DURVALINO FILHO
DURVALINO COUTO FILHO nasceu em Teresina, a 20 de outubro de 1953, filho de Durvalino Couto, médico; e de Erice Gonçalves Couto, funcionária pública federal. Alfabetizou-se na Escola Modelo Arthur Pedreira e, até concluir o segundo grau, estudou no Colégio Diocesano, em Teresina. Em 1971, passou no vestibular para Comunicação, na UnB, em Brasília, mas não concluiu o curso.
Colaborou durante todo esse tempo com o jornalismo cultural teresinense, em praticamente todos os veículos. Músico, compositor, ator, locutor, diretor de criação e redator publicitário, participou de algumas realizações cinematográficas e atuou recentemente como baterista da Terê Groove, banda de samba-rock liderada pelo cantor e compositor Roraima. Em 1994 lançou seu livro de poemas, Os Caçadores de Prosódias e em 2013 pretende lançar o inédito BIG Sentido, em dois volumes, reunindo toda sua colaboração mais significativa no jornalismo cultural num dos tomos, e os poemas ainda inéditos no outro.
Poema visual de DURVALINO FILHO:
E movido de grande interesse começo a ler a poesia LET’ POETRY, oferecida a Drummond, Torquato e Faustino(in memorian) A poesia ter relevo para ser transcrita.
/In: https://piauinauta.blogspot.com/:
também conheço um anjo
de rara envergadura
anjo também louco
anjo com sexo de anjo
arcanjo de asa dura
um ser de ouvido mouco
ao tanger real do meu banjo
e ao clamor sem fim do corpo
anjo cruel
que me avisa
com sua asa de ouropel
vai duda
não liga se a morte
é carrocel
vai ser boing na vida.
NÃO SEREI CLEMENTE
Não existe literatura
no Piauí
em Sampa
ou Singapura
quando
apenas
retoco
minha obra
única
com um toco
de pena,,,,,,,,
,,,,,,,,,,,,,,,,,,
como quem bota florzinhas
no próprio túmulo
[Os Caçadores de Prosódias, 1.ª edição, 1994.]
O REI ESTAVA ENSIMESMADO
O rei estava ensimesmado,
De sua boca nada se ouvia
– nenhuma ordem para hoje,
nenhum enforcamento.
Não foi cobrado o dízimo da noite.
Um escândalo arrebentou na economia
e não foi liberado o pensamento
porque o rei havia se calado
e o país inteiro adormecia.
O enclausurado urrou por entre as grades.
Mil acidentes com os boias-frias.
O bispo ficou celerado, possesso
e o diabo rezou a ordem do dia.
Na iniciativa privada
forjaram-se falências desastrosas
com a mudez do rei que só ouvia.
Mataram cães de estimação
em mansões de beira-rio.
Comunidades se desintegraram,
crianças tornaram-se desafio
e a nudez das mulheres
virou prato do dia.
Adeus, véus de Alexandria!
Não houve festas nas periferias
e as mentiras aumentaram em abril.
Até que o rei declarou
num assomo de agonia:
“Nada mudou no Brasil.”
ANÓIA (A leviandade)
Dito escravo da família,
ao trabalho devotado
— um barnabé pontual,
lambe-botas renitente
inda metido a janota
— o promissor candidato
a deputado federal
contava horas longa
separando-se de Brasília,
onde se instalaria
num “funcional” arretado
com todas as regalias.
Agora faria carreira
no engole sapos e verbas
da Grande Secretaria,
Sua mãe não esperava
que um astuto inimigo
aplicasse àquele filho
o golpe definitivo:
apesar das preferências
que aludia ter feito
pelas donzelas fogosas
toddy-criadas ao leito,
seria espalhado na city
para fim de seu Eldorado:
— Senhoritas, infelizmente
o Secretário é viado!”
QUEM MAIS TE AMA MENOS VIU
Se há no céu, o poço azul do firmamento,
Alguma estrela mais deserta que esse fado;
Se existe um astro de tristezas mais pesado
- Não há na terra, num vivente, mais tormento.
Quem mais te ama menos viu todo esse tempo.
Olhos da noite, agonia que não lembro,
Pois se lembrar provoco em mim nova agonia.
Rios na face, uma torrente noite e dia.
Tempo noturno que me vem desde novembro.
Quem mais te ama menos viu todo esse tempo.
Ciúmes, ódios - as sementes desse campo
Onde plantar de novo o amor já não podia.
E se tua mão tenta colher minha magia,
No coração dessa ferida arranca um tempo.
Quem mais te ama menos viu todo esse tempo.
Página publicada em janeiro de 2020
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