HERALDO LISBOA
Nasceu em Campos, Estado do Rio. Publicou "Ecos Fragmentados", "Querida Desconhecida" e outros. Com destacado veio humorístico.
LISBOA, Heraldo. O livro da senha. Rio de Janeiro: Presença; Brasília: INL, 1975. 117 p. 14x21 cm. “ Heraldo Lisboa “ Ex. bibl. Antonio Miranda
ROTA
O pássaro que voo
sonho é de sempre buscas
nadando sobre as nuvens.
O áspero de novo
não chega nem a susto.
A estrela corta os ares
lânguida lâmpada
acendendo o caminho.
CONCLUSÃO
Buscamos incompletos
tão completos de busca
no ensaio eriçado de bichos.
Parcelamos a soma
dívida
dividendos
e dividimos
os primeiros
se-gun-dos
apaziguados
magoados
minguados.
A POMBA
Pousa a mansa pausa
dos olhos fixos
frementes de entrega
E atiça-se sem medir
Pálida predestinada
a asa se entreabre
E acorda coral
sem penas virgens
nem selo.
HORA DE (NÃO) ESTAR
Não estou nem entre A e D
nem entre ninguém nem nada
do alfabeto que encontrei
ou da parte do decálogo
Ando no preciso horário
de vera nos escaninhos
abertos das verdes lágrimas
no canto/chão dos confins
Sigo tão só porque é preciso
na lei havente e patente
da condição aprazível
à estrada às marés e aos ventos
E esqueço a classe da viagem
e sujeito a ela o objeto
não só coerente no estado
mas também no que é mais certo
Já nela esse andar primeiro
que é o que importa pressentir
e adeus o louvado seja
e a ele o que é dele eu digo.
Página publicada em junho de 2014
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