : sempre hei-de amar-te
Porém amar-te desse amor latente,
Raio de luz celeste e sempre puro,
Que tem no seu passado o seu presente,
E tem no seu presente o seu futuro;
Tão livre, tão despido de interesse,
Que para nunca abandonar seu posto.
Para nunca esquecer-te, nem precisa
Beber, te vendo, vida no teu rosto;
Que, desprezando altivo quantas graças
No teu semblante, no teu porte via,
Adora respeitoso aquella imagem
Que delle copiou na fantasia.
A MINHA RESOLUÇÃO
O que fazes, ó minh'alma!
Coração, porque te agitas!
Coração, porque palpitas?
Porque palpitas em vão?
Se aquelle que tanto adoras
Te despreza, como ingrato,
Coração, sê mais sensato,
Busca outro coração!
Corre o ribeiro suave
Pela terra brandamente,
Se o plano condescendente
Delle se deixa regar;
Mas, se encontra algum tropeço
Que o leve curso lhe prive,
Busca logo outro declive,
Vae correr n'outro lugar.
Segue o exemplo das aguas;
Coração, porque te agitas?
Coração, porque palpitas?
Porque palpitas em vão?
Se aquelle que tanto adoras
Te despreza, como ingrato,
Coração, sê mais sensato,
Busca outro coração !
Nasce a planta, a planta cresce,
Vae contente vegetando,
Só por onde vae achando
Terra própria a seu viver;
Mas, se acaso a terra estéril
As raizes lhe é veneno,
Ella vae n'outro terreno
As raizes esconder.
Segue o exemplo da planta;
Coração, porque te agitas?
Coração, porque palpitas?
Porque palpitas em vão?
Se aquelle que tanto adoras
Te despreza, como ingrato,
Coração, sê mais sensato,
Busca outro coração!
Saiba a ingrata que punir
Também sei tamanho aggravo :
Se me trata como escravo,
Mostrarei que sou senhor;
Como as aguas, como a planta,
Fugirei dessa homicida;
Quero dar a um'alma fida
Minha vida e meu amor.
TEXTO EN ITALIANO
Extraído de
MIRAGLIA, Tolentino. Piccola Antologia poetica brasiliana. Versioni. São Paulo: Livraria Nobel, 1955. 164 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
A D D I O AL MONDO
Già sento, dei battello delia vita,
Scacciarmi, dal timone dalla morte,
E vedo vicino ii porto
Immenso, nebbioso e sempre scuro
Chiamato Eternità.
IL sole com'è bello ! Che ghirlande
Non ha dippiù l’aurora !
Come splende la luce delle stelle !
Come olezzan gli aromi
Che esalano dai fiori ! Che armonia
Non si gode nel canto degli augelli,
Nei fragore dei mare e delle acque,
Nel sussurro dei limpidi ruscelli,
Nella natura tutta, quando gli occhi
Del moribondo, quasi estinti, godono
I suoi ultimi incanti.
Povero dei misero che spira
Lungi dai suoi e l’arsa lingua bagna
Nella strania tazza data a caso,
Che non ha dell’amore la vigília,
Nè le parole amiche che addoiciscano
L'amaro dei rimedi nè un seno,
Un seno palpitante di premura,
Ove accostare possa il capo stanco
Ben felice chi non si vede accanto,
In quel momento acerbo, indifferenti
Occhi senza pianto; e chi si senta
La fredda mano nella stretta arnica,
Come per trattenere ancor la vita !
Felice chi al sopir dell’ansia estrema
Dell’assidua sorella, il fazzoletto,
Umido di ricordi, possa tergere
Le fredde gocce del final sudore !
Felice chi ripete estrema prece
Mormorata da lei e può baciare
Il sacro Legno dalla man materna.
Sventurato che sono ! Forse presto
Lontano della mamma e dai fratelli,
Dalla lontana pátria morirò !
Ramo spezzato dall’avito tronco,
Lanciato da un Genio in plaghe aliene,
Morrò dimenticato ! Il Ciel lo vuole !
E il Cielo è immutabile ai decreti
Del Signore ! Curverò l'umile fronte
Come buon Cristiano. Eternità
Ricevimi al tuo bordo. Addio, o mondo !
Andiamo. Addio mamma, addio fratelli,
Amici, terra, addio, mari ! Addio, cielo !
Addio, per l'ultimo viaggio . . .
Addio . . . Addio .. . Addio ...
HADAD, Jamil Almansur, org. História poética do Brasil. Seleção e introdução de Jamil Almansur Hadad. Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio Abramo. São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943. 443 p. ilus. p&b “História do Brasil narrada pelos poetas.
HISTORIA DO BRASIL – POEMAS
A INDEPENDÊNCIA E O IMPÉRIO
Pedro Labatut - Nascimento 1776 Cannes, Reino da França
Morte 1849 (73 anos) - Salvador, Bahia
Fonte: https://pt.wikipedia.org/
SOBRE O TÚMULO DO MARECHAL LABATUT
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Foi êle neste campo, o mestre e o guia
De uma raça de heróis em cujas veias
Fervia com o sangue o amor da Pátria!
Aqui, por sobre as frontes inimigas
Passando como um raio
Que ao mesmo tempo espalha luz e morte,
Os servos fulminando,
Sua espada de bravo a um povo bravo
O oriente mostrou da liberdade.
Aqui viu esse povo
Decidido no empenho de ganhá-la,
Como um leão bramindo engolir chamas,
E vomitar na fronte do tirano
Que tentava enfrentá-lo.
Aqui o viu c´roado
De cívicas verbenas
Com as cadeias fundidas
No fogo do combate,
O crânio esmigalhar do despotismo;
E a horda escrava que servia o ministro
Fugitiva a correr, lançar-se às ondas,
Ou cair tropeçando nas espadas.
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Neste campo
Em que ocaso e nascente resumiu-se
A sua vida inteira. Mais que a França
Foi-lhe Pirajá. A França apenas
Deu-lhe a luz da existência e tu lhe deste
A imortalidade.
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Eis aqui Labatut, Aguiar, Siqueira,
Jácome, abraçai, vosso irmão de d´armas.
Eis vosso General! Mortos soldados,
Que sem campas errais, das andrajosas
Fardas que vos serviram de mortalha
A terra sacudi! Vinde prostar-vos,
Aqui em continência ante seus manes,
Veteranos de nossa independência.
(OBRAS POÉTICAS – B. L. Garnier - Rio, 1876)
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Página publicada em outubro de 2021
Página ampliada em janeiro de 2016; amapliada em novembro de 2017
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