ALBERTUS MARQUES
Albertus Marques (Rio de Janeiro RJ 1930). Pintor e professor. Forma-se em comunicação social pela Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, em 1975, da qual se torna professor e diretor até 1980. Integra os Movimentos Concreto e Neoconcreto, trabalha com livros-poemas, múltiplos poéticos, poemas elétricos e permutacionais, explorando novas linguagens e recursos tecnológicos surgidos na década de 60, e participa com Hélio Oiticica, Amilcar de Castro, Lygia Pape, entre outros, da exposição Neoconcreta, no MAM/SP, em 1961.
Éramos colegas na juventude, nos idos de 50 e 60 do século passado. Época de vanguardismos, de lutas políticas, de uma intensa criatividade e camaradagem. Criamos, com o jovem argentino Carlos Alberto (assim mesmo, sem sobrenomes, assinava artigos e poemas nos jornais de Petrópolis) o movimento egoerista, o manifesto do Poegoespacialismo e até de duas exposições poegoespacias: uma entre os pilotis do antigo Ministério da Educação e Cultura (prédio do Lúcio Costa e Niemeyer no centro do Rio) e no Museu Imperial de Petrópolis) que mereceu o reconhecimento, anos depois, do crítico Roberto Pontual em artigo da revista Vozes, depois incluído em livro pela editora Azougue. Veio o golpe de 64. Eu fui para a Venezuela, andei por vários países e acabei em Brasília e nunca mais tive contato com Albertus. Apenas consegui alguns de seus livros recentes através de sebos pela internet. Mas guardei alguns manuscritos (datilografias) que começaremos a divulgar agora, décadas depois...
Antonio Miranda
LEIA SOBRE "ELECTRONIC POETRY" by ALBERTUS MARQUES:
https://elmcip.net/creative-work/electric-poemhttps://elmcip.net/creative-work/electric-poem
CONCRETISMO VERBAL Y LA POESIA DE ALBERTUS MARQUES - por da , nirham : Eros
DO CONCRETISMO VERBAL E ESTILOS DECORRENTES ENQUANTO ARTE PELA ARTE
Dois poemas CONCRETOS de Albertus Marques,
em versão datilográfica de 1960,
da coleção privada de Antonio Miranda:
Dois poemas no espírito zen do poeta Albertus Marques datilografado pelo poeta em 1960, da coleção de manuscritos de Antonio Miranda:
Extraído de
POESIA SEMPRE. Ano 8 – Número 12 – Maio 2000. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 2000.
Vista
Orvalho morto
matutino
não contínuo
em tudo
galo
de ponta de capela
com penas sem berro
apenas ferro
apenas folhas
sem cor nem bosque
pontes e linhas
de telhas não vizinhas
sem uvas nem vinhas
chuva quadrada
nas avessas telhas
dessas velhas diversas
chuva cheia terra cheira
larga e alaga
oca lavada
e canto e tarde
e riso e verde e
enfim a mim descubro
olhar desejo ensejo tudo
vejo traduzo escrevo
com o que me cubro
imenso cubo
arestas mil milhões de frestas:
festa
Sonho
Sento
consinto o pensamento
viajando coisas
não vistas ouvidas não
ainda não
viajantes, viajadas
olho
escolhe o olhar
mais longe mar
a marulhar as vistas
nas pistas virgens
de andanças não previstas
se esconde — ilha
se escolha — mar
se encolha — praia
deito
afeito ao decidido
já vencido o feito
a mente é vista
o olhar se esvai
evento e onda
um pão e um grito
quase arrepio expio e
sonho
MARQUES, Albertus. Livro da amada. Rio de Janeiro: Oficina Editores, 2001. 82 p. 14x21 cm. “Albertus Marques”
MARQUES, Albertus. Livro dos sonetos. Rio de Janeiro: Oficina Editores, 2003. 128 p. 14X21 cm. Capa: Tuna Borges. “Albertus Marques”
“Acho refrescante e saudável a atmosfera de sua poesia, transpirando paz e celebração da vida. Nada de mórbidas melancolias o charadas. Água límpida sim, potável, restauradora!” ASTRID CABRAL
CERTEZA
Não sei se olho para a vida à minha frente,
Ou se reparo no meu tempo que passou,
Não sei qual fase foi a minha independente,
Ou se futuro ainda virá, mostrar o que eu sou.
Não sei que amor me amará, ou se já amou,
Nem onde fica o melhor do meu presente,
Não sei se o mundo, sem mudança, me enganou,
Ou se o engano não é engano, é o simplesmente.
Pelo menos, vou sabendo o que viver,
Não advinha; nem pranteia o já passado,
Pois seu modo verdadeiro, é o acontecer;
E do jeito que acontece fica amado,
Não porque mais julgamos merecer,
Mas porque só se vive o apresentado.
Maracanã. 14.45 h, 03.06.2003. 3ª. feira
sol. Outono. Soneto 166
FELICIDADES
Este mundo cobiçado, de aparências,
Que é por todos tão vivido e disputado,
Faz conquista parecer ter conquistado,
Faz o amor derrotado por ciências.
Faz o acordo de quaisquer experiências,
Serem aceita nesse mundo transtornado,
Em que o bem tem o mal sempre a seu lado,
Com um respeito muito igual nessas querências.
No entanto, nesse mundo é que vivemos,
E com esse não fazer o que queremos,
Sem ligar para a dor de qualquer pranto;
Não parece que nós vemos o que vemos,
Em um tempo que passamos e esquecemos,
Partilhamos o desamor no quando e quanto.
Recreio. domingo. 14,10.2011. 730 h. verão.
MARQUES, Albertus. Petrucha: poesia de Petrucha. Apresentação de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995. 56 p. “Albertus Marques”
Página publicada em julho de 2016 . ampliada em julio de 2017. Ampliada em maio 2018.
|