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CRISTINA DA COSTA PEREIRA
Professora de língua portuguesa e literatura por dez anos, depois começou a trabalhar em jornais e editoras como copidesque e redatora de orelhas de livros. Nas décadas de 80 e 90, coordenou eventos referentes à etnia cigana e atuou como animadora cultural, a partir da Biblioteca Popular de Santa Teresa, na capital carioca. Tem obras sobre o povo cigano, literatura infanto-juvenil e sobre o tradicional bairro de Santa Teresa. Sua obra mais notável é Povos de Rua (Rio de Janeiro: Luziletras, 2003. 228 p. ilus.)
PEREIRA, Cristina da Costa. Povos de rua. Apresentação de Gilson Nazareth. Rio de Janeiro: Luziletras, 2003. 228 p. 20x20 cm. ilus. Foto da capa: Antonio Terra. “ Cristina da Costa Pereira “ Ex. bibl. Antonio Miranda
PEREIRA, Cristina da Costa. Revisitando o bairro de Santa Teresa... e outros caminhos. 2ª edição. Prefácio Fernando Federico Amadeus. Rio de Janeiro: Luziletras, 1999. 32 p. 14x21 cm. “ Cristina da Costa Pereira “ Ex. bibl. Antonio Miranda
A RUA MONTE ALEGRE
O meu edifício Linda Vista, que não é meu, fica nesta rua, que não é minha, mas vai dar no Gomez — o da tradicional boêmia — vindo da secular Riachuelo.
Se vou te descendo a ladeira em sonhos e assovios, rememorando Laurinda Santos Lobo e Benjamin Constant e a aventura de consultar livros em tua biblioteca, qual personagem de "Asas do Desejo" — sim, se estou nesse delírio, ouvindo papagaios, vendo gaviões e quintal de patos, no seu lado direito de quem desce —, quando passo da esquina da Cardeal Leme, e das escadinhas pró Bairro de Fátima, impregno-me de um outro Rio, e caio imediatamente na real, a caminho da rua do Riachuelo, dos mercados, hotéis, salões de beleza e da zona instituída, limitada, afinal, pelo ponto do jogo do bicho.
LADEIRAS
Tudo é silêncio neste apartamento da Monte Alegre. Madrugada em que só se ouvem o motor da geladeira e os grilos, ao lado, no terreno baldio. E um ou outro carro que vai ou volta (que sei eu?) da rua, que é ladeira. Eu tenho uma vocação enorme para morar em ladeiras: Cândido Mendes, Santo Alfredo, Monte Alegre... e sabe-se lá mais qual, algum dia. Elas têm me ensinado bem o que é a vida, esse sobe-e-desce com saltos que se prendem nas pedras artesanalmente encaixadas, e as inevitáveis quedas. Mas também a possibilidade de se chegar ao topo, ainda que resfolegando, todos os dias.
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