CARLOS HENRIQUES DE ARAÚJO
Nasceu em Parnaíba, Piauí, no dia 26 de Março de 1950.
Formado em Administração pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília –CEUB.
Trabalhou na Fundação Rondón, do Ministério de Interior em Brasília,
e concursado, foi trabalharam na TELEPARÁ, em Belém, sendo depois transferido para Macapá, Amapá. E depois regressou a Teresina para trabalhar na TELEPÍSA, até aposentar-se e estabelecer uma construtora.
ARAÚJO, Carlos Henriques de. Versos 100 Rima. Apresentação: Alcenor Candseira Filho. Capa: Gervásio Pires de Castro Neto. Orelha do livro: Deusdedit Molta. Teresina, Piauí: Gráfica Ipanema, 2007 Ex. bibl.
Antonio Miranda
POETATOA
Brincando de poeta
dizendo a coisa certa
ao acaso, por acaso,
ou descaso,
do nada, de tudo
na estrada, os trilhos
fazendo trocadilhos
com as letras
com as tetas
com as pedras
no caminho
com as palavras
na mente, no inconsciente
nos jornais, nos anais
no cinema, no teorema
no ar, no mar
na areia, na teia
na odisseia
na prosopopeia
neste poema,
sem vírgula, sem trema
sem rima, sem acento
sem lenço, sem documento
sem começo e sem fim
mas com muita beleza
que trago dentro de mim.
(O segredo de uma vida feliz é a simpliscidade)
VEROSSIMELHANÇA
Nem toda matéria é prima
Nem toda obra é de arte
Nem toda dor ensina
Nem toda morte é desastre
Nem todo prazer é pecado
Nem todo sentimento é ruim
Nem toda saudade é passado
Nem todo amor é sem fim.
O OUTRO (a)
Que me apareça sem avisar
e me descubra os segredos,
e nas horas tristes e vazias,
me liberte deste segredo.
Que me venha, tranquilo e sem receio,
e me tome nos braços, sem pedir licença,
enquanto lhe aperto em meus seios
decreto minha sentença.
Sem culpa, neste momento,
deixemos o amor acontecer,
sem cobrança ou agradecimento,
pelo que fizemos ou deixamos de fazer.
E, na saída, não fique triste
nem me peça que fique
pois sei que será feliz.
Entenda o que o corpo pede
sem motivos que justifique.
Ouça o que o coração diz.
(Ao sair, apague a luz do abajur e deixe a porta encostada)
RECEITA (IN)SANA
Um quilo de Sadan,
Dois Bush,
Uma pitada de Hisbolá,
Uma colher de Bin Laden.
Misturar num coquetel de homens-bomba.
E enrolar numa faixa de Gaza.
Deixar no fogo cruzado entre Israel e o Líbano,
Ódio ao gosto.
Tirar somente quando todos estiverem mortos
e não restar um homem-bomba pra sentar à mesa
de negociação.
[ALCENOR CANDEIRA FILHO]:
"Admirador confesso de Carlos Drummond de Andrade, Carlos Henriques tem a consciência de que a rima pela rima não é a solução ("Mundo mundo vasto mundo,/se eu me chamasse Raimundo / seria uma rima, não seria uma solução"). Mas sabe, por outro lado, que a poesia se faz com a palavra considerada nos seus aspectos imaterial
(significado) e material (significante). E significante não é apenas o lado visual do signo linguístico, mas também o acústico, que não decorre apenas da rima, mas de outros artifícios (aliterações, assonâncias, paranomásias...) é o que ocorre em "Flagrante Político" onde o uso reiterado das consoantes "M" e "T" tem importante função orgânica no poema:
FLAGRANTE POLÍTICO
Militantes meliantes meteram a mão,
Manipularam maracutaia milionária.
Mutretas mirabolantes moveram milhão,
Mais que uma malta estelionatária.
Malas de dinheiro, maquiadas de mensalão,
Misteriosas máquinas agiam sólidas.
Meliantes militantes de mão mórbidas
Mantinham a malversada contribuição.
Ministeriáveis, marxistas, messiânicos,
Malograram de mil maneiras — atore!
Moldaram esta masmorra maldita,
Misturada com metralhas e malfeitores.
FILOSOFIA POPULAR
"Água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura"
Não chores meu filho
que a vida não é fartura,
um dia saberás
que as coisas fáceis
logo se saturam.
SIN –AIS
Um pássaro que voa,
Uma fruta que cai,
Um grito no escuro,
Um silvo,
Um urro,
Um ai.
***
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Página publicada em janeiro de 2021
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