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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



FABIANA BORGIA 

é paulista, formada em Direito pela PUC de Campinas.

Especialista em Direito Público pela OAB-RJ, e especialista em Bioética

 

pela PUC-Rio, trabalha na Assessoria Jurídica do Departamento de

Controle do Espaço Aéreo e também é Chefe da Seção de Investigação e Justiça do mesmo Departamento, sendo Primeiro-Tenente da Força Aérea Brasileira.

Por fim, é autora do livro de poemas "Traços de Personalidade".

 

De tudo fica um pouco, Drummond

 

Inspirado em Resíduo de C. D. A

 

De tudo fica um pouco. Do último raio de sol atravessando

a fresta da porta. Do vento que sopra, afastando tudo, mas deixando

um pouco. Da lua dos poetas, sonhadora e misteriosa. Do beijo

instantâneo, que não perde o gosto. Do suor do trabalhador. Dos

pais. Do DNA. Das estrelas com o som dos grilos numa noite vazia,

repleta de encantos. Do som do violão apreciado na fogueira.

De tudo fica um pouco. Das águas que correm e que se

esquecem do tempo, levando um pouco e deixando outro pouco.

Do cheiro da rosa que murcha, que permanece. Do perfume de

mulher. Fica um pouco...

 

Fica um pouco do sonho que acabou, do braço que abraçou.

Fica um pouco do sorriso amarelo. Fica um pouco da carne mole.

Da boca seca. Do rosto pálido. Do mau hálito. Do bafo de cerveja.

Fica um pouco verão, um pouco inverno. Fica um pouco do casulo

da borboleta. Fica um pouco de lágrima na mesa. Fica um pouco

de desilusão. Fica um pouco nublado. Um pouco sol, um pouco

chuva. Um pouco de suor na testa.

Também fica um pouco de amor guardado, reciclado. Fica um

pouco de bebida na garrafa. Do amargo. Da ressaca. Fica um pouco

de areia nos chinelos. E fica um pouco de cabelo na roupa. Um

pouco do brilho no olhar apaixonado. Fica um pouco de saudade,

um pouco de culpa, um pouco de remorso. Um pouco de mágoa.

Fica um pouco de música na cabeça. Um pouco do retrato

rasgado. Fica um pouco da carta de amor. Do nódulo. Do caco de

vidro estilhaçado. Da porcelana rachada. Do trapo. Da traça. Da

ferrugem. Um pouco de esmalte na unha. Da marca de batom. Um

pouco da dor do parto. Um pouco de carnaval. Da criança correndo na

sala. Um pouco de argila para brincar. Um pouco da cadeira de balanço.

Fica um pouco de lembrança, um pouco de esquecimento,

um pouco de ressentimento. Da sensação ao fechar os olhos. Fica

um pouco do gosto de desgosto ao abri-los. Um pouco da risada

marota. Um pouco de malícia. Um pouco da planta que secou.

Do cheiro da erva. Do cigarro. Do tapa na cara. Do nó na garganta.

Da humilhação. Do mofo da sala. Fica um pouco de vinho na

garrafa. Um pouco da granada. Da guerra. Do fuzil. Do ataque

terrorista. Da data.

 

Mas, de tudo, sempre fica um pouco. Fica um pouco do

choro e da vela derretida. Mas sempre há este pouco, que tantas

vezes parece muito, por se fazer lembrar.

 

 

Coração

 

O coração do homem tem espaço para tudo

Eu ainda não encontrei o fim do meu

Sempre cabe mais, do passado, do presente, do futuro...

Neste momento sinto a dor

Que estava latente

Bares, carnavais, amigos, amores

Épocas, frases, poemas

Deixei para trás a desconfiança, a dúvida, a falta...

Algumas ilusões, a confiança e, por isso, remorso

E então meu coração sente um aperto

Como se tivesse um nó

Deixei algum tipo de afeto (e desafeto)

E de visitar parentes

Deixei algumas noites em claro

Outras de sono profundo

Mapeando meu íntimo

Deixei um pouco de mim

Em cada pedaço

Em cada lugar... E meu coração transborda

Só sei que a vida passa rápido demais

E meu coração se espreme

Apesar de ter muito

Muito espaço.

 

 

Identidade

 

Eu perdi não só o meu amor

Mas também o que sou

Não sei mais o que quero

Não sei o que devo fazer

Não sei o que vai acontecer

Não sei mais nada

Nem mesmo sei o que sinto

Pior ainda é estar num fim de mundo

Onde tudo o que você tem é você

Mas você não sabe quem é

Está perdida

Sonhos passam

E quando você acorda

Tudo tornou-se amargo demais

Como se a vida risse da sua cara

E lhe esfrega as ilusões como um delírio

Que nunca existiu

Como se você não passasse de uma grande mentira

Eu como, eu durmo, eu acordo

Eu estou sempre acordada

Eu sobrevivo

Tomo meu banho

Visto uma roupa qualquer

Já estou pronta

As pessoas sabem, mas nem desconfiam

Do tamanho do sofrimento

A única coisa que sei

É a tristeza que sinto

A agonia da minha alma

O meu luto que não acaba

A minha falta de estímulo

A sua falta

O meu tédio

O meu ódio

A minha sombra

A solidão

E vontade de morrer todos os dias

Mas, apesar de tudo... eu existo

E isso é suficiente.

 

 

 

Pedaços juntados

 

Ter paciência e ser paciente...

Mais desencontros do que encontros...

Desilusão é procurar em vão

O Poeta deixa vestígios por onde passa

Impulsione a trava do coração

Para poder ser então

Não deve ser difícil

Apenas a decisão

Basta olhar no espelho

E ver a própria imagem

Refletida de verdade

A impotência destrói o ego

Hora de olhar para dentro

De ser como as aves

Que sempre sabem que rumo tomar

Céu azul de maio e junho

Inigualável

O milagre da vida é suportar situações insuportáveis

Pessoas que gostam de sofrer

Vivem este prazer sem perceber

(Será que gosto de sofrer, porque falei em prazer

E até então eu não percebia?)

Não deixou rastros

Alguém que me fez tanto bem

E tanto mal

O sonhador tem

A alma no céu

E os pés no chão.



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