SONETO
Muito mais eu concluo e me absorvo
no leite derramado dos meus altos
desígnios de Lua derradeira
em exercício breve nos meus versos.
Muito mais eu concluo e me sei onde
afinal me sabei submerso
desde o dia em que vim para esse longes
onde a vida me foge eu me depredo.
Muito mais eu concluo este horizonte
de mágicas orgias em que resto
a mácula de Deus na minha origem.
Muito mais eu assombro a minha sorte
que Marte influencia e não me exprime
como estou realmente em sua Morte.
ROTEIRO DA POESIA BRASILEIRA: ANOS 60. Seleção e
prefácio Pedro Lyra; direção Edla van Steen. São Paulo:
Global, 2011. (Coleção Roteiro da Poesia Brasileira)
ISBN 978-85-260-1153-3 Ex. bibl. Salomão Sousa
Não vos quero falar da Eternidade
do amor: proposições dos meus sentidos
embriagados. Sonhos. A Ansiedade
que nas noites me apuram seus gemidos
ecoando as distâncias. E a Saudade
mentando a clorofila dos meus idos
desejos por me haver a Claridade
procedente de dias com seus vidros
ostentando a alegria de viver
na face quase a mesma refletida
num mundo que apodrece. Sem saber
dos demônios na noites pastoreando
esse tempo tristonho — esta ferida
de amor que é minha vida terminando.
A pedra onde reino (1986)
No silêncio da tarde em que eu estou
amando a Embriaguez da Morte e quase
como quem expiasse a Dor do Mundo
suspenso à solidão da minha Carne,
abrigo criminoso, e pelourinho
de divindades que a Beleza atrai
como à Fonte Primeira antes que o mundo
fosse o prazer de enigmas que traem
a raça desse Reino excelentíssimo
de lobisomens bichos sexuais
feiticeiros no Tempo Sinistrado
na Solidão que me ficou a Dor
no silêncio da tarde — criminoso
amando a embriaguez de vosso amor!
A pedra onde reino (1986)
*
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Página ampliada e republicada em junho de 2022
Página publicada em abril de 2020