CARLOS DE LAET
Carlos Maximiliano Pimenta de Laet (Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1847 — Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1927) foi um jornalista, professor e poeta brasileiro.
aos catorze anos de idade matriculou-se no primeiro ano do Colégio Pedro II. Laureado bacharel em letras, matriculou-se na Escola Central, atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Formado em engenharia, não quis seguir a carreira preferindo voltar-se para o magistério e o jornalismo. Em 1873 fez concurso para o Colégio Pedro II para a cadeira de português, geografia e aritmética, disciplinas que formavam o primeiro ano do curso. Em 1915, com a reforma da instrução secundária, desapareceu aquilo que Ramiz Galvão chamara de "anomalia" - a reunião de três disciplinas tão díspares numa mesma cadeira - e Laet foi então nomeado professor de língua portuguesa.
Livros: Poesias (1873); Em Minas (1894); Antologia nacional, em colaboração com Fausto Barreto (1895).
Biografia e foto: wikipidia
TEXT EN FRANÇAIS
Quando um anjo de espada rutilante
Deus pôs no limiar do Paraíso,
Teve entre as justas iras doce aviso
Para o triste casal, proscrito, errante...
— Voltarei, disse, e todo par constante
Num amor impoluto, casto e liso...
E agasalhou, com paternal sorriso
Laura e Petrarca, Beatriz e Dante
Com “pensamentos idos e vividos”,
Terminada a labuta peregrina,
Surgem mais dois, mãos dadas, sempre unidos
Batem à porta da mansão divina:
— Somos nós! somos nós os foragidos...
Sou Machado de Assis! É Carolina.
TRISTE FILOSOFIA
Ia Rosa vestir-se, e do vestido
Uma rosa se desprende, a assim murmura:
“Muitas morremos de uma noite escura,
Porque te envolva sérico tecido”...
Ia toucar-se, e escuta um gemido
Do marfim que a madeixa lhe segura,
“Por dar-te o afeite desta minha alvura,
Jaz na serra meu corpo sucumbido.”
Põe um colar, e a pérola mais fina:
“Para pescar-me, quantos párias, quantos
Padeceram no mar lúgubres sortes!
E Rosa chora: — “ Oh! desditosa sina!
Todo sorriso é feito de mil prantos,
Toda vida se tece de mil mortes!”
LIVRO DOS POEMAS. LIVRO DOS SONETOS. LIVRO DO CORPO. LIVRO DOS DESAFOROS. LIVRO DAS CORTESÃES. LIVRO DOS BICHOS. Org. Sergio Faraco. Porto Alegre: L.P. & M., 2009.
624 p. 16 X 23 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
SONETO FUTURISTA
Noite. Calor. Concerto nos telhados.
Cubos esferoidais. Gatas e gatos.
Vênus. Graças. Aranhas. Carrapatos.
Melindrosas. Poetas assanhados.
Rabanetes azuis. Sóis encarnados.
Comida no alguidar. Cuspo nos pratos.
Três rondas a cavalo. Mil boatos.
Prosa sesquipedal. Tropos safados.
Avenida deserta. Bondes. Grama.
Chopes Fidalga. Leite. Pão-de-ló.
Carros de irrigação. Salpicos. Lama.
Vacas magras. Esfinge. Triste. Só.
Tumor mole. São Paulo. Telegrama.
Dois secretas. Cubismo. Xilindró.
*Trata-se de uma crítica mordaz ao futurismo... Daí a referência indireta a Graça Aranha.
TEXT EN FRANÇAIS
PUJOL, Hypolyte. Anthologie Poètes Brésiliens. Preface de M. de Oliveira Lima. S. Paulo: 1912. 223 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
TRISTE PHILOSOPHIE
Rose allait s´habiller; une voix indiscrète
Sous les pans de sa robe ose dire tour bas:
“ Pour que leur soie arrive à couvrir tes appas,
Combien de nous sont morts pour ta riche toilette! ”
Rose allaity se coiffer; et sur sa blonde tête
L´avoire qui retient ses tresses d´or: “Hélas!
Dans la forêt l´on voit mon cadaver là-bas
Pour te donner l´éclat de ma blancheur, conquette…”
Au cou brille un collier de perles du Ceylan:
“Pouir nous spêcher combien de malheureux esclaves
Ont péri dans les flots, méprisables épaves!”
Et Rose, de douleur: “O Destin malfaisant!
Touaat sourire ici-bas n´est pétri que de larmes,
Et dans la mort, la vie, hélas! Puise se charmes!...
*
Página ampliada e republicada em março de 2023
Página publicada em junho de 2020. AMPLIADA em julho de 2020
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